MotoGP, 2021, Doha: mais sorte da segunda vez?

Por a 31 Março 2021 12:00

Os muitos problemas sentidos por algumas equipas em Losail na corrida de abertura da época dificilmente serão resolvidos numa semana… quem ganha é o público com a imprevisibilidade do espetáculo

Muitas equipas e pilotos vão estar à espera de melhorias para o Grande Prémio da Doha no Qatar… infelizmente grandes diferenças em desempenho, aderência ou consistência poderão ser difíceis de obter pois têm mais a ver com as condições da pista do que com mudanças que possam ser efetuadas nas motos.

A primeira corrida do ano no Grande Prémio Barwa do Qatar veio após cinco dias de teste no circuito.

É justo dizer que, ao longo desses testes, uma variedade de condições foram encontradas e todas as marcas conseguiram afinar as motos a seu gosto dentro do possível.

Por outro lado, se não o fizeram, problemas encontrados relacionados com a configuração do circuito ou condições como vento a areia na pista dificilmente podem ser resolvidos de uma semana para a outra.

É lógico e uma verdade irrefutável que as equipas vão para o Grande Prémio de Doha uma semana depois da abertura da época com muito mais dados recolhidos sobre a pista do Qatar.

É previsível e óbvio que as Ducati continuarão a ser rapidíssimas e as Yamaha e Honda vão mostrar velocidade, mas continuar a exibir os problemas que tinham de tração especialmente na fase do arranque, e de desgaste de pneus ao longo da corrida.

Outras marcas como a KTM ou a Aprilia vão ter que afinar as ciclísticas ainda mais cuidadosamente, quem sabe sacrificando velocidade por volta, para não arriscar uma repetição do cenário de desgastar os pneus na primeira fase da corrida tentando simplesmente acompanhar o pelotão, quanto mais chegar à frente…

Uma marca que parece ter funcionado bem e provavelmente funcionará ainda melhor é a Suzuki: sem nunca ter liderado propriamente, Mir e Rins nunca apresentaram problemas em particular mas, de facto, o grande dilema que enfrentam é muito semelhante ao de todas as outras máquinas:

Escolher um pneu macio para colocar a mota onde querem e andar rápido, só para descobrir que a 10 voltas do final a mote está inguiável, ou selecionar um pneu duro para durar a corrida toda, que não funcionará bem nas condições.

Aqui, as características de motor de cada marca têm uma palavra a dizer:

As Yamaha e Suzuki, com capacidade de curvar em grande arcos suaves mantendo velocidade em curva quando não têm ninguém em frente a atrapalhar podem ter vantagem, mas para isso terão de fugir à frente ou andar isolados.

As V4, com entrega mais violenta e sem grande ganchos pára-arranca para aproveitar a saída em baixa superior, estarão de novo em desvantagem, embora a Ducati tenha mais que compensado isso em larga media nas duas extremidades: No arranque, à custa do pacote electrónico e do dispositivo mecânico que baixa a suspensão, e no topo através da velocidade máxima que nenhuma outra marca iguala.

Obviamente imenso vai depender das condições atmosféricas:

Temperaturas frias não vão ajudar e o vento que traz uma fina camada de areia para a pista e compromete a aderência também não, por isso estes são dois fatores a complicar ainda mais a habitual roleta.

Teremos que esperar por sexta-feira para ver como está o tempo na pista de Losail e como se desenvolvem os primeiros treinos livres…

Uma coisa é certa, não vai haver um momento de descontracção até ao dia da corrida na procura da melhor afinação de cada moto que possa trazer uma vantagem, ainda que psicológica, a cada piloto.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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