Endurance, 2021: Julien da Costa, de piloto a engenheiro de pneus

Por a 14 Abril 2021 14:30

Julien da Costa correu a sua última corrida de Resistência em Le Mans em agosto de 2020. Em 2021, trabalha como engenheiro de pneus da Dunlop

“Um piloto a ouvir outro piloto está mais bem posicionado para o compreender do que uma pessoa normal” Julien Da Costa

Há apenas alguns meses, Julien da Costa estava na sela de uma Ducati de fábrica na sua última corrida, as 24 Heures Moto de 2020.

O piloto luso-francês de 39 anos trocou agora o seu fato de cabedal por um kit de sonda para verificar temperaturas de pneus e do asfalto.

Julien da Costa expande as razões para a sua rápida, mas cuidadosamente preparada mudança:

“Foi uma decisão ponderada e estou muito mais feliz agora. Vários acontecimentos têm-me dado que pensar nos últimos anos. Num desporto de alto nível, é o início do fim quando já não estás convencido de que és o melhor. Passei algum tempo a treinar: trabalho para a Dunlop há seis anos, cinco como piloto e como engenheiro de pista no último ano. No final, o Covid ajudou-me a acabar com a minha vida de piloto. Tive tempo para passar pela transição e começar com este novo trabalho.”

Julien da Costa enquadra-se numa categoria própria entre os engenheiros da Dunlop devido à sua antiga carreira como piloto.

O seu historial inclui três vitórias nas 24 Horas e uma vitória no Bol d’Or de 2010 a 2012, bem como um título de campeão mundial EWC em 2013.

Como resultado, está bem posicionado para compreender as necessidades dos pilotos.

“Um piloto a ouvir outro piloto está mais bem posicionado para o compreender do que uma pessoa normal. Também tenho um certo nível de credibilidade por causa da minha carreira. Espero que me respeitem e, acima de tudo, que confiem em mim. Tento compreender os sentimentos deles e dar-lhes conselhos se se sentirem um pouco perdidos ao testar um pneu novo. Compreendo a análise deles e dou-lhes algumas dicas. Estava no lugar deles há pouco tempo e ainda sei como se sentem. Gosto do lado mecânico das coisas, da compreensão dos aspetos técnicos e da análise de dados. Gosto do que faço e posso dar-lhes certezas, não apenas especulação.”

Julien da Costa é popular entre os pilotos.

“Há seis meses andava de moto, tal como nós“, diz Jérémy Guarnoni, piloto da Kawasaki France. “É um ás. É a primeira vez na minha carreira como piloto que tenho este tipo de conversas com um engenheiro de pneus. Os outros fabricantes devem seguir o exemplo. Contratar um ex-piloto como engenheiro de pneus significa que estamos a falar a mesma língua. 90% das vezes, um engenheiro de pneus expõe a sua teoria, mas tu não confias nele porque ele não testou os pneus. O Julien sabe tudo o que há para saber sobre todos os pneus que testámos. É uma grande vantagem tê-lo do nosso lado. “

Erwan Nigon e David Checa partilham a opinião do colega de equipa, embora Checa acrescente: “É estranho, porque ele era um dos meus rivais no passado. Há cada vez menos deles em pista hoje em dia, faz-me sentir velho.”

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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