Miguel Oliveira marca primeiros pontos em MotoGP
O Grande Prémio da Argentina de 2019 ficou marcado pela estreia de Miguel Oliveira nos pontos do Mundial a bordo da KTM da Red Bull.
Apenas na sua segunda corrida na classe rainha, e num circuito onde ainda detinha o recorde da classe mais pequena de Moto3, a prestação do português tem de ser considerada excecional, não só no resultado final da corrida, mas em todo o fim de semana.
Decerto, Oliveira aprendeu muito na estreia no Qatar e utilizou essa aprendizagem em Termas de Río Hondo, pois privilegiou uma afinação de chassis porventura mais conservadora, mas igualmente mais coincidente com o objetivo de terminar nos pontos…
Oliveira começou por terminar 16º no primeiro treino livre, com um tempo de 1:41:513, um excelente começo. No segundo treino livre de Sexta feira, desceu mesmo para 19º em termos de posição, mas baixando a sua melhor volta uns massivos 1,5 segundos para 1:40.006.
De notar que nessa sessão os mais experientes pilotos da equipa KTM de fábrica Espargaró e Zarco foram, eles próprios, apenas 16º e 17º e Oliveira ficou a 0,045 de ambos… A luta do português, juntamente com a experiente equipa técnica da Tech 3, liderada do lado de Oliveira por Guy Coulon, toda uma referência no Mundial há 30 anos, prendia-se com permitir ao português ser rápido, como já o fora no Qatar, mas sem desgastar prematuramente o pneu traseiro, para lhe permitir lutar por posições ao longo da corrida e mantê-las no final…
“Hoje foi um bom dia e conseguimos melhorar muito entre o FP1 e o FP2. Fizemos um trabalho fantástico e eu senti-me confortável na moto, o que nos permitiu ter um bom ritmo na segunda sessão de treinos. Ainda continuamos a trabalhar para melhorar o facto de com um pneu novo não sentirmos tanta tração como com os outros, por isso existem pormenores a ter em atenção para conseguirmos ser o mais competitivos possível.”
“Senti-me com um bom ritmo para corrida e com a moto em geral, fiz sempre muitos bons tempos com o pneu médio atrás e apenas faltou ter um pouco mais de performance com o pneu novo atrás, o soft, que foi o que nos prejudicou um bocado a nossa posição final no dia de hoje. No geral, estou muito contente com o resultado final e com o meu ritmo de pilotagem. O objetivo é continuar a melhorar cada dia mais, tal como foi feito hoje.” -disse ele no final da Sexta Feira.
Assim, Miguel parte no dia seguinte para a FP3, a que conta para definir quem participa nas sessões cronometradas, com redobrada confiança… de tal modo que nesta, talvez a mais importante das sessões de treinos, acaba de novo em 16º… e o tempo baixa de novo, para os 1:39.552!
Esta posição não o passa para a Q2 automaticamente, como aos primeiros 10, mas num campo mais rarefeito, vai permitir-lhe lutar pelas posições da frente na Q1 praticamente logo a seguir… Antes, ainda fica em 19º de novo na FP4, que já não conta para a qualificação, com um crono de 1:40.686.
Começa então a primeira sessão qualificativa, que é dominada pela Honda de Nakagami, e em que Oliveira baixa a sua melhor volta para os 1:39.298, e é este tempo que lhe dá um excelente 14º na grelha.
“Foi um dia de qualificação bastante positivo, porque conseguimos melhorar a posição de arranque face ao Qatar, o que é muito bom. Sinto-me muito bem com a moto e acredito que consigo ser ainda mais rápido. Fiz a minha qualificação sempre sem cones de ar e sem referências, portanto estou muito contente com a minha condução e muito otimista para começar a corrida amanhã.”
O piloto português da equipa Red Bull KTM Tech3 iniciou o dia da corrida mesmo dentro do Top 10, ao terminar a sessão de Warm Up na nona posição, à frente de todas as restantes motos KTM, o que prenunciava um bom resultado na corrida.
Partindo para as 25 voltas do Grande Prémio da Argentina com a combinação de pneus que favorecera ao longo dos treinos para a prova. e que tinha por estratégia permitir-lhe um final de corrida forte, (um Michelin duro na dianteira e médio atrás) o “rookie” mais famoso de Portugal lutou, ao longo da distância da prova, para ganhar algumas posições, pois apesar de baixar no início um par de lugares, encontrou-se logo a seguir de novo dentro dos lugares pontuáveis até 15º.
Quando o final da corrida se aproximava, Miguel mantinha obstinadamente a perseguição a Pol Espargaró em 13º, o que, quando Viñales e Morbidelli colidiram na volta final, ficando ambos de fora, lhe permitiu subir ainda 2 posições para um excelente 11º lugar final, trazendo consigo 5 pontos do Circuito de Termas de Río Hondo.
Ao acabar apenas a 0,256 de Pol Espargaró à sua frente, e com um melhor tempo em corrida de 1:40.598, Miguel Oliveira foi a segunda melhor KTM e terminou a corrida como o segundo melhor rookie, pelo que disse entusiasmado no final:
“Estou muito contente com esta corrida. Ficar nos pontos era o nosso objetivo e isso deixa-me muito contente a mim e à equipa. Fizemos uma boa corrida, com um bom ritmo. No final esforcei-me para ultrapassar os irmãos Espargaró, contudo o tempo que realizava em reta não me permitiu fazê-lo, pois precisava de forçar muito a travagem para realizar uma ultrapassagem e isso era bastante complicado. Estou muito contente com a minha evolução, no geral, e com a moto.”
Refletindo, acrescentou ainda:
“Sinto que estamos no bom caminho, pois ficámos apenas a uma décima da melhor KTM e isso deixa-nos muito motivados para continuar a trabalhar… Está a ser um trabalho árduo, mas estamos a conseguir retirar o partido máximo da moto e isso deixa-nos muito felizes. Vamos agora para o Texas descobrir uma pista nova com esta moto e estamos motivados para continuar um bom trabalho”
Miguel Oliveira fez assim história, ao ser o primeiro piloto português a arrecadar pontos na categoria rainha do MotoGP, encontrando-se agora na décima quinta posição do campeonato quando a caravana do Mundial se desloca para o Circuito das Américas.
(excerto do artigo publicado no Autosport de 3 de Abril 2019)
És enorme Miguel , um orgulho nacional! Vais trunfar é bem visível já este primeiro ano! Sem pressão te apoiamos em todo o lado