MotoGP, história: Os Americanos no Mundial
Num momento em que muito se fala dos Americanos no Mundial, revemos a história dos pilotos dos EUA e a sua chegada estrondosa ao “Continental Circus”.
Os Americanos chegaram ao Mundial no final dos anos 70, mas o seu legado permanece gravado em letras de ouro nos livros da história do Campeonato do Mundo.
Márquez, Lorenzo e Pedrosa podem ter sido vistos muitas vezes a monopolizar o pódio com a bandeira espanhola nos últimos anos, mas não são de modo algum os primeiros a fazê-lo. Embora atualmente não haja pilotos americanos na classe rainha do Campeonato do Mundo, houve uma altura em que ganharam tudo, ao domar as máquinas selvagens de 500cc e chamar à classe principal o seu quintal.
A primeira edição do Campeonato do Mundo realizou-se em 1949, mas levaria várias décadas até que pilotos americanos começassem a aparecer e dessem a conhecer a sua presença no palco internacional.
Pat Hennen foi o primeiro americano a carimbar o seu nome no palco mundial, conquistando a primeira vitória da América no Campeonato do Mundo de Grandes Prémios para a Suzuki no GP da Finlândia em 1976.
Em 1978, Kenny Roberts deixou para trás uma carreira incrivelmente bem sucedida no mundo das pistas de terra para competir no Campeonato do Mundo com a Yamaha.
Roberts não só ganhou o título mundial de 500 com a Yamaha na sua primeira tentativa em 1978, como também introduziu um estilo de condução e uma forma de trabalhar que mudaria o mundo das corridas para sempre.
Depois de Roberts ter introduzido o mundo das corridas ao seu estilo de pista de terra e de ter levado a coroa, iniciou o Team Roberts e elevou o profissionalismo nas corridas para um novo nível.
Roberts dominou a categoria de 500cc por três temporadas consecutivas entre 1978 e 1980, mas a sua chegada e domínio foi acompanhada por outro pioneiro americano, um jovem californiano cheio de talento chamado Randy Mamola. Pode nunca ter conquistado um título, mas foi vice-campeão em 1980, 1981, 1984 e 1987.
‘King Kenny’ acabaria por se reformar em 1983 com três campeonatos e dar lugar a outro jovem talento americano.
Em 1982, o americano Freddie Spencer entrou em cena com a Honda, para no ano seguinte, 1983, lutar com ‘King Kenny’ por um dos títulos mais memoráveis até hoje.
Spencer conquistou o título de 500cc em 1983, aos 21 anos, outro recorde que se manteria até Marc Márquez abalar o mundo em 2013.
O nativo de Shreveport, Louisiana, faria o impensável em 1985, pois ganhou os títulos de 250cc e 500cc no mesmo ano, enquanto outro americano, Eddie Lawson estava nos bastidores pronto a entrar também na ação.
As lesões acabariam por levar a melhor sobre Spencer, Lawson aproveitando a oportunidade para conquistar quatro títulos mundiais de 500cc, três com a Yamaha e um com a Honda, antes de terminar a sua carreira em 1992. Os últimos dois anos da sua ilustre carreira viram-no correr com a fábrica italiana Cagiva, transformando a moto numa máquina vencedora.
Na classe de 250cc, os wildcards Jim Filice e John Kocinski governaram com um punho de ferro na ronda de Laguna Seca em 1988 e 1989, Kocinski vindo a levar o título de 250cc em 1990.
Nessa altura, dois dos mais amados americanos da história das corridas já eram nomes consagrados no palco mundial: Wayne Rainey e Kevin Schwantz, os dois rivais amargos até ao fim que traziam o melhor da Yamaha e Suzuki aos fãs.
Rainey ganharia o título de 1990 a 1992, governando a classe sob o seu mentor Kenny Roberts. Infelizmente, no final da temporada de 1993, Rainey foi vítima de um acidente que o deixou com graves danos na medula espinal que o afastaram.
Isso deixou Schwantz sozinho para levar o seu primeiro título nesse ano, o seu estilo selvagem emocionando multidões, mas impedindo-o de encontrar a consistência para ganhar títulos antes ou depois disso.
Schwantz foi um dos últimos pilotos ativos daquela geração única que tentava emular o seu Rei, “King” Kenny Roberts. Já o seu filho, Kenny Roberts Júnior, levaria o título de 500cc a bordo de uma Suzuki em 2000, no ocaso das 2 tempos, e fecharia o círculo numa das dinastias de corridas mais bem sucedidas até à data.
Durante a era do MotoGP, Nicky Hayden foi até agora o único americano a ganhar um título mundial. Mas houve uma série de finalistas americanos no pódio e até mais alguns vencedores de corridas: John Hopkins, Colin Edwards e Ben Spies, todos a subir ao pódio em várias ocasiões, mas entre eles nunca produziram um desafio sério ao título.
Quando Spies e Edwards se retiraram, Hayden tornou-se o americano solitário no palco Mundial antes de mudar para as SBK em 2016. Pela primeira vez desde 1975, a temporada de 2016 não veria nenhum piloto americano na grelha, até à chegada de Joe Roberts o ano passado.
Entre 1978 e 1993, os pilotos americanos venceram nada menos do que 15 Campeonatos do Mundo (13 na classe de 500cc e dois na classe de 250cc) com um total de 17 até 2016. Desde o primeiro pódio de Pat Hennen no TT Holandês em 1976 até ao pódio final de Ben Spies em Valencia em 2011, os pilotos norte-americanos conseguiram um total de 172 vitórias, 466 pódios, 163 poles e 169 voltas mais rápidas. Será que a contagem vai começar de novo com um jovem Californiano também de nome Roberts?