Ensaio – MV Agusta Turismo Veloce
Com uma larga tradição em motos desportivas, a MV Agusta entra no mundo das motos mais versáteis com a Turismo Veloce. Embora seja uma “crossover” mantém-se fiel ao design de vanguarda e carácter forte da casa “Meccanica Verghera”.
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O nome MV Agusta é sinónimo de competição e de motos desportivas. É também sinónimo de design apurado e de tecnologia de topo. As suas motos tem linhas únicas, que cruzam modernidade com silhuetas que parecem ser intemporais. A Turismo Veloce é a aposta da MV num segmento diferente daquilo que é “normal” na sua linha. É uma moto que procura oferecer características de uma moto turística com a imagem aventureira tão em voga na actualidade. Nas palavras de Giovanno Castiglioni, filho de Claudio Castiglioni e actual CEO da MV Agusta, “a Turismo Veloce é a moto mais arrojada alguma vez feita pela marca”. A razão é simples, esta é a primeira moto da marca que “não tem como inspiração os 75 títulos mundiais ou os seus lendários pilotos, nem procura bater novos recordes de velocidade ou potência”. Na prática é uma “crossover” que abarca características de várias tipos de motos, como a polivalência em mente e cuidado no desenho que só a MV sabe ter.
Uma viajante?
Para os standards da MV Agusta, a Turismo Veloce é a moto que mais se aproxima de uma turística, no seu desenho muito foi tido em conta para que fossem oferecidas as qualidades necessárias para viajar. Mas está não é uma moto pensada exclusivamente para viagens é uma moto para viajar em grande estilo. É um moto que nos pode levar a todo lado com muita emoção e envoltos numa aura de exclusividade e design que será mesmo muito difícil de bater. Nela todos os elementos foram objecto de um tão cuidado desenho que só por si são peças muito especiais. Mas a parte melhor é que todos se ligam para formar um conjunto muito equilibrado. O cuidado com os acabamentos é excepcional sem que nenhum detalhes tenha sido deixado aos acaso ou peça mecânica deixada à vista sem que tenha um pormenor de design nela.
Raízes bem presentes
Mas a verdade é que aquilo que faz de uma moto uma MV Agusta não desapareceu e em estrada podemos viver sensações fortes. Com tantas décadas focada em motos desportivas, com muitas vitórias em campeonatos mundiais, que continuam agora no Mundial de Supersport, é interessante ver como a marca italiana foca o desenvolvimento numa moto de turismo. Aposta num segmento que está em crescimento e no qual consegue encaixar facilmente esta Turismo Veloce. Com a queda do segmento das turístico desportivas, o segmento das desportivas de aventura têm crescido. Numa explicação simplista, são superdesportivas com suspensões de curso longo, carenagem mais alta e uma posição de condução mais direita. O resultado é claro quando se assume os comandos de Veloce, as sensações fortes são incontornáveis. As vibrações, a resposta imediata do motor e a rapidez de direcção, remetem-nos sempre para as motos “de pista” da MV Agusta.
Os compromissos
A Turismo Veloce é uma moto claramente desenvolvida para quem quer ter uma MV Agusta para usar todos os dias. E é isso mesmo que a Veloce oferece, com a posição de condução bastante natural de tronco direito e braços abertos tem as qualidades necessárias para nos sentirmos bem numa utilização quotidiana. As suspensões estão num limbo. São firmes “qb”, o suficiente para ter algum controlo sobre as massas em movimento e sobre o longo curso que apresenta, mas têm uma resposta algo seca às solicitações mais imediatas. Talvez esta seja uma forma de “empurrar” alguns clientes para a versão Lusso, que oferece um sistema de afinação dinâmica da suspensões, que se adapta em cada momento, às condições do piso. Por outro lado o longo curso da forquilha retira alguma da precisão que toda a estrutura ciclística parece deter. De facto não se pode ter uma imagem de aventureira, imponente do alto das suas longas suspensões e ser exacta como um tira-linhas. E se quisermos uma moto desportiva, a MV tem muitos outros modelos para esse efeito.
No quotidiano
Em cidade a Turismo Veloce brilha com uma posição de condução alta que nos dá plena visão do que nos envolve. O motor é muito solícito e o ruído das suas três saídas de escape garantem a banda sonora perfeita para qualquer deslocação. Depois há todo o aparato visual que causamos à nossa passagem. Quem está em volta olha, a Turismo Veloce é mesmo um moto arrebatadora. Nela apetece sempre apreciar os detalhes, as arquitectura do silenciador, a jante traseira desnuda, as formas sensuais da estrutura da traseira, desenho do farolim e da pega do passageiro. Enfim, o difícil é escolher para onde olhar. Em ambiente citadino apenas uma peça causa dificuldades, a protecção dos punhos que tendem a ter uma “atracção” excessiva pelos retrovisores dos automóveis, obrigando a algum cuidado quando circulamos entre filas trânsito. Com os “piscas” embutidos, torna-se difícil dispensá-las.
