MotoGP, 2021: Caso Bradl na Honda começa a incomodar outros fabricantes
Stefan Bradl tem tido uma agenda ocupada e tem aproveitado bem o seu tempo para se tornar no mais conhecido dos pilotos de testes no MotoGP
Em 2020, fez 12 dos 14 Grandes Prémios do calendário da Honda, substituindo Marc Márquez, e continua a treinar na RC213V durante esta época.
Quando chegar ao Qatar, para os primeiros testes a 5 de Março, terá 12 dias de corrida no bolso, contando os treinos que fez desde 22 de Novembro.
Só que, como os pilotos regulares estão impedidos de treinar e Bradl poderá ainda substituir Marc Márquez nos dois primeiros Grandes Prémios em Losail, isso começa a irritar as outras marcas…
Tendo em conta os resultados, a Honda é a grande vítima da perda de Marc Márquez, ainda a recuperar de uma lesão no úmero já operada três vezes.
A equipa de fábrica da Repsol não pode deixar de usar o piloto de testes Stefan Bradl para colmatar a lacuna, mas a forma do Alemão não permite jogar por vitórias, nem mesmo pódios, quanto mais um título.
No entanto, o alemão progrediu e avançou tecnicamente a RC213V, que na verdade começou a mudar. E o mais importante, é que roda tanto ou mais que qualquer outro dos pilotos de testes.
Para os adversários, a sustentabilidade desta situação transforma-se em concorrência desleal.
Agora, a Associação de Fabricantes MSMA está a pensar abrir uma investigação para examinar se o número de solicitações de Grande Prémio dos Pilotos de Teste como substituições não deverá ser limitado…
Neste caso, é a KTM que se manifesta: “A Honda certamente teve uma vantagem no ano passado graças ao piloto de testes Stefan Bradl”, disse Pit Beirer, Diretor da KTM Motorsport.
“Como equipa campeã mundial, a HRC teve oportunidades de teste que só uma equipa concessionada tem normalmente. Foi injusto para outros fabricantes. É por isso que vamos discutir o facto de que um piloto de teste não deve poder, no futuro, ser um piloto de substituição mais do que três ou quatro vezes por ano.”
Há que dizer que esta situação que a Honda viveu em 2020 não tem precedentes. Lesões tão graves e prolongadas como as de Marc Márquez abriram um precedente, num mundo habituado ao regresso dos pilotos incumbentes, três ou quatro corridas, o mais tardar, após uma lesão.
Recorde-se que, normalmente, um piloto de teste só pode fazer um máximo de três aparições como wildcard por temporada.
Só as equipas de concessão, ou seja, fábricas sem pódios como a Aprilia, podem deixar o piloto de testes participar em cinco Grandes Prémios por ano. Mas a Honda está num caso de força maior e a KTM levanta a questão da igualdade de oportunidades.
O que incomoda as equipas adversárias é que a Honda aparentemente já sabia em Agosto de 2020 que Marc Márquez não seria capaz de competir numa única corrida até ao final do ano.
O primeiro enxerto ósseo no início de Agosto tinha sido mantido em segredo, assim como a subsequente infeção. Oficialmente, tanto quanto recordamos dos comunicados de imprensa, Stefan Bradl só era chamado como piloto substituto de um fim de semana para o outro.
Stefan Bradl treinou três dias em Jerez em Dezembro desde o início da proibição de testes, que se aplica apenas aos pilotos em funções, quatro dias em Janeiro, e voltou a Jerez na segunda-feira, onde testou na quarta e quinta-feira, quando a Ducati deixou os seis pilotos regulares treinar em Panigale V4S, que não conta. “Voltaremos a testar na segunda e na terça-feira”, disse Stefan Bradl numa entrevista recente.”Não vou para casa na quinta-feira.”
“A nossa abordagem não é contra o Stefan, mas trata-se de igualdade de oportunidades”, nota Pit Beirer. Recorde-se que a KTM tem no seu seio um renomado piloto de testes em Dani Pedrosa. Mas no contrato deste último, é referido que não pode ser recrutado para correr. Esta opção depende apenas da sua vontade. Por último, note-se que este tema não melhorará a relação entre a KTM e a Honda. Por coincidência ou não, durante a apresentação da equipa austríacas, a Honda emitiu um comunicado sobre a saúde de Marc Márquez e divulgou fotografias de Alex Márquez como as novas cores da equipa LCR, uma clara tentativa de desviar alguma da atenção da KTM…