Ensaio Kawasaki Vulcan S de 2018 – Versatilidade Custom
Ensaiar uma moto “custom” implica sempre alguma adaptação inicial, ou antes, de termos que mudar o “chip”. A posição de condução é distinta, sobretudo quando as peseiras se situam na frente da moto, normalmente a distância ao chão é relativamente baixa, o que facilita as manobras parado mas limita a inclinação em curva e os braços são colocados altos devido à adopção de guiadores também mais altos. No entanto a Vulcan surprendeu-nos positivamente pois, quase que de imediato, esquecemo-nos que estávamos a conduzir uma cruiser do estilo “custom “.
A designação “Vulcan” tem sido utilizada pela Kawasaki desde 1984 para identificar as cruisers da sua gama custom, quase sempre com motores V-Twin, desde os 125 cc até aos 2.000 cc, e com a designação VN.
A Vulcan S é porém uma bi-cilindrica de cilindros paralelos, com 649 cc, a debitar 61 hp às 7.500 rpm e com um binário de 63 Nm às 6600 rpm, arrefecimento líquido, com DOHC e 4 válvulas por cilindro, injecção de combustível com sistema de dupla válvula de acelerador, tendo sido lançada pela primeira vez em 2014, inicialmente com duas versões, a versão S e a S com ABS, sendo que a partir de 2017 apareceram outras duas versões, a SE Special Edition e a S Café, esta última com elementos num estilo mais Café Racer e a seguir as tendências de mercado.
A Vulcan S é uma moto ágil, estéticamente apelativa e bem desenhada, tem um centro de gravidade baixo que lhe dá maior estabilidade, graças também à altura do assento a cerca de 700 mm do solo, que acaba por dotar a Vulcan de uma enorme abrangência quanto à estatura de potenciais utilizadores.
A posição é confortável graças à ergonomia do seu assento mas os pés, lá na frente, obrigam a alguma adaptação de início. No entanto as peseiras permitem ser ajustadas em 3 posições distintas, o que facilita a adaptação à fisionomia do condutor. A posição dos braços embora alta é bastante natural, sem ser esforçada. As manobras a baixa velocidade, e no meio do transito, fazem-se com bastante equilíbrio e agilidade apesar do angulo da direção ser marcadamente aberto, bem ao estilo custom.
A primeira vez que tivemos contacto com uma Vulcan a mesma pertencia a uma amiga que nos comentou na altura que já era a segunda que adquiria e que era a sua moto de eleição. Esta realidade define claramente a abrangência que a Vulcan tem em termos de utilizadores, seja pela sua facilidade de condução, seja pela versatibilidade e prestações.
E nas prestações e desempenho o bi-cilíndrico 650 da Vulcan define também a polivalência desta custom. Um motor elástico, a atingir rotação lá em cima, nada vulgar numa custom, silencioso e com um binário a baixa também respeitável o que torna a sua utilização muito divertida.
Excelentes travões apesar de ter apenas um disco à frente de 300mm, com pinça de 2 êmbolos e uma “mordida” de precisão e dosagem controlada, proporcionando uma travagem bastante efectiva e assistida por ABS, à frente e atrás.
A nível das suspensões destacamos o bom dempenho da suspensão telescópica dianteira, que apesar de não ter afinação, traz no entanto um bom compromisso de fábrica. O amortecedor traseiro é colocado lateralmente e tem ajuste na pré-carga de mola em 7 posições. Claro que o facto de o curso traseiro ser curto e de apenas 80mm, limitado pela pouca altura da moto, o mesmo acaba por penalizar o desempenho do amortecimento traseiro, razão pela qual devemos evitar estradas em muito mau estado, realidade que forçosamente nos obrigará a circular com muito mais precaução, caso queiramos preservar a nossa integridade vertebral.
O depósito de combustível da Vulcan S comporta 14 litros, realidade que garante uma autonomia muito acima daquilo que é habitual numa moto deste segmento. O painel de informação é simples, mas moderno e de leitura fácil, com um design muito original e bem enquadrado com o estilo da moto e onde a informação analógica é complementada pelo painel LCD que concentra a restante informação necessária. No mesmo existe um indicador de “condução económica” muito útil para quem queira poupar ou aumentar a sua autonomia em viagem.
Em conclusão, gostámos da estética e das linhas fluidas da Vulcan S, dos acabamentos cuidados que a mesma apresenta, característico das Kawasaki, da sua desenvoltura em transito intenso ou em estrada aberta, da elasticidade invulgar do seu motor bi-cilíndrico, que definem claramente um posicionamento mais versátil e abrangente da Vulcan, agradando a um público diverso, de ambos os sexos e faixas etárias. Um estilo intemporal sem ser demasiado radical e apostando numa polivalência e facilidade de utilização que justificam plenamente todo o sucesso que a Vulcan tem tido no nosso mercado.
Disponível em duas cores, preta e vermelha na Edição Especial, a Vulcan S tem um PVPR de 7.995 eur e a Special Edition de 8.395 eur e finalmente a versão Café de 8.595 eur. A versão do ensaio foi-nos gentilmente cedida pela Rame Moto, concessionário oficial Kawasaki.
Ficha Técnica
Marca: Kawasaki | Modelo: Vulcan S 2018 |
MOTOR | |
Tipo | bicilíndrico, refrig. líquida, 4 tempos, DOHC, 4 valve |
Cilindrada | 649 cc |
Potência Máx. | 61 hp @ 7500 rpm ( disponível em A2 ) |
Binário Máx. | 63 Nm@ 6600 rpm |
Embraiagem | multidisco em banho de óleo, mecânica |
Alimentação | Injecção electrónica, dupla válvula de borboleta |
Caixa Vel | 6 Velocidades |
CHASSI E SUSPENSÕES | |
Quadro | Tubular em aço de alta resistência |
Suspensão Dianteira | Telescópica 41mm não ajustável curso 130mm |
Suspensão Traseira | Amortecedor ajustável pré-carga de mola 7 pos. Curso 80mm |
TRAVÕES E PNEUS | |
Travões Dianteiros | 1 Disco de 300 mm Pinça 2 pistons com ABS |
Travões Traseiros | Disco de 250mm Pinça de 1 piston com ABS |
Pneu Dianteiro | 120/70-18 jantes em liga de raios Tubeless |
Pneu Traseiro | 160/60-17 jantes em liga de raios Tubeless |
ELETRÓNICA E ELETRICIDADE | |
Bateria | 12 V, BAH VRLA |
Luzes Dianteiras | normal |
Luzes Traseira | normal |
Painel Info | Analógico e LCD multi informação |
Controle Tração | não |
Ride by Wire | não |
Modos de Motor | não |
Outros | não |
DIMENSÕES | |
Comprimento | 2.310 mm |
Largura | 880 mm |
Altura | 1.100 mm |
Distância entre Eixos | 1.575 mm |
Distância ao solo | 130 mm |
Altura do banco | 705 mm |
Peso total | 229 Kg |
Capacidade do Depósito | 14 litros |
Norma Emissões | Euro 4 |
Concorrência
Harley Davidson Street 750 749 cc / n.d. cv / 206 Kg / 7.400 eur
Indian Scout Sixty 999 cc / n.d. CV / 246 Kg / 11.990 eur
Yamaha XV 950 942cc 54,3 cv / 247 Kg / 8.495 eur
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