MotoGP, Testes Misano – Dovizioso: “A Yamaha é muito diferente da Ducati, preciso de tempo”
No dia 22 de novembro de 2020, Andrea Dovizioso despediu-se temporariamente do MotoGP na última prova em Portimão. Na altura, o piloto que deixou a classe rainha com 15 triunfos, recusou-se a falar em demissão, fez nove dias de testes na Aprilia RS-GP e o regresso com a Yamaha não está fácil…
Quando Maverick Viñales deixou a Yamaha mais cedo mais cedo do que se pensava, “Dovi” teve a oportunidade que esperava, confirmada depois com o regresso de Morbidelli que subiu à Yamaha M1 oficial, ficando a M1 SpecA da Petronas à sua disposição em Misano.
Recordando que o italiano de 35 anos terminou no quarto lugar o campeonato de MotoGP em 2012, então com a Yamaha M1 da Tech3, não se pode dizer que “Dovi” desconheça de todo o comportamento da Yamaha, ou que não tenha um conhecimento aprofundado das últimas novidades da electrónica, tendo em conta a experiência acumulada com a sofisticada Ducati GP20. No entanto, o resultado obtido não podia ter sido pior em Misano no domingo passado, 21º e último lugar e mais de 42 segundos atrás do vencedor Pecco Bagnaia, seu sucessor na Ducati. Além disso, o tempo de Dovizioso na qualificação foi de 1’33,095, o que se comparado com a volta recorde de Bagnaia de 1’31,065 dá que pensar.
“O meu objetivo na corrida de Misano era realmente chegar ao mesmo nível do grupo – não procurar ser o mais rápido.“
Durante a semana, nos dois dias de testes de Misano, na quarta-feira ficou a 1’246 segundos de Aleix Espargaró (Aprilia), tendo no dia anterior o experiente italiano dado o melhor de si com uma volta de 1’32,665 minutos, com o 19º tempo e 1,141 segundos atrás de Bagnaia. Isto naturalmente, levanta a questão: será que Dovi imaginou que o MotoGP estaria agora mais fácil?
“É um pouco difícil de explicar, mas especialmente nos dez meses que estive de fora, percebi o quanto nos esforçamos ao máximo para conseguirmos ser velozes. Quando és um piloto de MotoGP e não passas muitos meses parado entre as corridas e os testes, adquire certas coisas que nem percebes e que se tornam normais. Se, por outro lado, estiveres fora por muitos meses – sim, eu completei os testes, mas os testes são uma coisa completamente diferente em comparação com o fim de semana da corrida – começas a colocar mitas interrogações no que fazes.”
“O meu objetivo na corrida de Misano era realmente chegar ao mesmo nível do grupo – não procurar ser o mais rápido. Isso foi conseguido e, do meu ponto de vista, isso não é algo que possa ser dado como certo. Porque é uma moto que não conheço e que tem de ser conduzida de uma forma muito diferente da forma como conduzia a Ducati quando estava na máxima força, ”salientou Dovi.
“Então o que digo é que preciso de tempo. Normalmente, cada um tem sua própria ideia de como abordar uma corrida. Mas claro, isso depende muito da moto que conduzimos, e se não a conhecermos não podemos imediatamente brilhar nos resultados.”
Mas afinal, o que poderá fazer Andrea Dovizioso em Austin? Tendo em conta que já teve com a M1 três dias no GP de San Marino, e mais dois dias nos testes do circuito Misano Marco Simoncelli – uma pista que ele bem conhece – será de supor uma evolução por parte de Dovi, até porque a Yamaha bem precisa de um ‘lugar-tenente’ para que Fabio Quartararo possa terminar o ano em beleza, dando à equipa japonesa um título de MotoGP que lhes escapa desde o fantástico campeonato de 2015, quando Jorge Lorenzo batalhou até ao final do ano com Valentino Rossi, para ser campeão com uma diferença de apenas 5 pontos sobre o italiano.