MotoGP, 2021: Tantos quases no Grande Prémio da Áustria

Por a 18 Agosto 2021 14:00

Mesmo levando em conta a habitual imprevisibilidade da MotoGP, a segunda visita ao Red Bull Ring provocou emoções fortes, e trouxe e à tona uma série de factos extraordinários

Agora que a poeira assentou, podemos olhar com frieza para a corrida na Áustria e vemos que foi, principalmente, uma corrida de quase-quase.

Senão vejamos: George Martin saiu da pole com a Ducati da Pramac e quase-quase ganhou, fazendo praticamente toda a corrida nos primeiros 4 até vir trocar de moto à 25ª volta, quando rapidamente subiu de novo a posições de pódio…

Bagnaia, de certo modo, andou na outra direção na Ducati Lenovo, saltando para o comando e andando na frente 23 das 28 voltas, apesar das condições variáveis e rápida alteração da aderência da pista, antes de reproduzir a ida à boxe de Martin, indo um melhor para acabar segundo.

Muitos acreditavam que estava na sua hora com uma vitória que quase, quase, se concretizou, porém o maior quase-quase foi ver Brad Binder vencer: a caminho, quantas vezes ele quase perdeu controle da sua moto, quantas vezes no traçado molhado e a chover cada vez grande escorregões quase o fizeram deitar tudo a perder?

E no entanto, misto de loucura e pilotagem inspirada, o piloto da KTM Red Bull foi capaz de manter a moto direita em slicks e prosseguir no seu caminho… e ainda bem, salvando a KTM numa das raras quedas de Miguel Oliveira, que quase-quase perdeu muitos pontos, salvo pela coincidência de o ausente Viñales, e o caído à 18ª volta Zarco, os pilotos imediatamente à sua frente na pontuação, não terem pontuado também .

Depois Rossi quase-quase marcou o seu pódio número 200 a dada altura, quando todos foram trocar de moto e Vale se encontrou nos lugares da frente com a Yamaha da Petronas.

Jack Miller, outro possível depois de ter chegado a andar em 5º, baralhou as táticas e fez uma corrida da frente para trás a caminho de um inglório 11º…

Também Marc Márquez integrou o grupo da frente e quase venceu, após uma troca de motos bem calculada, mas ao avaliar mal a quantidade de chuva na primeira zona do circuito, a sua corrida ao pódio acabou também com uma queda a duas voltas do fim, salvando mesmo assim o último ponto com 15º…

Tal como Miguel Oliveira, que mais uma vez quase aprendeu a andar com o Michelin dianteiro que tem afetado tanto a prestação das KTM…

Mas extraordinária no meio disto tudo, e a verdadeira marca de um campeão em perspetiva, foi a contenção de danos efetuada por Fábio Quartararo.

No dia em que viu que não podia ganhar, depois de opinião geral de que as Ducati estariam em vantagem e as Yamaha em inferioridade no Red Bull Ring, o (agora único) piloto da Yamaha Monster conseguiu manter-se no pódio e nenhum dos seus adversários diretos pontuou mais do que ele, conseguindo assim ainda aumentar a sua vantagem na liderança a caminho do que será certamente o seu primeiro título este ano.

As duas Suzuki colocaram-se no número dos da frente todo o fim-de-semana e quase protagonizaram outros excelente resultado com Mir a acabar em 4º e Rins em 14º…

Mas há mais: Enea Bastianini entrou no top 10 em poucas voltas, até partes da sua Ducati começarem a abandonar o navio, forçando a paragem após 7 voltas…

Iker Lecuona, com um arranque brilhante em que passou de 16º para 8º, quase concretizou na corrida, ao chegar a estar em 3º na última volta, a forma brilhante como veio ao de cima nos treinos no molhado, e não terá feito mal nenhum as suas perspetivas de se manter na MotoGP para o ano.

Entretanto, um Maverick  Viñales sentado na borda da pista a ver, quase inverteu o mal que fez com as suas palavras ao pedir desculpa à Yamaha incondicionalmente… mas não importa, porque já está… quase na Aprilia!

Até em termos das marcas, a palavra quase se aplica soberbamente a certas situações:

Aleix Espargaró, que também andou em 2º três voltas no fim, quase deu à Aprilai o seu melhor resultado de sempre.

A Honda quase teve um bom resultado até também Nakagami e Pol Espargaró ao serem afetados pelas condições, deixando Alex a melhor Honda em 9º… e Cal Crutchlow, que normalmente teria uma palavra a dizer no molhado, quase não foi o último na Yamaha da Petronas…

Agora temos de esperar por Silverstone, que está quase a acontecer, quando tudo pode baralhar-se de novo.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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