Aguerrida em estrada
Em estrada a Turismo Veloce acaba por deixar transparecer em todo o seus esplendor o carácter que só é possível encontrar numa MV Agusta. O ruído mecânico do trabalhar e as vibrações que o seu motor tricilíndrico emana, fazem-nos sentir vivos. Os 110 cv são muito generosos e empurram bem à saída de qualquer curva. Com piso seco a existência de controlo de tracção soa a exagero, mas colocado na sua posição mais permissiva deixa que sintamos o ligeiro escorregar da roda traseira quando abusamos à saída de um gancho mais fechado. Temos a diversão sem os riscos. O quadro tem a rigidez adequada e só o longo curso da suspensão dianteira retira parte da precisão da direcção. Não é uma desportiva, mas por outro lado tem um comportamento mais neutro e fácil de dominar. A semi-carenagem frontal pode parecer mais devota ao design que à função, mas na realidade oferece uma protecção que as suas formas não fazem crer. Ajuda ainda o facto do ecrã ter regulação em altura, através de uma sistema manual, mas muito simples de usar.
Viajante casual
Os grandes viajantes que gostam de fazer milhares de quilómetros em poucos dias, por certo não vão encontrar aqui resposta para os seus desejos, não vale a pena fazerem comparações directas com outros modelos do mercado. A MV Turismo Veloce é uma moto especial, que oferece sensações especiais e um presença única. Com ela só quero ir para todo o lado depressa, chegar antes e ficar a aprecia-la.
A Turismo Veloce é uma moto que teve no seu desenvolvimento premissas pouco naturais para a MV. O seu motor tem como base o três cilindros desenvolvido para F3 800, mas aqui houve a preocupação de encontrar um compromisso com os consumos e aumentar o intervalo entre as manutenções, que passou de 6000 para 15000 km, no fundo características que os clientes procuram em motos deste segmentos. Assim a unidade da Turismo Veloce tem 110 cv de potência, quando o motor a F3 tem 148 cv, mas tem mais 20% de binário, o que garante ser mais agradável numa utilização quotidiana. Para conseguir esta alteração foram utilizados pistões diferente e a distribuição tem novas árvores de cames. Este motor de três cilindros tem uma particularidade na sua construção que deriva da tecnologia de MotoGP que é o facto de a cambota rodar na direcção inversa ao convencional. Esta solução diminui a inércia provocada pelo funcionamento do motor, tornando a moto mais ágil e maneável. O sistema integrado da gestão do motor e veículo, MVICS 2.0, permite que tenhamos diversas possibilidades no comando do motor. Existe controlo de tracção, com vários níveis, quick-shift, cruise-control, modos de motor, regulação da sensibilidade do acelerador, Bluetooth, tudo acessível através dos menus no painel de instrumentos. O acesso a estes parâmetros faz-se através de um menu disponibilizado no ecrã TFT, que tem uma As suspensões, uma forquilha invertida MArzocchi na frente, têm cursos de 160 e 165 mm e afinação total. No que respeita à travagem, este modelo utiliza na frente dois conjuntos com discos flutuantes de 320 mm, com pinças Brembo de fixação radial com sistema ABS.
Ficha Técnica
MV Agusta Turismo Veloce
Cilindrada- 798 cc
Potência- 110 cv
Depósito- 20 lt
Peso- 191 kg
Tipo: 3 cil. em linha, refrigeração por líquido
Distribuição: 12 válvulas
Binário: 83 Nm às 8000 rpm
Embraiagem: multidisco
Caixa: seis velocidades
Transmissão: por corrente
Quadro: treliça ALS em tubos de aço
Suspensão dianteira: forquilha invertida Marzocchi de 43 mm, totalmente regulável, curso de 160 mm
Suspensão traseira: amortecedor Sachs, totalmente regulável, 165 mm de curso
Travões: disco de 320 mm + disco de 220
Rodas: 120/90-17” + 190/55-17”
Distância entre eixos: 1.460 mm
Altura do assento: 850 mm
Preço: € 15,990
Mais informações AQUI
Texto: Marcos Leal