Comentário: Prós e contras do domínio de Bautista
Então Bautista ganhou mais duas vezes este fim-de-semana em Jerez, antes de uma inédita queda, elevando o seu total no começo desta época para 13 corridas ganhas… várias, com recordes da volta. O próprio recorde de vitórias no começo de uma época é notável, com as 13 vitórias de 16 corridas de Bautista até Jerez a eclipsar as 11 de 14 de Bayliss em 2002 ou de Neil Hodgson em 2003.
Até em termos do número de vitórias total numa época, e apenas a meio do campeonato, Bautista já se aproxima das marcas de referência: 17 de Doug Polen em 1991, igualadas por Rea o ano passado, estão certamente ao alcance do piloto de Talavera quando ainda há 22 corridas por disputar.
É uma marca excecional, fruto de uma combinação de circunstâncias igualmente excecional:
Um ano em que se disputam 3 corridas por prova decerto tem algo a ver com o total amealhado pelo Espanhol, mas não justifica de modo algum o seu domínio das séries.
Bautista é um piloto de inegável talento, um Campeão Mundial das antigas 250, algo esquecido numa MotoGP tão competitiva e com tão poucos lugares em equipas capazes de lutar pela vitória, que para um olho menos treinado, piloto perfeitamente capazes podem ser descontados como estando acabados.
O ingresso na equipa da Ducati Aruba veio dar a Bautista uma nova vida, o gosto da vitória que agora readquiriu a provar-se uma força mais motivadora que os inevitáveis cheques chorudos da Ducati que decerto acompanham cada nova incursão ao pódio.
Para a marca de Bolonha, até aqui algo entalada perante o domínio de Rea na Kawasaki e uma escolha de pilotos incapazes de lhe fazer frente mais do que pontualmente, a estratégia de trazer um piloto da MotoGP compensou e funcionou em tantos níveis que orça o genial:
Primeiro, trouxe um piloto que estava perfeitamente habituado ao motor V4 da Ducati, mas na versão certamente muito mais feroz da MotoGP, em que tirar o máximo da Panigale e levá-la aos limites a partir do zero foi coisa simples.
Depois, instalou um binómio piloto/moto vencedor na classe logo da primeira corrida, coisa que talvez nem as próprias cúpulas da Ducati se tivessem atrevido a esperar… e finalmente, ainda tirou alguma pressão às equipas satélite de MotoGP para acomodar todos os pilotos Ducati que lutam por proeminência enquanto esperam nos bastidores por uma hipótese de ascender à equipa de fábrica se esta se apresentar.
Davide Tardozzi e Paolo Ciabatti, que gerem do lado desportivo os destinos das duas equipas, estão em perfeita sintonia, o ex-piloto tendo já provado que é um mestre a descobrir e nutrir novos talentos, e contando com o gestor para apoiar as suas decisões quando o candidato certo se apresenta. Assim foi com Toseland, com Hodgson, com Bayliss, e tantos outros desde então, mais recentemente com Petrucci.
A isto ajuda também o facto de, ao contrário do que se passa com todas as outras equipas de fábrica, a da Ducati não serem estruturas tão separadas como isso. A escolha está feita e mais que justificada pelo à vontade com que Bautista domina a classe… agora, as interrogações prendem-se com dois aspetos:
Poderá Bautista desenvolver a moto a ponto de outro(s) pilotos serem capazes de andar à frente com ela? Certamente, pelo lado de Chaz Davies, o galês parece ainda estar agarrado à forma de pilotar o antigo bicilíndrico em V sem conseguir extrair o máximo da mais potente e mais rápida Panigale V4…
E não terá a Ducati criado um monstro, expondo-se a limitações impostas pela Dorna em nome do equilíbrio da grelha, se a moto continuar a provar-se tão dominante a ponto de vir, mais um vez, tirar algum interesse ao campeonato?
Tudo está nas mãos de Bautista, mas não vemos este parar de vencer para disfarçar o facto de que a combinação de homem/máquina vermelha é, neste momento, quase imbatível nas SBK…
Apesar de concordar acho que não se pode culpar a Ducati de nada. Afinal jogou dentro das regras. A única coisa que impede a Honda de fazer algo assim é que uma Honda de 40mil euros não se vende… até ver. Enquanto ducatis a esse preço não tem problema.
Até aqui o romantismo da Ducati não permitia trair a tradição V2 mas, ser abatido por uma kawa que de origem nem é nada de especial, 4 anos seguidos, marca o orgulho de uma marca que sempre foi superbike. A Ducati não olhou a meios e fez aquilo que a kawa tem feito neste últimos anos.
Os japoneses Não reconhecendo vantagem comercial em estar nos últimos lugares de MotoGP, transferiram os recursos que eram escassos para MotoGP, para uma mais do que capaz equipa de sbk.
A Ducati jogou de forma diferente. Pegou numa mota de motogp, fez downgrade até ser comportável vender e lançou um bicho de pista com luzes, piscas e espelhos. “Vender” essas 500 unidades não é problema a esse preço.
A jogada do piloto foi algo genial. Não havia mota de GP para Bautista mas havia uma superbike que nas mãos certas é 1seg por volta mais rápida que a melhor kawa.
Já há rumores que a HRC, coradinha de vergonha, com a nova fireblade, vai pegar o touro pelos cornos, e o Zarco pode vir a caminho.
Será com uma CBR? Ou será uma jogada como a da Ducati? Uma rcv com downgrade até ser possível vender por 40 mil?
A jogada pode não correr bem à Honda. O Zarco até agora não mostrou nada na KTM, e ao contrário do Bautista, não ajudou a desenvolver a base que dará corpo à futura superbike.
Às vezes só não percebo porque a Honda não deixa de vez as sbk. É uma pena ver aquelas CBR a arrastar-se.
Pelos vistos a dorna devido as queixas das outras marcas por causa do protótipo de MotoGP chamado panigale v4r, vai passar o mínimo de vendas de 500 para 50.
Já não sei onde li isto mas a ser verdade pode ser a razão da HRC querer pegar na equipa de sbk.
Não sei se alguém leu isso
Cumps.