Ensaio BMW R Nine T Urban G/S – Uma Dakariana para todos os dias
O Look R80 Dakar
Quando olhamos para a BMW R Nine T Urban G/S a primeira imagem que nos vem à memória é a das BM’s que nos anos 80 se sagraram campeãs nas provas do Dakar pilotadas por Hubert Oriol . A pintura em branco combinada com as listas azuis em dois tons e o pormenor do banco laranja remetem-nos de imediato para esses tempos, nos anos 80, em que as GS apareceram e deram início a toda uma nova era, não só no todo terreno como também para a própria BMW.
Aliás a BMW com este modelo quis precisamente invocar e celebrar esses tempos daí inclusivamente a designação G/S, neste caso separada por um traço para não ”canabalizar” a sua linha de motas com essa mesma sigla. Mas a semelhança é clara com a R80, não só na pintura e nos grafismos, como também em outros pormenores, tal como o guarda lamas da frente elevado e a pequena proteção frontal ao vento colocada sobre o farol.
A R Nine T Urban herda muitos componentes da família sobretudo da versão Scrambler. Aliás assim que arrancamos a Urban de imediato nos vem à memória a fantástica experiência que tivemos no inicio do ano com a versão Scrambler da R Nine T. O depósito é exactamente o mesmo, o quadro e o motor obviamente também e a posição de condução recta muito semelhante, pois também o guiador pareceu-nos o mesmo, assim como a posição das peseiras.
A Urban que nos foi cedida vinha com jantes de raios ( opção ) e um saco de depósito ( opção BMW ) que se revelou muito prático e que do ponto de vista estético se integrava bem no conceito da moto. Os pneus eram de estrada / mistos embora a Scrambler viesse com pneus de tacos para uma utilização mais fora de estrada, estes a serem opção nas duas versões.
Prazer Máximo
Assim que arrancamos o motor boxer de 1170cc e 110 cv não há forma de não nos maravilharmos com a sonoridade rouca do seu escape que embora não seja o Akrapovic de dupla ponteira que montava a Scrambler é uma ponteira única BMW, elevada ao mais puro estilo Rally, que tem uma sonoridade diria que de “personalidade bipolar” já que a circular com pouco acelerador emite um som suave e bastante silencioso e que ao rodar punho revela a sua verdadeira natureza “ BRAAAARRRRPPPP”… não encontro melhor forma de a descrever.
A Urban é uma moto que dá imenso gozo conduzir, com uma enorme baixa sempre disponível, de um equilíbrio fantástico e facilidade condução, leveza também considerável para uma moto desta dimensão, uma caixa irrepreensível em que me atrevi quase sempre a subir de velocidade sem embraiagem e sem que a caixa manifestasse qualquer protesto mecânico e de um enorme prazer a curvar, como é típico das BMW Boxers, a parecer que vão num carril.
No fim de semana decidi ir até à Arrábida e Sesimbra e as curvas da Serra no Portinho foram feitas “ ao ataque” com pendura algo insegura de início mas a aperceber-se pouco a pouco da segurança que transmitia a URBAN no seu comportamento irrepreensível e entusiasmante em estradas sinuosas. Achei que inclusivamente a URBAN era algo mais confortável que a Scrambler embora para o pendura o pouco espaço disponível em ambas versões e nada onde se agarrar, cause algum desconforto.
A Urban apesar de ter um motor boxer com arrefecimento a ar e óleo, ao contrário das irmãs GS que já incorporam motores de refrigeração líquida, mantém um nível de vibração perfeitamente aceitável numa moto com estas características. Aliás a pouca “rudeza” que manifesta nas suas acelerações encorpadas fazem-nos sentir que vamos num verdadeiro puro sangue algo “old school” que se impõe no conceito revivalista Neo-Clássico das R Nine T e ao qual o pessoal da minha geração se habituou desde a sua juventude.
A BMW tem também disponível uma quantidade de acessórios que nos permitem personalizar a nossa Urban… outras marcas oferecem também outros componentes que nos permitem transformar a R Nine Ts na nossa moto de sonho e a imaginação é o limite. Na fotografia principal deste artigo está ilustrada precisamente uma versão já personalizada da Urban e que vai de encontro ainda mais às R80 dos anos 80 do Paris-Dakar, uma belíssima preparação sem dúvida alguma a deixar claro todo o potencial de transformação.
