MotoGP, 2021, Jerez: Velocidade em curva é o segredo da Yamaha

Por a 8 Maio 2021 14:00

A velocidade em curva é essencial para o sucesso da Yamaha, mas só se tiver pista livre pela frente, pelo que a qualificação é mais importante que nunca

“Neste momento a Yamaha é a mais rápida em curva, especialmente em curvas rápidas!” Ramon Forcada

Pelo menos, isto é o que acredita o técnico de Franco Morbidelli Ramon Forcada que diz que as motos sem um excesso de potência têm um desempenho sempre melhor quando tem pista livre à frente.

A MotoGP teve quatro provas até agora, e três delas foram vencidas pela Yamaha com Viñales e Fábio Quartararo, e é justo dizer que sem o problema de tendinite que afetou Fábio em Jerez, teriam sido provavelmente quatro, uma limpeza das vitórias, negando a Miller o seu primeiro sucesso na Ducati oficial… mas será isto porque a Yamaha é a melhor moto em Pista, mantendo Fábio Quartararo como o grande favorito para 2021?

O ano passado mostrou que a fogosidade, por si só, não basta e é preciso adicionar consistência, cometendo o mínimo de erros possíveis como fez o ano passado Mir na Suzuki.

É inegável que a Yamaha começou em grande este ano, sem nenhuns problemas técnicos, mas neste momento o campeonato é liderado pela Ducati de Francesco Bagnaia e nos primeiros seis há três motos de Borgo Panigale, com Zarco em quinto e Miler em sexto graças à sua vitória em Jerez, pelo que somos levados a concluir das primeiras corridas da época, que vence a Ducati, que tem a moto mais rápida, se não mesmo a mais completa, mas a Yamaha está mais à vontade em várias pistas, como demonstrou também Frankie Morbidelli.

Até agora a Yamaha conta com três vitórias e um terceiro lugar enquanto a Ducati tem apenas uma vitória, 4 segundos e um terceiro.

A Yamaha parece ter vantagem nessas pistas, mas por outro lado a Suzuki só tem um terceiro lugar e defende o título.

Tudo isto sugere que a luta pelo título vai ser um assunto entre a Yamaha e a Ducati mas é aqui que é interessante escutar Ramon Forcada:

“Neste momento a Yamaha é a mais rápida em curva, especialmente em curvas rápidas, e a velocidade de Fábio nem sequer depende dos pneus, o desempenho nas curvas não depende inteiramente dos pneus.

O assunto da pilotagem é complicado especialmente nas motos sem muita potência e portanto com menos aceleração, que se dão sempre melhor em pista livre. Se têm de sacrificar a trajetória para acomodar outras motos, é difícil depois compensarem na saída em aceleração.

Isto significa que a única estratégia para a Yamaha é arrancar à frente e poder escolher as suas próprias trajetórias sem ser incomodada, e portanto atrapalhada por pilotos que não tem a mesma velocidade em curva, mas que são difíceis de ultrapassar porque têm superior aceleração.

Foi exatamente isso que Quartararo fez na última corrida em Jerez antes de ser atrasado por cãibras nos braços.

A solução para a Yamaha é ter sempre um bom arranque. É uma coisa que de momento Quartararo consegue fazer, mas nem tanto para Viñales ou Morbidelli que ainda está mais prejudicado por ter um motor menos potente.

Isto também se aplica a Valentino Rossi, que apesar dos maus resultados, por vezes tem bom ritmo durante as corridas.

Gigi Dall’Igna da Ducati também está perfeitamente ciente da importância de arrancar da frente, e é por isso que nas épocas recentes trabalhou tanto no sistema de arranque que lhes dá vantagem e a Yamaha ainda não desenvolveu completamente apesar de ter em testes há mais de um ano.

O duelo nos Grandes Prémios a seguir vai continuar a ser especialmente sobre a qualificação porque no Moto GP moderno, arrancar o mais à frente possível é essencial.

Isto é também o que tem prejudicado, como sabemos, Miguel Oliveira e a KTM porque os seus baixos lugares na grelha não lhe permitem lutar à frente independentemente do seu ritmo ser igual ao dos líderes frequentemente.

Por outro lado, os progressos com a aerodinâmica, travões e pneus, permitem travagens cada vez mais no limite, mais uma vez dificultando as ultrapassagens,  um problema que espelha de certo modo o que se passa na Formula 1.
A Yamaha tem-se dado bem nos setores mais curtos, onde esperaríamos que a Honda e Márquez dominassem mas quando a Ducati recupera à saída de curva em aceleração, qualquer tentativa de ultrapassagem parece fútil.

Esta é a razão por que Franco Morbidelli está com maiores dificuldades ainda que os seus colegas de marca, mas do ponto de  vista dos motores isso não vai mudar este ano, por isso a Yamaha necessita de ver o que pode fazer em termos das afinações de chassis para compensar.

Entretanto, a qualificação e portanto a posição inicial na grelha vão ser mais importantes do que nunca!

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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