SSP300, 2021: Santiago Duarte em entrevista
Uma revelação nas Supersport 300 nacionais o ano passado, e apesar das habituais dificuldades de orçamento, “Santi” não perdeu tempo a internacionalizar-se e vai estar no Mundial de SSP300 este ano
Por razões óbvias, apesar do seu primeiro nome ser Miguel, o piloto de Mafra prefere que lhe chamem Santiago e explica como surgiu a ideia do Mundial nesta entrevista exclusiva:
“Depois da corrida no Estoril, o chefe da equipa MS Racing convenceu-nos a ingressar no Mundial, porque disse que ia aprender imenso, se calhar mais do que a fazer o campeonato de Espanha, e quando surgiu a oportunidade o meu pai decidiu agarrá-la e eu também…”
“Ainda estamos à procura de alguns patrocínios para assegurar que conseguimos estar mais tranquilos no fim do campeonato mas acho que é um saldo positivo e vou tentar aprender o mais que puder!”
“A prioridade, em princípio, é o Campeonato do Mundo, talvez faça algumas corridas do Campeonato Nacional, e em Espanha para ganhar algum andamento, mas também depende do orçamento, ainda estamos a ver… O Nacional vai ser mais para treinos!”
“Por outro lado, a moto que eu agora tenho para treinos é uma Yamaha R3 de 2017, mais antiga do que a moto que agora uso para o Mundial, mudou muitas coisas, telemetrias, suspensões, tudo… não é a mesma coisa!”
“Quando passei de uma para a outra notei muita diferença, o motor anda mais, as suspensões estão mais afinadas, a geometria é mais evoluída, etc. etc…”
“Já estive a treinar com os do mundial, mas tivemos alguns problemas com a embraiagem, ao chegar a Aragón conseguimos resolver esses problemas e classificar-me melhor, mais ou menos a 2 segundos deles, o que é bom, depois de não ter tido uma pré-época assim tão forte devido ao Covid, ter estado tudo fechado nos circuitos aqui em Portugal.
Por isso é positivo, aquilo é outro mundo, completamente, pilotos com um andamento incrível, há pilotos muito fortes como os irmãos Kawakami, o Ton conseguiu fazer o melhor tempo em Barcelona, o Maikon também é muito rápido, e eles ajudam-me imenso.”
“Na preparação, tento treinar 3 dias por semana de moto e fisicamente, ginásio todos os dias, menos ao Domingo, porque precisas de ter um dia de descanso, e é mais ou menos assim…”
“Mentalmente, tentar manter um bocadinho de calma, antes de cada treino falo um bocadinho com o meu pai, o meu pai ajuda-me, depois dos treinos também.”
“Aprendi que nesta categoria o importante não é travar o mais tarde possível, é manter a velocidade em curva… por exemplo, travar a menos 10 metros e ser mais suave… notei que os meus colegas de equipa travavam um bocadinho antes de mim, mas deixavam a moto correr mais, de eram mais rápidos…”
“Quando chegámos aqui ao Estoril, felizmente tivemos estas duas sessões no seco, na primeira tivemos alguns problemas mas agora estou a tentar suavizar as travagens…”
“Para rodar nos tempos da frente, as travagens é o ponto que eu tenho que melhorar mais… travar um bocadinho menos e curvar mais rápido!”
“A seguir é a primeira prova do Mundial em Aragón, não sei se vamos ter mais testes e conseguir treinar um bocadinho mais, vou tentar aprender o máximo possível, acho que consigo chegar ao final do campeonato com um andamento Depois o problema é continuar, este ano até ver é habituar-me aos circuitos, à moto, para para o ano conseguir subir.”
“Só conheço alguns dos circuitos em Espanha, a parte da Europa, os circuitos não conheço e este ano, como deixa de haver os dois grupos, não vai haver Last Chance Race, a grelha foi reduzida a 42, e correm todos.”
“Um dos problemas é sempre o custo, ainda precisamos de mais alguns patrocínios, quanto mais melhor, porque os que temos agora não chega!”
“Eu comecei um bocado tarde nas motos, foi uma guerra com o meu pai, que tinha medo que eu ficasse viciado nisto, foi um bocado complicado mas finalmente conseguiu convencê-lo!”
“Só corro há 4 anos e às vezes, quando vou a uma corrida, mesmo no Mundial, vejo-me a andar em pista com pilotos que são mais novos do que eu mas correm há 10 anos… é um bocado complicado mas nem quero estar a pensar nisso!”
“Considero-me um piloto agressivo, sou bastante bom a acelerar cedo, a sair das curvas, a abrir o acelerador mais cedo sou bastante bom, o que falta mesmo é as travagens!”
“Também tenho de aprender a ler a corrida, andar entre muitos pilotos… aqui no Estoril estava habituado, mas a primeira que fiz do Campeonato de Espanha foi um corrida bastante atípica, como não estava habituado, ficava um bocado desesperado… Sou um piloto muito agressivo, e às vezes isso é bom, neste Campeonato conta muito a agressividade há muitos toques, e acho que convém estar sempre ali entre o 4º, 5º, para depois poder atacar, se andamos mais atrás torna-se muito complicado…”
“Desde sempre caí muito, o ano passado não estava cair tanto, cai uma vez em Portimão e duas vezes em Espanha, mas ns últimas duas corridas depois do Mundial estava com aquela vontade, sabia o que podia fazer…”
Sei analisar porque caí, em Jerez a pista estava com condições complicadas, nem molhada nem seca, e numa zona um bocadinho mais molhada quando abri o acelerador ela escorregou, e no Estoril foi à chuva…”
“Santi” está prestes a embarcar na aventura do Mundial e só lhe podemos desejar tudo do melhor!