MotoGP, 2021, Aragón: O significado da vitória de Bagnaia

Por a 13 Setembro 2021 15:00

Já demorava, a vitória anunciada de Pecco Bagnaia, que foi simplesmente perfeito em Aragón, mas perante a regularidade e à-vontade de Quartararo, isso pode significar pouco na luta pelo título de 2021

Muito já viam o domínio de Bagnaia na ronda de Aragón como sinal de uma reviravolta no campeonato.

Com posições constantes no top quatro dos treinos, para acabar por fazer a pole com um 1:46:322, a volta mais rápida de sempre a Motorland, que obliterou por quase 2 segundos o recorde de Morbidelli de 2020, ainda assim Bagnaia não era o vencedor óbvio, pois já fez esse tipo de prestação antes nos treinos, para depois desaparecer nas corridas, e pelo contrário,

Depois, Marc Márquez tinha um registo impressionante no traçado, que tem a maioria das curvas na direção que lhe agrada, e parecia mais forte que nunca, apesar da ocasional queda que faz parte.
No evento, os dois acabaram por dar ao longo das 23 voltas da corrida o que foi talvez o maior espetáculo de MotoGP até hoje esta época, trocando posições 14 vezes só nas últimas duas voltas.

Quando Marc Márquez fez uma última tentativa desesperada de ultrapassagem que resultou no afastamento da trajetória ideal, já nada havia a fazer para impedir Bagnaia de ganhar assumindo ao mesmo tempo a segunda posição no campeonato, já que o anterior segundo Joan Mir marcou menos 9 pontos que ele em terceiro.
Mas um homem que não podemos esquecer é Fábio Quartararo, mais à vontade que nunca na Yamaha da Monster Energy, e agora com todos os esforços da formação de fábrica concentrados nele, com um oitavo adicionou mais 8 pontos ao seu total de 214.

O modesto lugar, vindo na sequência de mais uma vitória em Silverstone, podia-nos fazer esquecer que o francês ainda leva 53 pontos de vantagem, mais de duas corridas em pontos, sobre o seu perseguidor mais direto, que é agora Bagnaia, quando faltam cinco corridas para o fim do campeonato.

Isto, se o Grande Prémio das Américas se vier a realizar, o que parece cada vez mais improvável, mas como é natural que possa ser substituído por uma segunda ronda em Valência (se tudo o resto falhar depois da visita pela segunda vez igualmente a Portimão) digamos que há 125 pontos em jogo.

O diferencial detido por Quartararo permite-lhe, fazendo uma rápidas contas de cabeça, acabar o campeonato de tal forma que, mesmo que Bagnaia viesse a vencer todas as cinco corridas a partir de agora, o que é extremamente improvável, mas Quartararo conseguisse ficar no pódio em apenas três delas, o francês seria campeão na mesma.

Pelo contrário, realisticamente, é muito improvável que Quartararo não se venha a impor pelo menos num par das provas que restam, alargando ainda mais a diferença para os seus adversários.

Claro que um erro ou uma lesão nunca estão completamente excluídos na edição mais competitiva de sempre do Mundial de MotoGP, onde um segundo na grelha pode significar 18 lugares como Maverick Viñales descobriu para seu desconsolo ao terminar a sua estreia na Aprilia fora dos pontos em 18º, ou Miguel Oliveira tem vindo a constatar, brilhando ocasionalmente nos treinos, mas depois impedido de juntar tudo para pontos úteis com o método que impõe às suas corridas.


Assim, barrando um imprevisto, temos campeão e o campeão não é Bagnaia, mas igualmente temos de começar a habituar-nos ao gosto amargo de Miguel Oliveira já não ser um candidato ao título este ano, depois de a dada altura na época ter sido o piloto que mais pontos marcara ao longo de três provas.

Dois pontos de 14º souberam a pouco, baixando-o para 9º no campeonato enquanto Binder consolidou o seu sexto com mais 9 pontos no sétimo lugar atrás da revelação Bastianini, a fazer milagres numa moto de 2019!
Se o título parece assim definido, nem por isso o interesse no campeonato de desvanece, pois os lugares imediatos permanecem na incerteza já que Mir, a quatro pontos de Bagnaia, pode facilmente regressar.


Entretanto, quase tão fascinante como as corridas deste ano, que ainda podem apanhar na segunda visita a Portimão a 7 de Novembro, é tentar colocar as peças de xadrez na grelha para 2022, com várias incógnitas ainda em posição, principalmente que ver com a eterna saga dos pilotos Yamaha e do financiamento, ou não, da VR46 de Valentino Rossi.

Para mais, uma leva de talentos frescos vindos das classes subalternas irão também animar as coisas, pelo que 2022 já promete ser ainda mais excitante que 2021… Que ainda não acabou!

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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