Conclusão
A R Nine T Urban é uma moto fantástica, que nos enche as medidas , divertida e de semblante agressivo TT, que invoca os tempos áureos da marca nos grandes desertos do Dakar, com um comportamento dinâmico irrepreensível como já referi e que me proporcionou uma semana de puro prazer. Tanto, que me custou no final ter que a devolver… era a moto ideal para as minhas férias, pronta para tudo, desde ir tomar o café da manhã no boteco da esquina, como nos estradões de acesso à praia, como para ir fazer as curvas da Serra no final do dia e ir ver o pôr do sol, e no final, jà de noite, irmos jantar naquela tasca na vila onde servem aquele peixe fresco pescado na falésia e grelhado no carvão. BMW R Nine T Urban G/S… mais uma que ficava na garagem.
FICHA TÉCNICA
R NINE T URBAN G/S |
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Motor | |
Tipo | 2 cilindros arrefecimento a ar e óleo (‘Boxer’) 4-motor a 4 tempos, 2 cames e 4 válvulas radiais por cilindro eixo central de contrabalanço |
Diâmetro x curso | 101 mm x 73 mm |
Cilindrada | 1,170 cc |
Potência máx. | 81 kW (110 hp) as 7,750 rpm |
Binário max. | 116 Nm as 6.000 rpm |
Taxa de compressão | 12.0 : 1 |
Gestão do motor | Injecção electrónica/ gestão digital do motor, ignição twin-spark |
Controlo da emissão de gases | 3-way catalytic converter, Emissões de escape compatível standards Euro-4 |
Prestações / Consumo | |
Velocidade máxima | mais de 200 km/h |
Combustível | gasolina sem chumbo 95-98 RON |
Sistema elétrico | |
Alternador | three-phase 720 W |
Bateria | 12 V / 14 Ah, sem manutenção |
Transmissão | |
Embraiagem | Seca / 1 disco, acionada hidraulicamente |
Caixa de velocidades | Caixa de 6 velocidades com carretos com cortes helicoides |
Transmissão secundária | Shaft drive |
Ciclística / travões | |
Quadro | Quadro composto de 3 partes 1 parte anterior e 2 posteriores, sub quadro traseiro removível para colocação de banco single. |
Suspensão dianteira | Tipo telescópica com foles, 43 mm |
Suspensão traseira | Braço oscilante único em alumínio BMW Motorrad Paralever; amortecedor central ajustavel em pré-carga e hidraulico |
Curso da suspensão dianteira / traseira | 125 mm / 140 mm |
Distância entre eixos | 1,527 mm |
Avanço | 110.6 mm |
Ângulo da coluna de direção | 61.5° |
Jantes | Cast wheels |
Jante dianteira | 3.00 x 19″ |
Jante traseira | 4.50 x 17″ |
Pneu dianteiro | 120/70 R 19 |
Pneu traseiro | 170/60 R 17 |
Travão dianteiro | Dois discos de diâmetro 320 mm, pinças de 4-êmbolos |
Travão traseiro | Disco único, diametro 265 mm, pinça flutuante de 1 êmbolo |
ABS | BMW Motorrad ABS |
Dimensões / pesos | |
Comprimento | 2,175 mm |
Largura (com espelhos) | 870 mm |
Altura (sem espelhos) | 1,330 mm |
Altura do banco, peso sem carga | 850 mm |
Arco interior das pernas, peso sem carga | 1,890 mm |
Peso sem carga, com meios de funcionamento, depósito cheio 1) 1) | 221 kg |
Peso total permitido | 430 kg |
Carga máxima (com equipamento de série) | 209 kg |
Capacidade do depósito | 17 L |
Reserva | aprox. 3,5 L |
BMW R Nine T Urban G/S PVP 14.100 euros
Preços da Versão Testada
Modelo: R nineT Urban G/S
PVP Base: 14.100,00€
ISV: 268,82€
Cor: Branco “light” (NB5) 0,00€
Opcionais:
Coletores de escape cromados 95,00€
Punhos aquecidos 225,00€
Piscas em Leds 125,00€
ASC 340,00€
Jantes em raios 420,00€
Banco Baixo 0,00€
Acessórios:
Saco de Deposito 180,00€
Cinta Saco depósito 55,01€
Valor total 15.808,83€