GP Qatar MotoGP: KTM com longo caminho a percorrer
Se a estreia da marca de Mattighofen em Moto2 deu que falar com o excelente quarto lugar de Miguel Oliveira na corrida, já na classe rainha a prova da KTM, que este ano entrou no Mundial a tempo inteiro depois do ‘wildcard’ o ano passado em Valência, foi bem diferente.
Como é natural nesta fase do projecto, Pol Espargaró e Bradley Smith, os pilotos que foram recrutados à Tech 3, rodaram durante todo o evento na parte final do pelotão, recolhendo informação para que brevemente a RC18 esteja a lutar em pista com os restantes cinco construtores que estão em competição. No entanto nos treinos livres tanto Espargaró como Smith acabaram por ser mais lentos em comparação com os tempos que tinham obtido nos testes oficiais realizados no início do mês precisamente no circuito de Losail.
Já na corrida e ao contrário do que aconteceu em Valência com Mika Kallio, os dois pilotos conseguiram cumprir o principal objetivo de ver a bandeira de xadrez e por muito pouco não trouxeram pontos para Mattighofen com Pol Espargaró e Bradley Smith a ficarem na 16ª e 17ª posições, respetivamente. Contudo analisando friamente o desempenho dos motos com o patrocínio da Red Bull vemos que ambos os pilotos ficaram à porta dos lugares pontuáveis muito por culpa dos azares alheios que foram sucedendo com os pilotos que rodavam nas posições mais à frente do que por consistência do ritmo de corrida.
Dores de crescimento que são naturais e que irão manter-se nas duas provas seguintes, os Grandes Prémios da Argentina e das Américas, duas pistas onde a RC18 nunca rodou à semelhança do que já tinha sucedido com a pista de Losail. Só com a entrada do Mundial na Europa no início do mês de maio, quando se realizar o Grande Prémio de Espanha, é que poderemos ter uma noção mais concreta do valor da RC18, que começará a encontrar circuitos onde já teve a oportunidade de testar durante o último ano.
Tal como na equipa de Moto2, que tem o importante apoio da estrutura de Aki Ajo, também a formação de MotoGP tem no seu staff elementos com experiência na classe rainha, que podem ajudar a que todo este processo de aprendizagem seja acelerado. Desde logo à cabeça surge o chefe do projecto, Mike Leitner, figura que no passado já foi responsável de moto de Dani Pedrosa na Honda.
Antes do início do Mundial de MotoGP, o MotoSport esteve à conversa com o antigo piloto do Mundial de Superbikes e atual comentador da SportTV, Miguel Praia, que falou um pouco sobre esta presença da KTM em MotoGP. “Segundo a concorrência a grande vantagem da KTM é o motor da moto. Contudo apesar desta ser uma mais valia fundamental neste momento falta tudo o resto. Como é natural num fabricante novo é preciso visitar circuito a circuito, recolher informações, de modo a ir fazendo este caminho, que é longo. Acho que durante a época não se pode esperar mais do que uma ou outra gracinha, pois tem nas suas fileiras dois pilotos que são rápidos e ao mesmo tempo experientes”, concluiu Praia.
Veremos o que acontece no futuro, mas uma coisa é certa onde entrou para competir a KTM nunca esteve para fazer figura de corpo presente e ver a sua prestigiada reputação chamuscada. Foi sempre para ganhar como demonstram os resultados nas mais diversas disciplinas onde a insígnia austríaca está inserida.