Ensaio – Ducati X Diavel
A Ducati decidiu entrar com determinação no segmento cruiser com a XDiavel, criando uma moto única que não perde a sua identidade de marca e que define novos padrões para este tipo de motos
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Quando a Diavel foi lançada em 2011, a Ducati conseguiu roubar todas as atenções para a sua muscle bike. Na realidade a Diavel original não era uma verdadeira cruiser, nem nunca a marca a apresentou como tal, as suas capacidades desportivas sempre foram evidenciadas ao máximo, mas faltava a definitiva entrada neste segmento. Para 2016, os italianos decidiram ir mais longe e colocar uma lança no território americano com a XDiavel, uma “verdadeira” cruiser, mas com o ADN de uma verdadeira Ducati!
Americana
A apresentação à imprensa decorreu em San Diego, cidade ao sul do Estado da Califórnia, e não poderia ser melhor enquadrada no espírito desta moto. As cruisers estão intimamente ligadas enquanto conceito às paisagens americanas. Não apenas às paisagens, mas também ao estilo de estradas e estilo de vida dos americanos. O imaginário das grandes rectas, dos desertos, da Route 66, dos canyons e florestas, deram ao longo de muitos anos imagens, filmes e sonhos a muitos motociclistas que gostam de rolar em estrada com os pés para a frente, braços abertos e cara ao vento. A XDiavel faz tudo isto, é uma cruiser no conceito que preenche todos os habituais “requisitos” do género, como o motor de dois cilindros, a posição de condução, transmissão por correia e o pneu gordo na traseira. Mas é também muito mais que isto, pois junta o “factor” Ducati: 156 cavalos de potência, agilidade, a capacidade de curvar e travar, o pacote electrónico e o factor diversão. O único problema nos Estados Unidos é mesmo a rigidez no cumprimento das leis na estrada, as 60 milhas por hora são muito pouco amigas do potencial da nova XDiavel.
Factor X
Mesmo tendo partido da base Diavel, a Ducati criou uma moto praticamente nova quando à partida parecia que apenas lhe tinha acrescentado o factor X. Esteticamente a XDiavel é um portento de moto, com um aspecto possante, maciço e até, podemos bem dizê-lo, sensual! O depósito em forma de gota, a traseira curta e levantada com o enorme pneu traseiro por baixo, a frente curta com o farol perfeitamente integrado na linha da suspensão e a espectacular jante traseira completamente à vista (principalmente a da versão S que podem ver nas fotos), que por si só se destaca à distância, são apenas alguns dos elementos estilísticos que fizeram desta Ducati a moto preferida do público no Salão de Milão em Novembro do ano passado. Disponível em duas versões, a “normal” e a S, a cor base é no entanto apenas uma, o negro, com dois acabamentos diferentes, mate para a versão base e brilhante para a S.
Diabólica
Na estrada, quando as rectas californianas se abriram perante nós, a XDiavel revelou-se uma cruiser genuína, braços e pés para a frente, corpo direito e bem sentado no banco largo e confortável, a estrada bem à vista e o novo biclíndrico Testastretta DVT de 1262cc a debitar os 156 cavalos de forma segura e controlada. O pacote de electrónica é topo de gama com os habituais controlo de tracção e ABS, mas também com três modos de motor (urbano, turístico e desportivo) que ajudam e muito a XDiavel a domesticar a enorme cavalariça ao dispor do punho direito. A juntar a tudo isto há também o sistema de ignição sem chave, a possibilidade de na versão S emparelhar um smartphone com a moto e claro o sistema de controlo de arranques, que permite transformar esta Ducati numa verdadeira dragster. Infelizmente não conseguimos testar este sistema, pois não estavam reunidas as condições de segurança necessárias… americanices! O motor é um poço de força e capacidade de subir rapidamente de rotação com um binário fabuloso, no modo urbano consegue disfarçar o bater tradicional a baixas rotações, mas nos restantes modos é notória esta característica. A nível da ciclística, a XDiavel está equipada com elementos de topo e tudo funciona muito bem. Nas montanhas de Jamul, nos arredores de San Diego a moto revelou-se um autêntico brinquedo, sendo muito fácil de travar tarde e inserir em curva, ajudada pelos poisa-pés muito mais elevados que na generalidade das cruisers e que permite até 40 graus de inclinação. Esta característica no entanto cria uma posição algo estranha, os pés vão para a frente, mas mais elevados e criaram algum desconforto lombar e nas coxas, nada de grave, talvez requeira apenas alguma habituação e pode ser compensada com as múltiplas regulações de poisa-pés e guiador.
Em tudo se nota a diferença nesta moto, apesar de ser uma cruiser, não perde a alma ducatista e tem de ser uma causadora de emoções quer quando está parada, quer quando está na estrada a ser conduzida. A XDiavel é mesmo uma moto diferente e vai certamente apelar a novos utilizadores que não se reviam neste género e conceito.
Ficha técnica
Cilindrada- 1262 cc
Potência- 156 cv
Depósito- 18 lt
Peso- 247 kg
Tipo: 2 cil em L Testastretta DVT
Distribuição: 8 válvulas
Binário: 128,9 Nm
Embraiagem: Húmida, deslizante
Caixa: Manual 6 velocidades
Transmissão: por correia
Quadro: treliça em aço
Suspensão dianteira: forquilha invertida de 50 mm, 120 mm curso
Suspensão traseira: monoamortecedor lateral, 110 mm curso
Travões: dois discos de 320 mm + disco de 265 mm
Rodas: 120/70-17” 240/45-17”
Distância entre eixos: 1.615 mm
Altura do assento: 755 mm
Preço- 18.999€ e 21.849€ (versão S)
XDiavel em números
A Ducati fez um enorme e espectacular evento num barco ao largo de San Diego para apresentar a sua nova cruiser. Na apresentação, com algum mistério à mistura, foram mostrados três números num écran totalmente negro: 5.000, 60 e 40. Estes números são a base da XDiavel, os que a caracterizam e foi à volta deles que foi desenvolvida.
5.000 – são as rotações por minuto onde o motor atinge o binário máximo, um valor bastante baixo, mas que mostra o compromisso da marca em tornar este motor bem cheio para a estrada e para uma condução cruiser.
60 – a Ducati preparou esta moto como um alfaiate cria um fato à medida do seu cliente. Na XDiavel são 60 as possibilidades de combinações ergonómicas divididas em: 4 posições para os poisa-pés, 5 bancos diferentes como acessório, 3 guiadores diferentes com diversas afinações e ainda dois bancos diferentes para o passageiro, mais o encosto para que possa viajar em conforto máximo e que são equipamento de série da moto.
40 – este é o ângulo máximo em graus que a XDiavel consegue fazer em curva, um valor entre 10 a 13 graus superior à generalidade das suas concorrentes de segmento e que lhe dá exactamente o carácter e a agilidade “desportiva”, que aumentam exponencialmente o prazer de condução.
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Texto: Hugo Ramos
Fotos: Ducati