MotoGP, Crutchlow:”Se não achasse que podia ganhar, não fazia sentido estar aqui”

Por a 22 Agosto 2019 16:00

O G.P. da Grã-Bretanha GoPro é uma ronda especial para toda a grelha de MotoGP, mas especialmente para Cal Crutchlow da Honda LCR Castrol. Agora o único britânico da grelha da categoria rainha, o piloto de Coventry carrega as esperanças de milhares e milhares de adeptos, todos eles querendo testemunhar o primeiro vencedor da categoria rainha no Grande Prémio de Inglaterra em Silverstone.

Poderá Cal Crutchlow concretizar este fim-de-semana? O número 35 fala da temporada até ao momento, da Honda RC213V de 2019 e da antiga pergunta: como é bater Marc Marquez?

Primeiro, havia que perguntar se, apesar de ter conquistado dois pódios nesta temporada, ele esperava mais da sua campanha de 2019:

“O problema é que a expectativa é criada por mim mesmo. Mas eu sabia no teste da Malásia que seria difícil, honestamente, por causa da sensação com a moto. Isso não quer dizer que a Honda tenha feito algo da maneira errada ou assim. Foi apenas o meu sentimento e opinião pessoal com a moto. Eu estava com dificuldades. Conseguia fazer os tempos, poderia até ficar bem classificado, mas não sentia o que eu senti no ano passado ao virar a moto, a minha sensação com a frente da moto.”

 “Acho que agora melhorou um pouco, qjue é uma coisa a que nos habituamos, talvez. Não é como se tivéssemos trazido algo novo e de repente melhorou. Eles tentaram muitas coisas para melhorar essa área. Mas para o Marc, está tudo bem. Para mim, ainda não me sinto fantástico com isso, mas posso andar a 100%. Posso lutar pelo pódio, fazer um bom trabalho. Mas acho que seria mais rápido se tivesse uma sensação melhor com a moto. O que funciona para um piloto ou dois nem sempre funciona para outro.”

“Por isso, eu definitivamente não esperava ir ao Qatar e começar com um pódio, mas foi o que aconteceu. No Warm Up da manhã, estava em 14º. Tive de ir à Q1. E no entanto, de repente, fiz um pódio. Por isso pensei, talvez haja a possibilidade de estar lá em cima afinal. Então fui para a Argentina, fui novamente o segundo mais rápido no circuito a seguir ao Marc, mas fiz aquela falsa partida… Por isso fomos para o Texas. Ainda tudo com a mesma sensação.”

“Mas ainda acredito que posso fazer uma boa temporada. Eu caí no Texas quando estava em terceiro lugar, tive algumas corridas más, mas já tinha um ritmo forte em Barcelona e no Sachsenring, fiquei no pódio mais uma vez. Ainda acho que posso fazer pódios no final do ano, sem dúvida. Se me perguntassem antes da primeira corrida, onde queria terminar a temporada, não sabia se seria o último ou o primeiro. Eu não tinha ideia, por causa do meu tornozelo.”

 “As pessoas parecem esquecer esta coisa do tornozelo, mas eu não esqueci, porque ainda me magoa diariamente. E não é fácil andar, não estou confortável. Eu não posso usar o travão traseiro como gostaria, como usei no passado. Por isso, não havia expectativa.”

“Para mim, no momento, ainda não há expectativa. Consegui alguns pódios. Ótimo. Eu poderei ganhar uma corrida este ano? Talvez. Posso estar no pódio novamente? Sim. Eu acredito que sim. Mas obter as informações todas, terminar as corridas e fazer um bom trabalho é crucial. Mas eu não pensei que após o primeiro teste eu estaria realmente competitivo este ano. Sinto que estou mediamente competitivo”.

Finalmente, Crutchlow sente que pode derrotar Marc Marquez? O Campeão do Mundo tem estado em forma em 2019, terminando dentro dos dois primeiros em todas, menso uma prova, quando caíu no Texas. Então, Crutchlow terá um plano para levar a melhor do seu homólogo de fábrica da Honda?

 “Eu não preciso planear nada com o Marc para vencê-lo porque ele fará o oposto do que se acha que ele vai fazer. Chega-se ao fim-de-semana da corrida e às vezes pensa-se: “OK, em Brno, ele não é tão forte”. Eu tenho sido mais forte em Brno em alguns anos em certas áreas. E depois ele sai para a pista e é mais rápido do que eu nessa área. Não vale a pena dizer: “No ano passado, ele foi lento ali”.

Ele entende, entende muito bem onde precisa de melhorar em relação ao ano anterior ou o que quer que seja. É difícil planear vencê-lo, mas, é claro, acho sempre que posso. Como eu sempre disse, se não achasse que podia ganhar a corrida, não fazia sentido estar aqui. ”

A determinação obstinada de Crutchlow terá que estar a pleno vapor em Silverstone, se ele quiser superar as dificuldades e acabar com os 42 dolorosos anos que os fans britânicos do motociclismo passaram sem uma vitória de um piloto da casa no G P. de Inglaterra.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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