MotoGP, 2020, Valência: Com Oliveira e Binder e sem concessões, 2021 é “desafio adicional” para a KTM

Por a 2 Novembro 2020 17:00

A KTM perde as vantagens de ser uma “equipa de concessão” devido aos lugares do pódio na atual temporada de MotoGP, além de perder o seu suposto piloto de ponta para 2021, pois Pol Espargaró vai mudar-se para a Honda

“Todos os pilotos superaram as expectativas. Eles puxam-se mutuamente e isso também contribui para o desempenho”, diz Sebastian Risse, Diretor Técnico da KTM, sobre a forte temporada de MotoGP do fabricante austríaco: Duas vitórias (Brad Binder em Brno e Miguel Oliveira em Spielberg), bem como mais três lugares no pódio e uma pole position de Pol Espargaró foram alcançadas até agora em 2020, depois de um melhor resultado anterior de um pódio à chuva.

O facto de estes sucessos resultarem na perda de concessões para os recém-chegados a partir de 2021 é pouco preocupante:

“Claro que estamos numa posição intrigante porque perdemos as nossas concessões. Esse é um desafio adicional que iremos enfrentar no próximo ano e também significa que vamos estar a dar ainda mais o litro no inverno. Não só as regras do ponto de vista técnico mudam, mas também a abordagem, pois é importante trabalhar em conjunto com a equipa de teste, a fábrica e a equipa de corridas para obter o melhor motociclo possível em pista.”

Como lembrete, as “equipas de concessão” gozam de toda uma série de vantagens, como terem mais dois motores por piloto, e os pilotos regulares também podem testar sem restrições e, menos esta temporada por cauda do Covid, são-lhes permitidos cinco em vez de três participações de pilotos wildcard por temporada.

Logo que excedeu os pontos de concessão, a KTM perdeu uma concessão com efeito imediato: Os quatro pilotos regulares já não estão autorizados a participar em testes privados.

Além da perda de concessões, a KTM Red Bull também renuncia aos serviços de Pol Espargaró, que se tem afirmado como ponta de lança do projeto austríaco de MotoGP em pouco menos de quatro anos.

Os dois estreantes no plantel, Brad Binder e Iker Lecuona, também não poderão aproveitar a experiência de todas as pistas do MotoGP em 2021, uma vez que o Coronavírus viu muitos Grande Prémios retirados do calendário este ano.

Claro que é um desafio, está claro. Mas também temos o Danilo [Petrucci], que tem muita experiência, embora não na nossa moto”, acrescentou Risse sobre a posição inicial para 2021. “Os nossos pilotos estão todos bem. É verdade que, em algumas pistas, não puderam ganhar experiência porque não fomos lá, mas não podemos mudar isso. Vamos aproveitar ao máximo. No geral, acho que ganharam muita experiência com a coordenação e as coisas que se fazem nos fins-de-semana normais de corrida. Não é o seu primeiro ano no Campeonato Mundial. Certamente agora temos um piloto que tem mais experiência do que os outros e que vamos perder, mas temos muitos bons pilotos e vamos dividir o trabalho para que possamos fazer tudo bem no final.”

Além disso, o trabalho de desenvolvimento é, de qualquer modo, confiado ao tester Dani Pedrosa.

“Dani é um piloto muito completo, ele pode-nos ajudar em qualquer área“, disse Risse. “Claro que ele se concentra sempre onde pensa que vê um ponto fraco na moto, e estamos a trabalhar com ele para melhorar estes aspetos. Claro, em termos de altura, Dani é muito especial, mas também tem uma boa compreensão sobre desenvolver algo para si pessoalmente ou em geral, para melhorar a moto. Pode distinguir os dois muito bem e é definitivamente uma grande ajuda em todas as áreas da moto.”

O diretor técnico não quis revelar o que vai mudar na RC16 para a próxima temporada, dizendo apenas:

“É verdade que podemos fazer alguma coisa para o próximo ano porque estamos no período de transição entre equipa de concessão e equipa sem concessões. Também esclarecemos isso, mas ainda não posso dizer como será a nova moto. Ainda estamos a trabalhar nisso, o Dani tem um programa de testes muito completo. Como sempre, trabalhamos em todas as direções. Não teremos de determinar em que é que a nova moto será diferente até que o programa de testes esteja completo, o que só acontecerá no final de Novembro.”

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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