Recordar o GP Portugal Motociclismo 2006: O tal dos 0.002s…

Por a 2 Novembro 2021 11:44

Para o bem e para o mal, os pilotos espanhóis foram as grandes figuras do Grande Prémio de Portugal de 2006. O tal que terminou com 1º e 2º separados por 0.002s. Recordamos o que se escreveu na altura…

Elias «roubou» a vitória a Rossi e estreou-se a vencer em Grande Prémio. Dani Pedrosa praticamente «roubou» o título a Hayden e ofereceu-o de bandeja ao seu grande rival Valentino Rossi, numa jornada negra para a Honda e feliz para a Yamaha. Final à vista emocionante em Valência.

Com a luta pelo título, entre Nicky Hayden e Valentino Rossi, como pano de fundo, a corrida de MotoGP realizada ontem no Estoril tinha tudo para ser um espectáculo memorável, com uma plateia de luxo com o público a bater todos os recordes de presença na pista. Mas contrariando todas as expectativas, mesmo a mais negativas, a corrida acabou por saber a pouco e quase desiludir, valendo acima de tudo pela ponta final, em que assistimos a um verdadeiro recital do espanhol Toni Elias, que supreendendo tudo e todos, até ele próprio, conquistou o primeiro êxito em MotoGP e logo batendo por escassos 2 milésimos de segundo o «rei» Rossi, com Kenny Roberts Júnir a subir mais uma vez ao último lugar do pódio.
Mesmo perdendo, Valentino não se pode queixar, já que o segundo lugar permitiu-lhe ascender ao primeiro lugar do campeonato, com uma vantagem de oito pontos sobre o anterior líder, Hayden, que foi o grande derrotado da corrida, não por culpa própria, mas de um inconsciente Pedrosa, que cometeu um erro imperdoável, prejudicando o seu colega de equipa, o seu patrão (Honda), o campeonato e o espectáculo. Com a desgraça ocorridada no seio da equipa HRC, Rossi necessita apenas de um segundo lugar em Valência, independentemente do resultado de Hayden, para conquistar o título.

Surpresa atrás de surpresa
A categoria de MotoGP não deixa de nos surpreender e ensinar que nada está definido e tudo é possível, como o justifica a história do campeonato deste ano, um dos mais espectaculares e surpreendentes dos últimos tempos. A prova portuguesa não foi excepção, com surpresas, casos e emoções. Logo na segunda volta, Casey Stoner (Honda), um dos mais brilhantes nos treinos, «beijou» o asfalto e arrastou consigo Sete Gibernau, com o espanhol a sair mal do filme, com lesões numa mão, numa corrida ingrata para a Ducati, que depois de uma excelente faz desiludiu nos treinos e na corrida em Portugal, com Capirossi a concluir num modesto 12 lugar.
Mas os casos não ficaram por aqui e na quinta volta aconteceu o acidente que viria a marcar a corrida, com Pedrosa a efectuar uma manobra arriscada e desnecessária – que mais parecia uma responsta a Hayden, que pouco antes o tinha ultrapassado – imprópria num piloto com o seu estatuto e ainda quando o seu opositor era o seu companheiro de equipa e líder do campeonato que disputava no Estoril a primeira das duas finais que vão decidir o título.
Com alguns dos melhores interpretes fora da corrida, Rossi que largou da «pole Position», ficou ainda mnais tranquilo no comando da corrida, escudado pelo seu colega de equipa Colin Edwards, com um surpreendente Elias na perseguição aos dois homens das Yamaha amarelas. Nas últimas voltas, Rossi relaxou em demasia e acabou por permitir aproximação de Edwards, Elias e Roberts, que entretanto tinha colado ao grupo da frente. Nesta fase decisiva da corrida, Rossi deu a sensação de estar á espera de Edwards para talvez tentar a dobradinha. Só que o italiano não esperava é que Elias estivesse tão forte. «Vi a oportunidade e não podia deixar de aproveitar. Dei o que tinha e o que não tinha, e ainda agora me custa acreditar que ganhei a corrida. Ainda parece um sonho», palavras de um Toni visivelmente feliz, que com este resultado poderá ter garantido a sua continuidadde em OtoGP, que antes parecia em perigo.

MotoGP:
1.º Toni Elias (Honda), 28 voltas em 46m08.739s;
2.º Valentino Rossi (Yamaha), a 0.002s;
3.º Kenny Roberts Jr (KR Honda), a 0.176;
4.º Colin Edwards (Yamaha), a 0.864;
5.º Makoto Tamada (Honda), a 18.419;
6.º John Hopkins (Suzuki), a 25.181;
7.º Carlos Checa (Yamaha), a 29.348;
8.º Marco Melandri (Honda), a 31.813;
9.º Chris Vermeulen (Suzuki), a 40.117;
10.º Randy De Puniet (Kawasaki), a 41.496;
11.º Alex Hofmann (Ducati), a 41.533;
12.º Loris Capirossi (Ducati), a 44.776;
13.º James Ellison (Yamaha), a 1’19.113;
14.º Jose Luis Cardoso (Ducati), a 1’40.716;
15.º Garry McCoy (Ilmor), a 4 voltas.
Campeonato: 1.º Rossi, 244 pontos; 2.º Hayden, 236; 3.º Melandri, 217.

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José Abreu
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