MotoGP, 2021: Novo rumo para a Honda LCR
A equipa Honda LCR conquistou três vitórias no MotoGP desde 2016 graças a Cal Crutchlow. Com um possível alinhamento de jovens pilotos de Alex Márquez e Takaaki Nakagami, os objetivos vão mudar em 2021.
A equipa Honda LCR é uma das equipas privadas mais estáveis no Campeonato do Mundo de MotoGP. Lucio Cecchinello, ele próprio um vencedor de sete GPs de 125cc, tem dirigido a sua própria equipa desde que acabou a sua carreira ativa, e muitos patrocinadores estão com ele há décadas.
LCR significa “Lucio Cecchinello Racing”, uma equipa que nunca esteve envolvida em escândalos e foi promovida ao MotoGP após a temporada de 2005, tendo anteriormente focado a sua atividade nas classes de 125 e 250 cc.
Cecchinello descobriu o talento excecional de Casey Stoner nas classes pequenas, promoveu-o ao Mundial de MotoGP com motos Honda e pneus Michelin.
Um ano depois, já na era Bridgestone, Stoner ganhou o campeonato mundial na Ducati de 800cc.
A LCR competiu então com os pilotos Carlos Checa e Randy de Puniet, em 2011 com Toni Elias, de 2012 a 2014 com Helmut Bradl, que teve um segundo lugar em Laguna Seca em 2013, depois veio Crutchlow, em 2015 Jack Miller esteve ao seu lado antes de a equipa ser reduzida a um piloto novamente e em 2018, com a chegada de Takaaki Nakagami, passou novamente a dois pilotos.
Apesar de tudo isto, Cecchinello nunca encontrou um grande patrocinador global. É por isso que dirige a sua equipa desde 2006 evento a evento, com patrocinadores que pagam até 170.000 euros por Grande Prémio, na melhor das hipóteses.
Este sistema é complexo, mas provou o seu mérito. “Quando um patrocinador principal sai, toda a equipa entra em colapso”, diz o italiano. “No meu caso, faltaria apenas uma parte do orçamento, que normalmente pode ser substituído.”
Empresas como a Givi, Castrol e Rizoma usam a equipa LCR como espaço publicitário, mas a equipa de marketing da formação encontrou um patrocinador típico para Nakagami com a ajuda da Honda, que também tem interesse em ter um Japonês na classe rainha.
Enquanto no passado outras equipas clientes da Honda, como a Pramac, a Japan Italy Racing (JiR), a Minolta, a Camel-Pons, a Scot, a Interwetten Grand Prix, a Aspar, Gresini e MarcVDS deixaram a HRC devido a dificuldades com orçamento e outros problemas, a LCR está agora a entrar na sua 15ª temporada de MotoGP com a Honda.
A HRC financia em grande medida a LCR, já que os contratos dos pilotos são feitos, e pagos, pela Honda, mas isso quer dizer que Cecchinello tem pouco a dizer na escolha dos pilotos nos últimos anos, embora tenha normalmente conseguido compromissos aceitáveis.
Mas agora esse equilibrio está em jogo, pois a HRC vai deixar Cal Crutchlow e preferiu Alex Márquez e Nakagami para 2021.
Cecchinello nunca tinha feito segredo do facto de que queria continuar com o inglês em 2021 devido às maiores hipóteses de sucesso, mas ao mesmo tempo conhece as realidades do negócio dos GPs. Voltará a atacar com Cal em 2020 e, em seguida, ambiciosamente, assumirá o seu papel de equipa promotora de talentos para a HRC em 2021.
O potencial de Alex Márquez e Nakagami é indiscutível, mesmo que ainda lhes falte muita experiência.
“Não me interesso por pilotos que se auto-financiam”, dizia Cecchinello sobre a escolha de pilotos. “Só estou interessado em pilotos com grande potencial. Foi por isso que esperei até Nakagami ser um piloto asiático forte, mas que também é atraente para patrocinadores. Eu só avancei com projetos desse tipo em estreita cooperação com a Honda.”
O facto é que a Honda necessita de uma segunda equipa forte e não pode descapitalizar a LCR de Cecchinello, sob pena de matar a galinha dos ovos de ouro.