Indian Scout Sixty
A introdução no ano passado do modelo Scout na linha da Indian, foi um sucesso absoluto. Este ano a marca dá continuidade ao êxito com o lançamento de uma unidade mais pequena e menos onerosa do modelo, a Scout Sixty.
A Indian é uma marca norte-americana com mais de um século de existência e é a mais antiga. Depois de alguns anos fechada, a marca foi adquirida pela Polaris Industries, tendo voltado à produção de motos. Depois de vários modelos nos segmentos maiores e da consolidação da marca nos vários mercados mundiais, agora o trabalho passa por alargar o alcance da sua gama, lançou no ano passado o modelo Scout, um modelo muito apetecível para mercados como o europeu e por um cliente mais jovem. A sua aceitação foi enorme, um verdadeiro sucesso, o que levou a marca a estender um pouco o alcance do modelo com uma nova versão, a Sixty. Para este novo modelo de entrada na marca, a Indian reduziu a capacidade do motor e simplificou a imagem para o tornar ainda mais apetecível. Não é apenas o preço mais contido – menos 2300 euros – que torna a Indian Scout Sixty mais interessante. Tirando a alteração do revestimento do assento, que passou de pele natural para um material sintético, em tudo o resto preferimos os acabamentos deste modelo mais pequeno. Na prática desapareceram a maioria dos cromados e zonas de alumínio escovado. O negro acaba por tomar conta da maioria das peças que não são decoradas – apenas depósito e guarda-lamas têm decoração. O resultado é uma moto mais limpa com um desenho mais sólido e jovem.
Moderna de imagem clássica
A Scout Sixty é uma moto que surpreende pelo fantástico equilíbrio de todos os seus elementos. Tem uma imagem clássica, mas tem também a quantidade certa de tecnologia para oferecer um comportamento dinâmico muito interessante. O seu motor é um moderno bicilíndrico, com refrigeração líquida, duas árvores de cames e quatro válvulas por cilindro, capaz de uma resposta muito directa e fácil de controlar, tudo qualidades que já são reconhecidas ao modelo original. Uma das razões que leva à criação desta versão é exactamente atingir um segmento mais jovem do mercado. O motor da Indian Scout Sixty é o elemento que sofre as principais alterações mecânicas, começando pela redução da cilindrada em 134 cc, que resulta numa potência máxima de 78 cv e um binário de 88,8 Nm. O seu funcionamento é muito equilibrado quase sem vibrações.
Rolar com conforto
A resposta é sempre imediata, enérgica e muito solta, diferente dos grandes bicilíndricos típicos deste tipo de motos. A caixa tem menos uma relação que o modelo maior, mas continuamos a poder rolar em quinta com o motor bastante “descontraído”.
Aliás, o comportamento da Scout Sixty é uma agradável surpresa em praticamente todos os campos. Começa desde os primeiros momentos em que nos sentamos nela. O seu assento tem um desenho muito confortável. Encaixado no “v” feito pelo guarda-lamas traseiro e o quadro, este assento garante um bom apoio para todo o rabo e a zona traseira funciona como um pequeno encosto. Ao fim dos 200 km realizados durante o dia da apresentação estávamos bem para continuar. A sua reduzida altura facilita bastante a quem se inicia no mundo das duas rodas, um tipo de cliente que a Indian procura. A posição de condução, com os pés para a frente e braços um pouco elevados, acaba por ser boa para rolar em estrada. Rolar é algo que encaixa bem na Scout Sixty, se bem que o seu motor tem genica para mais.
Diversão com limites
O dia começou cedo com alguma humidade na estrada pelo que o ritmo inicial foi moderado. A Scout Sixty é uma moto muito fácil de conduzir com comandos ligeiros, os ideais para qualquer tipo de utilizador. Com o avançar das horas o piso foi melhorando e passou a poder-se disfrutar melhor da excelente estrada de montanha junto a Málaga. A Scout apresenta um equilíbrio fantástico, com suspensões que funcionam bem, embora o contido curso da roda traseira possa esgotar pontualmente em solicitações mais violentas. Sendo baixa e comprida, esta moto padece do problema da grande maioria das cruisers, há uma grande limitação no ângulo de inclinação. O limite em curva é nos apresentado pelos pousa-pés, que tocam no chão muito antes de a Scout ou os seus pneus se sentirem desconfortáveis. Sabemos que esta não é uma moto para andar depressa, mas o comportamento do motor, suspensões e travagem levam a que nos animemos e queiramos tirar partido de todas essas qualidades.
É uma moto divertida e eficaz, a forma mais directa de entender isto do é olhar para as cinco motos, as Holligan, que Roland Sands criou para provas de flattrack, umas verdadeiras tentações e que provam a versatilidade e potencial das Scout. Caso se opte por alterar a simplicidade da imagem da Scout, a marca tem já um amplo catálogo de mais de 200 peças específicas. Tendo começado pelos modelos grandes, a Indian cimenta agora a sua posição com este fantástico modelo de entrada na marca, uma moto muito apetecível.
Um pouco de história
A Indian Motocycle é um fabricante de motos americano que está sedeado em Springfield, Massachusetts. É a mais antiga fabrica de motos dos Estados Unidos, e chegou a ser o maior fabricante de motos do mundo. Fundada em 1901, a Indian Motorcycle ganhou destaque através de uma história de sucesso em competições, em 1911 ocupou as três primeiras posições na Ilha de Man, e inúmeras inovações, que contribuíram para o desenvolvimento da indústria. Em 1953 a empresa entrou em falência, e foram inúmeras as vezes que foi tentado perpetuar a marca sem sucesso. Em 2011, a Polaris Industries adquiriu a marca e deslocou a produção para a suas instalações na Carolina do Norte. Desde então tem vindo a alargar a sua gama que começou com a Chief e onde se enquadram agora as Scout.
A Scout está entre os seus modelos mais conhecidos, e foi produzida, no seu modelo original, entre 1920 e 1949, tendo tido várias versões e motorizações. Em 1928, a Scout recebeu um travão dianteiro como equipamento de série. As Scout eram muito aclamadas pela sua maneabilidade, e a sua produção foi levada até à interrupção da produção de veículos civis em 1942. Entre 1962 e 1967 a Scout voltou à ribalta, quando o neozelandês Burt Munro utilizou uma Indian Scout de 1920 modificada para estabelecer vários recordes de velocidade, história contada no filme “The World’s Fastest Indian”, de 2005.
Ficha técnica
Tipo: 2 cil, em “V” refrigeração por líquido
Distribuição: 8 válvulas
Binário: 88,8 Nm às 5600 rpm
Embraiagem: multidisco em óleo
Caixa: cinco velocidades
Transmissão: por corrente
Quadro: dupla trave em alumínio
Suspensão dianteira: forquilha telescópica de 41 mm, curso de 120 mm
Suspensão traseira: dois amortecedores, curso de 76 mm
Travões: disco de 298 mm + disco de 293 mm
Rodas: 130/90-16” 150/80-16”
Distância entre eixos: 1.562 mm
Altura do assento: 643 mm
Cilindrada- 999 cc
Potência- 78 cv
Depósito- 12,5 lt
Peso- 246 kg
Preço- 12,799€
Texto: Marcos Leal