Mugello problemático para Oliveira

Por a 5 Junho 2019 16:30

Miguel Oliveira tinha grandes ambições à chegada a Mugello para o Grande Prémio de Itália.

Não só é um traçado onde o português já brilhou no passado, tendo aqui vencido pela primeira vez nas Moto3 em Maio de 2015, mas depois nas Moto2 o circuito deu-lhe a sua primeira vitória da temporada igualmente, há exatamente um ano. Mas também se poderia esperar que a grande reta e curvas encadeadas de alta velocidade se prestassem bem às características da sua KTM RC16, que passa por ter boa velocidade em curva e geralmente boa ponta final também.

O problema principal da moto, a sensação à entrada de curvas após travagens violentas, só se aplica parcialmente em Mugello devido à natureza fluída do traçado. Porém, Mugello avizinhou-se desde logo uma ronda complicada, pois muitos pilotos tinham muito a provar aqui: Marquez, à frente do Campeonato, queria manter o élan e afirmar a sua autoridade na classe batendo as Ducati em casa.

Assim, na primeira sessão de treinos livres do Grande Prémio de Itália, onde o sol brilhou, Oliveira ficou apenas em 23º, tendo rodado em 1:49.870s, tempo em si significante já que fica a 2,3 segundos dos cronos da dianteira.

Um treino difícil para o luso, que pela primeira vez até ficou atrás do colega de equipa Hafizh Syahrin. 13 milésimas separaram os dois pilotos da KTM Tech 3, mas também é justo mencionar que, aparte Espargaró em 8º, todas as outras KTM sentiram estas dificuldades, com Zarco também apenas em 20º e Shahrin só 3 milésimas mais rápido que o português.

A segunda sessão livre produziu igual resultado em termos da classificação, 23º, mas uma marcada descida nos tempos, com uma melhor volta de 1:48.914, quase um segundo menos que antes.

No Sábado, na FP3, o rookie português melhoraria mesmo para 22º, baixando ainda algumas décimas para um melhor crono de 1:48.250. A FP4, ironicamente, produziu exatamente o mesmo tempo, mas uma marcada melhoria na posição, para 17º dos 23 concorrentes.

Chegou-se assim à sessão de qualificação, onde com os melhores 10 automaticamente classificados, o pelotão se reduz, e nestas condições, Oliveira ficou em 12º com 1:48.235, que representava mesmo assim pequena melhoria em relação à sessão anterior, garantindo o 22º lugar na grelha. Domingo do Grande Prémio, com muito mais calor a abater-se sobre a pista, Miguel participou na sessão do Warm Up mas sofreu uma pequena queda no início da sessão, a qual provocou uma fratura no dedo anelar esquerdo do piloto português.

O rookie da categoria rainha do Campeonato do Mundo de MotoGP regressou ainda à pista para preparar a corrida e apenas se dirigiu à Clinica Mobile para observar a sua lesão, que não foi divulgada, no final da sessão.

Na prova de 23 voltas, o piloto português realizou um bom arranque, permitindo-lhe assim recuperar algumas posições logo no início da corrida, passando de 22º para 18º.

À medida que a prova evoluída, ao beneficiar de algumas quedas e ultrapassagens a outros pilotos, Miguel Oliveira chegou a rodar no décimo quinto lugar durante algum tempo, contudo acabou por perder a posição para o piloto Karel Abraham, terminando assim a corrida na décima sexta posição, mas mais de 10 segundos à frente do piloto da Red Bull KTM Factory Racing, Johann Zarco.

Apesar da fratura sofrida numa das suas raras quedas, o rookie português considerou que realizou uma boa corrida e recuperação face ao resto do fim-de-semana, até porque rodou na sua melhor volta a apenas 0,9 segundos dos tempos da frente:

“Uma corrida difícil. Depois do fim-de-semana complicado que tivemos, não esperávamos ser tão competitivos ao longo da corrida. Tive muitas dificuldades na fase final (…) devido ao pneu traseiro e portanto não consegui atacar as posições pontuáveis, mas acabei bastante próximo de terminar nos pontos.”

” Foi difícil para todos, com a temperatura elevada que se fez sentir, sobretudo na gestão dos pneus. Ficámos um pouco mais perto do primeiro classificado do que nas últimas corridas, o que é algo muito positivo. Foi a distância mais curta que tivemos para os primeiros durante todo o fim-de-semana, portanto deixamos Mugello com um ponto positivo e com mais experiência agora para a próxima corrida em Barcelona.”

 

 

 

 

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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