As outras classes de GP, 17: A Moto Morini 250 Bialbero

Por a 2 Fevereiro 2021 18:00

Entre 1958 e 1967, a Moto Morini 250 DOHC de Grand Prix deixou o mundo perplexo com a sua série de vitórias virtualmente inigualada

Giacomo Agostini em Moto Morini terminou em 4º lugar na corrida de 250cc na Solitude, o Grande Prémio da Alemanha de 1964

Considerado o mais rápido monocilíndrico do mundo, a corredora da Emilia Romagna venceu quase quarenta corridas internacionais, cinco Grandes Prémios e cinco campeonatos italianos.

Giacomo Agostini (2 abaixo) teve a oportunidade de testar a potência do seu motor DOHC em algumas das suas primeiras performances em pistas de corrida.

Para mais, as vezes que ficou em segundo ou terceiro são quase incontáveis.

Que início incrível para um homem destinado a arrecadar quinze títulos mundiais, e tornar-se o maior campeão da história do motociclismo.

Muitos entusiastas argumentariam que a Moto Morini 250 DOHC, que atingiu um pico em 1963, quando o poderio da Honda apenas conseguiu derrotar a única monocilíndrica italiana na grelha com Tarquinio Provini na sela, foi o design mais notável do seu tipo alguma vez concebido.

Quer se subscreva ou não esta teoria em particular, é indiscutível que a moto teve o mais rápido motor de quatro tempos da sua capacidade alguma vez feito. Antes da chegada da sua família de bicilíndricas em V em 1973, a reputação da Morini repousava principalmente nos seus altamente bem sucedidos motores de DOHC que estiveram a um cabelo de arrebatar o Campeonato Mundial de 250cc de 1963 da poderosa Honda quando em 1963 Provini acabou a 2 pontos da Honda de Jim Redman.

Fundada em 1937, a empresa de Alfonso Morini construiu motos ultra-ligeiras a dois tempos no início, antes de desenvolver uma gama de roadsters rápidas de quatro tempos durante a década de 1950, a primeira das quais apareceu no Salão de Milão em Novembro de 1952.

Anteriormente, Alfonso Morini tinha estado em parceria com Mario Mezzetti, fabricando motocicletas sob o nome ‘MM’, incluindo várias corredoras de sucesso e a Morini continuou a participar ativamente na competição após a Segunda Guerra Mundial, começando com uma versão de pista da sua estradista de 125cc a dois tempos.

Em 1949, Morini construiu uma monocilíndrica de quatro tempos para a classe de 125cc e a partir daí usou apenas quatro tempos para as suas motos de corrida.

Construído em 1957, o primeiro esforço da Morini na classe 250 foi baseado na bem sucedida desportiva Rebello de 175cc e apresentava distribuição DOHC por corrente, um arranjo que foi logo a seguir substituído por cascata de engrenagens do lado direito do cilindro.

O motor era originalmente de 246,6 cc com dimensões de 69 x 66 mm e debitava 32 cv às 10.500 rpm.

Numa versão posterior, de 1958, evoluiu para 248,3 cc, quando já tinha dimensões pouco habituais de 72 x 61 mm, desenvolvendo cerca de 36 cavalos às 11.000 rpm para atingir uma velocidade máxima de 220 Km/h.

Equipado com 2 carburadores Dell ‘Orto de 30 mm, a ignição era por magneto duplo, mas houve uma versão de bateria e bobine.

Desta forma, o Morini Bialbero (dupla árvore de cames) de cárter seco, caixa de 5 velocidades e peso de 113 Kg venceu pela primeira vez o Grande Prémio de Itália de 1958, em Monza, com o piloto Emilio Mendogni na sela.

Convencional em termos de chassis com um quadro duplo berço, suspensão telescópica e travões de tambor, o desenvolvimento continuou, com saídas limitadas principalmente às provas do Campeonato Italiano, mas no início da temporada de 1963 a Morini sentiu-se confiante o suficiente para lançar um ataque sério ao Campeonato do Mundo de 250cc.

Começando logo a vencer na Espanha e na Alemanha, e apesar de ter perdido duas rondas do Campeonato, o piloto Tarquinio Provini perdeu por apenas dois pontos, com o título a ir para Jim Redman, montado na Honda.

Como consolação, Provini (acima) acabou o ano em grande com vitórias em Monza e na Argentina e voltou a vencer o Campeonato Italiano.

Provini foi sucedido por Giacomo Agostini, ainda por ganhar fama e logo arrebatado pela MV, seguido por Angelo Bergamonti, que trouxe à Morini o seu último título de campeão italiano em 1967.

Em 1987, a Morini foi comprada pelos irmãos Castiglioni, proprietários na época da Ducati e Cagiva, que mais tarde venderam o conteúdo do departamento de corridas da Morini como um lote.

Parte desse lote, que incluía todos os motores e quadros de competição, vendido a uma coleção privada italiana, a máquina aqui mostrada foi restaurada em 1995 pelo engenheiro Nerio Biavati, um ex-funcionário da Mondial especializado em design de cabeças de cilindro, que tinha trabalhado no departamento de corridas da Morini na década de 1960.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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