MotoGP, as equipas: A Sky VR46 de Rossi
Bastaria dizer 46 para a maioria dos interessados na competição em duas rodas saber que se trata de alguma coisa associada a Valentino Rossi. No caso, a SKY VR46 é uma equipa de motociclismo pertencente a Valentino Rossi e sediada em Tavullia, em Marche, na Itália, onde o campeão reside depois de ter passado algum tempo em Londres para escapar à pressão constante dos fãs.
A equipa, fundada em 2014, e com uma das imagens mais impactantes e cuidadas do paddock, corre em MotoGP nas categorias de Moto3 com motocicletas KTM RC250GP e na categoria de Moto2 com motos de Moto2 Kalex, agora, claro, com motores Triumph como todo o resto do plantel.
Embora Valentino, ainda a competir a tempo inteiro em MotoGP, e de facto com 41 anos o piloto mais idoso do plantel de longe, pouca atenção possa dedicar à gestão da formação e a equipa seja para todos os efeitos administrada pelo amigo de infância e companheiro de Valentino Uccio Salucci, o team manager é o ex-piloto do Mundial Pablo Nieto.
Depois do fiasco de 2007 com a Great White London, cujo corrupto dono, manager e suposto amigo de infância de Rossi, Guido Badioli, não só o roubou (deviam saber, Great White é um tubarão) como o colocou em problemas com o fisco Italiano, falsificando as suas declarações, Rossi teve de fazer um acordo com a autoridade e pagar 35 milhões de Euros de IRS atrasado. Como resultado, Rossi é agora o seu próprio manager com a VR46 desde 2008, mas o pai Graziano também vigia discretamente à distância os investimentos do filho, incluindo a equipa.
No entanto, em termos da presença de Valentino, qualquer dos pilotos concordaria que, quando lhes dá atenção, Rossi é o primeiro a saber pô-los à vontade e a ensinar-lhes a focar-se nos resultados e a excluir tudo o resto para se concentrarem. É famoso o seu interesse pelos seus discípulos, aparecendo discretamente junto à vedação antes da partida de cada classe para seguir a ação com interesse, quando outros pilotos da MotoGP quase nem seguem minimamente as outras categorias.
No seu ano de estreia de 2014, e até 2017, competiu apenas na categoria de iniciação Moto3, inicialmente com Romano Fenati, Bulega e Migno, a que se juntou depois Francesco Bagnaia. Nesse primeiro ano, Fenati ganhou mesmo 4 corridas, na Argentina, Espanha, Itália e Aragón, mas com a irregularidade típica das Moto3, também não terminou outras 4 corridas e acabaria o ano apenas 5º.
Andrea Migno e Francesco Bagnaia vieram engrossar a formação em 2015, este último apenas da corrida final do ano em Valencia
Em 2015 e 2016, Romano Fenati já só conseguiu ganhar uma corrida cada ano, e quando em 2016 teve uma birra em que reclamou que não lhe davam a melhor atenção, discutiu violentamente com Salucci, acabando despedido da equipa.
A equipa SKY VR46, que Rossi reúne regularmente para treinar no seu rancho em Tavullia ou na pista local de Misano Adriatico já averbou 18 vitórias (7 em Moto3 e 11 em Moto2) e um campeonato de pilotos, com Francesco Bagnaia a conquistar o título de Moto2 em 2018 após uma batalha ao longo de toda a época com Miguel Oliveira.
A equipa, alinhando nas duas classes mais pequenas, acaba por ser uma das maiores do paddock justamente por isso, chegando a ter 3 pilotos em Moto3, pois alinhou com Nicolò Bulega, Dennis Foggia e Celestino Vietti nas pequenas Moto3 em 2018, mas na sequência de boatos de que esteve prestes a perder o patrocínio na Sky, reduziu isso para 2019 a 2 pilotos, ficando com o #13 Celestino Vietti e o # 16 Andrea Migno.
A exceção foi o Grande Prémio “de casa” em San Marino, onde a participação nas Moto3 foi engrossada para 3 com o Wild card Elia Bartolini, que ainda marcou um ponto ao acabar em 15º lugar.
Entretanto, Nico Bulega transitou para a classe de Moto2 e na sequência de alguns resultados assim-assim, incluíndo não acabar 6 corridas, foi “libertado” para 2020. O seu melhor em 2019, e portanto até agora em Moto2, foi um 7º na Republica Checa, por coincidência o mesmo melhor resultado que tinha conseguido na KTM em Moto3 no ano anterior, mas dessa feita na Tailândia e nas Moto3, onde era geralmente considerado alto demais para a classe. Bulega acabou por ser contratado para a Gresini em Moto2 para 2020.
Assim, para as Moto2 para este ano, quando começar, a VR46 conta com o # 10 Luca Marini e com o #72 Marco Bezzecchi. De Luca Marini, que como meio-irmão de Valentino Rossi da parte da mãe Stefania é muito próximo do Campeão, começa a ser justo dizer que se esperava mais, embora o ano passado o piloto tenha finalmente conseguido alguns resultados consistentes com 2 vitórias seguidas, na Tailândia e no Japão, e outros dois pódios na Itália (2º) e Holanda (3º).
A ameaça de perda da Sky como patrocinador não se materializou e para já, a VR46 engrossa o império comercial de Rossi, que tem um valor reputado de mais de 140 milhões de dólares, e é creditada com a descoberta de muitos dos talentos atuais nas 3 categorias.