António Lima e a segurança nos circuitos

Por a 3 Junho 2016 22:18

Com uma vasta experiência na organização de provas de diversos campeonatos nacionais e internacionais, entre elas provas do campeonato do mundo de MotoGP ou Superbikes, António Lima, um dos responsáveis pelo Motor Clube do Estoril e com responsabilidades de direcção de corrida ao lado dos homens da Dorna em todas as corridas de MotoGP realizadas no Estoril, viveu também de uma forma muito especial os momentos que marcam para já a temporada 2016 do mundial de MotoGP, momentos esses que culminaram com o falecimento de Luis Salom, o jovem maiorquino de apenas 24 anos de idade.

As imagens do acidente são muito pouco esclarecedoras sobre o que se passou mas de imediato algumas vozes se levantaram mais uma vez sobre as escapatórias em asfalto, por onde deslizaram a moto e o corpo de Luis Salom antes de embaterem na ‘Air Fence’ na fatídica Curva 12 do circuito de Montmeló. Para António Lima, a referida escapatória em asfalto em nada alterou o rumo dos acontecimentos e para o experiente director de prova as referidas escapatórias são benéficas em muitas situações.

“As escapatórias em asfalto ajudam a reduzir o número de quedas e no caso do Estoril, por exemplo, o número de quedas na Curva 1 e na Curva 7 (final da recta interior) diminuiu de forma drástica desde que foram construídas. Essas escapatórias permitem aos pilotos poder falhar uma travagem e mesmo assim segurar a moto e regressar à pista sem consequências, o que anteriormente não acontecia porque uma saída em frente nesses dois locais do circuito significada uma queda quase garantidamente.” Por isso António Lima não colocar no asfalto existente na escapatória da Curva 12 de Montmeló qualquer ‘culpa’. “Não teve nada a ver. A saída foi muito rápida, foi mesmo uma fatalidade.”

Palavras de António Lima que considera muito mais perigosa uma opção que foi tomada durante muitos anos e que agora tem sido precisamente substituída pelas linhas de asfalto para lá do corrector. “Para mim a relva artificial é muito mais perigosa para os pilotos que o asfalto. Quando se pisa a relva artificial raramente o piloto evita uma queda, mas felizmente que isso está a desaparecer dos circuitos e quando os pilotos passam além do corrector são penalizados, mas sem quedas.”

António Lima na curta conversa com o Motosport recordou igualmente os anos em que foi director de prova em Macau, considerado como um dos circuitos mais perigosos do mundo, à semelhança da Ilha de Man, provas que na actualidade estão fora da alçada da Federação Internacional de Motociclismo. “São eventos e provas muito especiais mas que não podem estar sob a alçada da FIM. Não fazia sentido os circuitos terem que cumprir tantas regras de segurança e depois termos Macau onde nada disso existia. Os pilotos que competem nessas provas são pilotos muito especiais e é nessas condições que se sentem à vontade. Recordo-me de ver pilotos terminarem os treinos ou as corridas com níveis de adrenalina impressionantes, que os pilotos dos circuitos convencionais não manifestam, era impressionante, bem como todo o ambiente e euforia ao redor desses eventos.”

Do ‘palmarés’ de António Lima – e do próprio Motor Clube do Estoril – fazem ainda parte provas como o  GP do Qatar que nos seus primeiros anos foi realizado com os comissários do clube com sede no Autódromo do Estoril, o mesmo se passando com o GP da China igualmente de MotoGP ou as primeiras provas do Mundial de Superbike em Portimão, entre muitas outras em solo nacional e além-fronteiras. Experiência mais do que comprovada que nos ajuda a compreender se houve falta de segurança ou não em Montmeló, situação que António Lima nega igualmente face à condições do circuito catalão, reforçando mais uma vez que o que se passou esta tarde foi mesmo uma fatalidade que infelizmente teve uma vitima…Luis Salom.

 

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Ego
Ego
8 anos atrás

Boa noite,

Certamente que não vou ser eu a “ensinar” a este senhor o que quer que seja em relação a questões de segurança em Gp’s, mas neste caso em particular, acho que a escapatória contribuiu em muito para o desfecho trágico.

Já circulam imagens na NET em que se vê a mota do Salom a deslizar a sua frente, e esta ao embater nas barreiras “ficou lá” e o Salom bate em cheio mota.

Se foi esse embate que provocou está situação, só alguns o saberão.

Se a escapatória fosse em gravilha se calhar (note se que eu digo “se calhar”) está situação não teria acontecido, pois a mota até podia nem perder velocidade, mas ele certamente perdia.

E nunca fui de acordo com estas escapatórias em asfalto, pois os pilotos inconscientemente sabem que ainda têm mais alguma coisa além dos limites da pista, o que provoca algum tipo de “conformismo” na abordagem de casa curva.

Só para terminar, podendo também estar errado, não me lembro de nenhum piloto de MotoGP (ou outra classe), ter falecido porque caiu na gravilha.

Cumprimentos.

Ego
Ego
Reply to  Rui Belmonte
8 anos atrás

Bom dia Sr. Rui Belmonte,

Desde já agradeço ter respondido e ter dado um parecer diferente, mas nesta situação em específico Mantenho que a escapatória ajudou em muito o desfecho.

Tal como diz “…prenderem…”, e nesta situação podia até não evitar o que quer que fosse, mas a velocidade de embate certamente não teria sido a mesma.

Mas estas questões de segurança sempre aparecem quando um problema existe e “falar depois é fácil”. Na F1 aconteceu exactamente a mesma coisa na morte do Jules Bianchi.

Com os melhores cumprimentos.

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