SBK: A época de Jonathan Rea

Por a 1 Outubro 2019 15:00

Tornar-se campeão do mundo não é apenas uma questão de vencer corridas. Todos os pilotos sabem isso, mas talvez nunca fosse tão claro como após a campanha SBK de 2019. Jonathan Rea (Kawasaki Racing Team) entrou na nova temporada com quatro títulos já conquistados, e mais do que ninguém sabe o que é preciso para vencer um campeonato, mas não poderia esperar ter um ano como 2019. De acreditar que Bautista (Ducati) se deveria tornar o novo Campeão do Mundo, a entrar nos livros de história com o seu quinto título consecutivo nas SBK, descubra os cinco momentos principais de Rea em 2019 que lhe permitiram tornar-se o piloto de SBK mais bem-sucedido de todos os tempos!

Phillip Island – Um novo desafio – Rea foi para Phillip Island como o homem a abater, mas ninguém teria previsto que isso iria acabar. Com o objetivo de devolver o título a Bolonha, a Ducati estreou a sua Panigale V4 R e com o novo recruta Álvaro Bautista vindo diretamente do MotoGP, na pista australiana. Dando os primeiros passos nas SBK, foi um choque quando o espanhol venceu a Corrida 1 e a Corrida 2 e a recém-introduzida corrida Tissot Superpole, com uma margem de quase 15s à frente de Rea nas duas corridas principais.

À primeira vista, a prova Australiana parecia o início de uma nova era, mas era mais do que isso. Era muito cedo para Rea e a Kawasaki ficarem desanimados com a disputa pelo título de 2019. Um novo desafio estava à frente do Campeão do Mundo e da sua equipa. Foi um novo começo também para Rea.

Assen – A batalha continua – Depois da Austrália, Bautista e a Ducati continuaram a dominar a série. O espanhol venceu todas as corridas também na Tailândia e em Espanha e, mais do que nunca, não havia espaço para erros para o atual campeão do mundo.

A diferença entre o espanhol e Rea continuou a crescer de forma constante e terminar em segundo lugar tornou-se uma prioridade para o Norte Irlandês. Rea nunca tinha perdido a esperança, embora o espanhol nunca tivesse mostrado um lado vulnerável. Mesmo com as condições climáticas adversas que a SBK encontrou na Holanda, Bautista venceu as duas corridas com os olhos fechados, enquanto atrás dele a competição começava a tornar-se mais acirrada.

A dupla da Yamaha Pata, Alex Lowes e Michael van der Mark, lutaram pelo pódio. Impulsionado pelos fans locais, o holandês conseguiu brilhar no Circuito de Assen, quando assumiu a segunda posição na Corrida 2, deixando Rea em terceiro. Para o atual campeão mundial, isso foi apenas uma faísca que acendeu o seu espírito de luta. Chegou a hora de Rea transformar a fé na sua luta pelo título de 2019.

Imola – Rea de volta – Após a Ronda Holandesa, a SBK foi para Itália e, pela primeira vez em 2019, Bautista teve que explorar territórios desconhecidos. O espanhol nunca tinha corrido em Ímola antes e, apesar de ter feito um teste privado de dois dias no traçado italiano, desta vez a experiência contou mais do que qualquer outra coisa.

Rea voltou à pista com motivação adicional e, como uma fénix ressuscita das cinzas, o atual Campeão do Mundo conseguiu capitalizar nas inseguranças do espanhol, conquistando a vitória na Corrida 1 e na Corrida Superpole. Nada poderia parar Rea nesse fim de semana, pois ele finalmente viu a diferença na classificação diminuindo pela primeira vez.

Mas, quando uma grande tempestade atingiu a pista no Domingo à tarde, Rea perdeu a chance de fazer a “tripla” quando a Corrida 2 foi cancelada. O piloto da Kawasaki provou que ainda podia vencer, e agora só precisava de manter o ritmo durante o resto da temporada.

Jerez – Em alta novamente – Jonathan Rea voltou ao degrau mais alto do pódio em Ímola, mas nunca poderia imaginar que em poucas semanas ele teria experimentado um dos momentos mais difíceis do seu 2019.

O campeonato seguiu para Jerez para o sexto encontro da temporada e, na sua prova de casa em Espanha, Bautista conseguiu retomar de onde parou antes de Imola. O espanhol venceu a Corrida 1, mas o que aconteceu atrás dele deixou uma marca indelével na campanha de Rea 2019.

Com os pilotos da Yamaha lutando mais uma vez na frente, o atual Campeão do Mundo teve que ir além de seus limites para defender os seus pontos. Michael van der Mark ficou em segundo, e tudo o que Rea pôde fazer foi lutar pela terceira posição, mas Alex Lowes tinha as mesmas expectativas.

Numa tentativa desesperada de fechar todas as portas ao britânico, Rea colidiu com ele na curva 13 na última volta. O piloto da Yamaha caiu e o Irlandês cruzou a linha em terceiro, mas mais tarde foi penalizado pelos organizadores e forçado a iniciar a corrida Tissot Superpole na parte de trás da grelha.

Embora Rea continuasse a impressionar, não perdeu a esperança e toda a concentração. O Irlandês fez um incrível retorno na corrida curta e garantiu a largada da segunda fila na corrida 2, graças a uma quarta posição na competição de 10 voltas. Mais uma vez, no segundo degrau do pódio na Corrida 2, Rea não sabia naquela época que Jerez deveria ser o começo de um novo capítulo na luta pelo campeonato. Bautista caiu, pela primeira vez na temporada, em Jerez e não conseguiu marcar nenhum ponto. Ainda havia esperança para Rea.

Donington Park – Rea assume a liderança do campeonato – Foram oito rondas e vinte corridas, mas no final ele conseguiu! Jonathan Rea passou de 61 pontos atrás de Bautista para liderar o campeonato com 9 pontos na Corrida 1 na Ronda Prosecco no Reino Unido, enquanto o espanhol continuava a cometer erros um após o outro, caindo novamente na Corrida 2 em Misano e depois na Corrida 1 em Donington Park.

Por outro lado, Rea nunca perdeu a chance de tirar o máximo proveito dessas corridas. Com um excelente desempenho em sua ronda em casa, o Campeão do Mundo finalmente conseguiu colocar-se de novo na liderança do campeonato, o local onde sempre se sentiu mais à vontade. A partir daí, Rea tornou-se novamente no piloto imparável a que estamos habituados, e após um grande retorno, ele estava de novo a caminho do quinto título consecutivo de SBK.

 

 

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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