Moto GP história: Quase, quase, Gianfranco Bonera

Por a 10 Maio 2020 16:22

Continuando a nossa série de vice-campeões, que é como quem diz, pilotos que quase-quase ganharam o Mundial de 500, o que se segue na lista, recuando aos anos 70, é Gianfranco Bonera.

Bonera nasceu em Porpetto, Itália, a 2 de Abril de 1945. O seu melhor ano foi em 1974, quando ganhou o Grande Prémio das Nações e terminou em segundo lugar a seguir ao seu companheiro de equipa, Phil Read, nas MV Agusta oficiais, no campeonato mundial de 500cc.

Além deste feito como piloto das exclusivas MV Agusta nesses anos, Bonera pode gabar-se do estranho facto de ter fraturado um perna … sem cair da moto! No dia em que se lesionou dessa forma, em meados de Março de 1975, corria-se em Modena, na pista do antigo aeroporto, uma ronda de testes de 500 para o campeonato italiano, e entre outros,e stavam presentes Bonera com a MV oficial, como vice-campeão do mundo no comando da classe.

Bonera preparava-se para a sua temporada mais importante, a segunda com a MV Agusta 500 de quatro cilindros. Era um dos favoritos do Mundial e depois da variante esquerda-direita-esquerda entrou na curva, uma longa esquerda toda feita em aceleração, onde se passava de segunda a sexta. Bonera faz toda a curva, aparentemente sem problemas, mas a seguir, estranhamente, pára perto da ambulância que está estacionada na berma da pista e encosta, com a perna direita no chão. Fala por instantes com duas enfermeiras que o abordam de imediato e depois o levantam da mota, colocam-no numa maca, dentro da ambulância e dirigem-no para o centro médico.

Ao lado de Ago, Read, Lansivuori e Sheene em Itália

Resumindo, Bonera tinha encontrado um fardo de palha desalinhado, talvez movido pouco antes pelo ombro de outro concorrente que não tinha prestado muita atenção ao assunto, e Bonera, a cerca de 180 Km por hora, tinha-lhe acertado em cheio com o joelho esquerdo, fraturando o fémur. Qualquer outra pessoa teria voado pelos ares com o golpe e o choque da dor, mas Gianfranco era duro: forte como um touro, tinha conseguido manter o controlo da moto e fechar a curva sem cair da moto.

A sua MV, mais tarde, apresentava a armação do banco dobrada para a direita pelo menos vinte graus, e o lado direito do tanque fora esmagado pelo joelho, na reação à violenta colisão.

Gianfranco foi substituído na equipa pelo bom Ramon Toracca por alguns meses e depois, após cirurgia e convalescença, voltaria a correr em Junho, em Assen, obtendo um sexto lugar na corrida que continua famosa pela proeza de Sheene: O Inglês tinha deixado a Yamaha de Agostini sem resposta no sprint final com a sua Suzuki e marcou a assim sua primeira vitória nas 500.

Gianfranco Bonera, para que conste, passou depois, em 1976 às classes de 250 e 350 com Walter Villa na Harley-Davidson, na verdade uma Aermacchi remarcada depois da fábrica ter sido comprada pela empresa americana.

Com a primeira das duas cilindradas, deu-se particularmente bem, tanto que ganhou o Grande Prémio de Espanha de 250cc em Barcelona e terminou no pódio quatro vezes nesse ano, pelo que terminou a temporada em terceiro lugar, atrás do seu companheiro de equipa, Walter Villa, e Takazumi Katayama, da Yamaha.

Nas temporadas seguintes alternou participações no Mundial entre uma Yamaha 350 e uma Suzuki 500 com a qual, em 1977, ainda conseguiu um pódio e bons resultados, terminando a temporada no sexto lugar.

Na década de 1980 parou e dedicou-se a dar espetáculo com uma equipa de clássicas Yamaha que tinha começado alguns anos antes com os dois irmãos Oscar e Paolo.

Aos 75 anos, com 38 partidas em Grande Prémio, 2 vitórias, 15 pódios, uma pole e 4 voltas mais rápidas, continua a gostar das corridas de clássicas e, felizmente, está bem de saúde e recomenda-se!

Na Harley-Davidson 350 em 1976

…e na Suzuki nas 500


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