Moto2 – Miguel Oliveira: “Ser campeão é um objetivo pessoal”
Foi com a humildade dos grandes campeões e sempre com os pés bem assentes na terra que Miguel Oliveira apresentou-se ontem ao início da noite, perante os jornalistas, numa unidade hoteleira, em Lisboa, para fazer o balanço de uma inesquecível temporada de 2017.
Uma época onde regressou à Red Bull KTM Ajo, equipa que já conhecia dos tempos de Moto3, e com a qual agora, em Moto2, tornou-se no primeiro piloto português a vencer uma corrida da categoria intermédia do Mundial, ‘gosto’ que saboreou por três ocasiões, curiosamente nas últimas três rondas do ano. A isto juntou ainda duas poles e três voltas mais rápidas em corrida.
“Este não foi um ano para esquecer, pelo contrário. Foi uma época bastante positiva e de aprendizagem, onde fui sempre muito regular. Consegui pontuar em quase todas as corridas e sofri poucas quedas”, começou por dizer o terceiro classificado do campeonato em 2017.
Contudo, Oliveira não esquece o passado recente e sublinhou a importância do difícil ano de estreia que teve, em 2016, na categoria das 600cc. “Não quero esquecer o ano passado que também foi muito importante, pois tive de adaptar-me a uma categoria nova. Todas as adversidades que encontrei fizeram-me crescer enquanto piloto. Tudo contribuiu para o terceiro lugar do campeonato que obtive em 2017. O Miguel Oliveira do final de época de 2016 não é o mesmo do final de 2017”.
Já sobre a próxima temporada, Miguel Oliveira mantém o pragmatismo apesar de ter a perfeita noção de que será um dos pilotos de ponta na discussão pelo título e de este ser um “objetivo pessoal”.
“Sei que há uma lista de candidatos ao título, onde estou inserido. Ser campeão é um objetivo pessoal, mas nada é garantido. Todos os pilotos começam com zero pontos e existem muitos adversários que vão dar grandes dores de cabeça, enquanto outros poderão aparecer numa ou outra corrida e não serão tão regulares”.
O título mundial está na mente do luso, mas está longe de ser uma obsessão mesmo tendo em vista uma possível ascensão ao MotoGP em 2019. “Preferia subir à classe rainha como campeão do mundo, mas se tal não acontecer não será um problema”.
Apesar de confessar que não tem uma “estratégia traçada” para o ataque a 2018, o vice-campeão do mundo de Moto3 em 2015 sabe bem o que é necessário fazer de modo a estar mais perto de saborear o champanhe da vitória.
“Gostava de ter uma estratégia, mas é difícil traçar algo. O importante sobre um campeonato é não construir expectativas. Isto porque as expectativas não correspondidas alimentam a desilusão. Em 2017 o não esperar nada, estar muito focado em mim próprio e estar despreocupado com os outros pilotos foi uma vantagem para mim. Para o próximo ano quero manter a mesma mentalidade. Sei que tenho de somar o maior número de pontos possíveis, precaver-me nos dias maus e contentar-me com posições mais modestas de forma a não deitar tudo a perder”, concluiu o piloto de 22 anos em conferência de imprensa que antecedeu um encontro com fãs e pilotos que competiram na primeira edição da Oliveira Cup, competição que, como o próprio nome indica, é promovida por Miguel Oliveira.