MotoE: As diferenças ao pilotar uma elétrica

Por a 23 Julho 2019 15:00

A primeira corrida de MotoE, realizada na manhã de domingo do último fim-de-semana de MotoGP, foi um salto para o desconhecido.

Ninguém sabia bem o que esperar depois de uma simulação de corrida um pouco processional em Valência, enquanto manchas húmidas na pista da chuva dessa noite aumentaram ainda mais a tensão.

Ainda por cima, o planeado sprint de sete voltas foi interrompido prematuramente, quando um acidente de Lorenzo Savadori danificou uma barreira insuflável, com os resultados a contar do final da quinta volta.

Mas foi um espetáculo divertido e muito disputado, com os quatro primeiros cobertos por menos de um segundo e muitas ultrapassagens.

Niki Tuuli (Ajo) escreveu o seu nome nos livros de história como o primeiro vencedor de uma corrida de MotoE.

Bradley Smith (2º, Sepang Team) perdeu a simulação de corrida de Valência devido a testes da Aprilia, mas ao assistir a vídeos do evento, ele conseguiu ver que a “largada a abrir” era o caminho certo.

“Isso é o que eu aprendi com o vídeo, porque vimos o Granado fazer um cavalo na simulação de corrida. A única maneira de ver uma frente no ar assim é se alguém der gás ao máximo no arranque”.

Alguns pilotos tentaram arrancar melhor, abrindo o acelerador ligeiramente e segurando a moto ainda com o travão dianteiro, enquanto as luzes ainda estão vermelhas, mas Smith disse que não vale a pena o risco.

“O problema é que eu não quero dar uma falsa partida. Esse é o risco, levar uma penalidade de falsa partida e ser impossível de recuperar numa corrida de oito voltas.

Smith subiu de sétimo na grelha para primeiro no final da volta de abertura.

“Eu aproveitei algumas hesitações de outros pilotos no primeiro par de curvas”, disse ele. “Eu também estava no lado ‘correto’ da pista, especialmente para evitar as manchas molhadas, e usei os outros como referência, apenas mordemos o lado de fora da pista e siga!”

Di Meglio sentiu que o mesmo se aplica a qualquer erro durante a corrida.

“É preciso ficar perto da frente, porque se cair para a sétima ou oitava posição, a corrida é curta demais para recuperar. E se cometer um erro, é quase impossível”, explicou o francês.

“Eu sabia que a primeira volta era muito importante porque em Valência eu estive muito longe e, apesar de ter conseguido fazer voltas rápidas, era impossível ultrapassar os outros pilotos.”

“É preciso manter o foco e ficar na frente. Quando vi o Hector Garzo atrás de mim, eu disse ‘se ele me ultrapassar, não terei hipótese de lutar pelo pódio’.

“É como estar numa corrida de Moto3, é preciso estar sempre na frente.”

“Seja a eletricidade ou a combustão interna, a maneira de correr é similar”, disse Smith, agora o primeiro piloto a subir ao pódio em 125GP, Moto2, MotoGP e MotoE. “A principal diferença é quando se tem que tentar ‘recuperar’ com uma moto de 260kg.”

Por outras palavras, o peso de uma máquina de MotoE significa que é importante não perder o balanço.

“Quando alguém passa por dentro, temos que ficar do lado de fora, porque se fecharmos o punho e acelerarmos novamente, perde-se muita velocidade por causa dos 260 kg.”

Embora no Sachsenring a corrida tenha sido seca, tinha havido testes à chuva, onde o peso se mostrou uma vantagem.

“O peso da moto, acho que não é grande problema e vimos em Jerez [teste] quando estava completamente molhado a moto é inacreditável porque tem mais aderência do que uma moto normal”, disse Di Meglio.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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