SBK: O domínio de Bautista: Terá a Dorna criado um monstro?
Tal como antes com o domínio de Rea na Kawasaki, a chegada triunfal de Bautista ao pelotão das derivadas de série não será aplaudida por muito mais tempo se a um fenómeno se suceder outro e as corridas voltarem a cair na monotonia de um só vencedor, pese embora montado numa moto de Bolonha em vez de Akashi.
Por certo, Bautista tem tantas culpas no cartório como Rea tinha antes, ou seja, nenhumas: é um piloto contratado da Ducati, que, (adivinha-se com alguma, ou mesmo muita, pressão da Dorna que promove ambos os Mundiais) terá decidido mudá-lo da MotoGP para as SBK.
Financeiramente, só pode ter sido compensador para o piloto: aos 34 anos já um veterano, o seu título de 125 de 2006 já uma memória distante, os prospetos de carreira do Espanhol eram passar os possíveis 3 ou 4 anos que lhe restam numa equipa satélite, a ganhar um vigésimo do que ganha um Rossi ou Marquez. Nas SBK, não é difícil prever porque ganha: a nova Panigale, com a sua configuração de motor V4, há-de ser muito parecida em termos de sensação do motor com a Desmosedici de MotoGP que lhe serviu de inspiração. As regras dizem que uma MotoGP tem se ser 100% protótipo, mas não dizem que não se pode fazer uma versão de estrada a seguir…
Novidade absoluta para Davies, que ainda agora em Aragón, uma pista onde antes dominava, ficou radiante com um par de pódios sofridos. Mais do mesmo do que estava habituado para Bautista, com a agravante de que pesa só 54 quilos e mais facilmente extrai vantagem da Panigale que Davies com 1,79m, e que a versão Superbike lhe deve parecer algo lenta, previsível e descansativa comparada com a mais exigente MotoGP, permitindo-lhe acabar as corridas vencedor e com margens maiores do que qualquer piloto na história do Mundial de SBK.
Bautista já andou em Aragón acima de 2 segundos mais rápido para se colocar em 8º na grelha em 2018, com um tempo de 1:47:678, do que o tempo de 1:49.755 que lhe deu a volta mais rápida na segunda corrida do passado fim-de-semana.
E as outras equipas começam a falar: se para a maioria ver Rea derrotado até é refrescante, ilustrado pelo recente comentário de Lowes a um desabafo de Rea: “agora sabes como todos nos sentimos de há 4 anos para cá!”, para alguns é uma novidade preocupante: Guim Roda, da Kawasaki já comentou que uma tal diferença dificilmente reflete regras justas e torna difícil aos outros pilotos dar luta sequer.
Basta dizer que a Kawasaki – leia-se Rea! – ganhava o ano passado por margens muito menores e tivera uma redução de 1100 rpm no limite de rotações em finais de 2017… A regra entretanto desaparecida de inverter as primeiras 3 filas da grelha na segunda corrida também viu o Irlandês arrancar da 3ª fila 11 vezes em 2018…
Seja o que for, se Bautista continuar a dominar como fez até agora, com 9 vitórias consecutivas, mais vozes se juntarão à Kawasaki, pedindo restrições… quando durante anos a Ducati era acusada de dobrar as regras a seu favor, agora o pêndulo pode bem estar prestes a mudar…