Opinião MotoGP: Resultado do Qatar fica

Por a 27 Março 2019 09:39

O Tribunal de Recurso da MotoGP já se pronunciou: Deu razão à Ducati e confirmou a vitória de Dovizioso… e só podia! Recordemos: Na sequência da vitória de Andrea Dovizioso no GP inaugural de 2019, quatro fábricas apresentaram protestos contra a aerodinâmica da Ducati.

O protesto foi inicialmente rejeitado, depois as marcas voltaram à carga com um apelo, obrigando a direção de prova a declarar o resultado provisório, mas comprometendo-se o Tribunal de Recurso a clarificar o assunto antes do GP deste fim-de-semana na Argentina.

As equipas que protestaram foram a Suzuki Ecstar contra o #43 Jack Miller (Alma Pramac), a Honda Repsol contra o #4 Andrea Dovizioso (Ducati Mission Winnow), e a KTM Red Bull e Aprilia Gresini contra o #9 Danilo Petrucci (Ducati Mission Winnow).

As equipas consideraram que o dispositivo aerodinâmico usado por estes três pilotos em Losail não estava em conformidade com os regulamentos técnicos do MotoGP, que dizem que qualquer apêndice aerodinâmico deve estar montado na carenagem e não ligado a qualquer parte móvel da moto. No caso da Ducati, era um pequeno defletor ligado aparentemente ao braço oscilante o elemento em contenção.

Dall’Igna declarou-se “perplexo” com o protesto

A Comissão técnica decidiu que o assunto precisava de ser mais detalhado, e remeteram a questão para o Tribunal de Recurso da MotoGP, em conformidade com o art. 3.3.3.2 do regulamento.

Após uma audiência em Mies na sexta-feira, 22 de Março, o Tribunal de Recurso de MotoGP ™ proferiu a sua decisão hoje, 26 de Março, e as partes (os quatro recorrentes, a Ducati e a FIM) foram devidamente notificadas de que os seus recursos, embora admissíveis, não foram considerados procedentes.

Assim, os resultados provisórios da corrida foram confirmados e declarados como finais.

A solicitação para declarar o dispositivo ilegal e proibir o seu uso em corridas futuras foi também rejeitada. Um recurso contra esta decisão ainda pode ser apresentado.. mas a decisão, como dissemos, só podia ter sido esta. Senão vejamos:

Ponto 1: Independentemente do mérito do Protesto, a Direção de Prova é obrigada a aceitá-lo, desde que este tenha sido entregue dentro do prazo regulamentar da forma prescrita. O que não quer dizer que os protestantes  tenham razão.

Ponto 2: Ainda não há muito tempo, noticiámos aqui que o Diretor de Prova, Danny Aldridge, tinha desenvolvido uma “caixa mágica” que não é mais que uma estrutura de alumínio que permite encaixar as motos e verificar se a aerodinâmica se encaixa no regulamento ou não. Quando o protesto foi lançado inicialmente, um comité técnico com vasta experiência, de que Aldridge há de ter feito parte, declarou o apêndice legal e o resultado da corrida final. Está bem de ver que o Tribunal de Recurso NUNCA iria desautorizar o seu Diretor de Prova invertendo essa decisão. Quando muito, poderiam ter emitido um parecer declarando o apêndice ilegal a partir daqui, mas nem isso!

Anteriormente, enquanto se aguardava a decisão da FIM, Luigi Dall’Igna, engenheiro chefe da Ducati, já se tinha pronunciado sobre o que ele via como um desenvolvimento preocupante:

“Ficámos um bocado perplexos, mais pela forma como tudo aconteceu… Antes, quando havia uma disputa – e houve várias! – estas coisas resolviam-se entre nós, numa reunião da MSMA (Associação dos Fabricantes de MotoGP). O facto de que desta foram “fazer queixinhas” pelas costas marca a diferença pela negativa, é uma escalada de hostilidades que não vejo com bons olhos, porque nos arriscamos a ter protestos a cada corrida!” – disse o mago da Ducati.

A vitória de Dovi fica…

Ninguém poderia ter afirmado ou argumentado seriamente que Dovizioso ganhou o GP (por escassas 0,023 milésimas) por ter uma peça plástica de 150 Euros, provavelmente feita experimentalmente numa impressora 3D, instalada na moto em frente do pneu traseiro. Instalem mais 10 na moto de Karel Abraham e o Checo continuaria a ser último… É lógico que as regras estão lá para ser respeitadas, mas as equipas também têm um prazo inicial para decidir na aerodinâmica e homologá-la, e depois, sim, esta tem de permanecer inalterada.

O primeiro GP da época parece-nos um prazo perfeitamente razoável para isso… tanto que a Yamaha não tomou parte no protesto, decerto reservando-se o direito de introduzirem, eles próprios, alguma alteração na sua a curto prazo… de que bem precisam!

Enfim, de um modo geral, nenhum piloto gosta de ver corridas resolvidas no gabinete em vez da pista… a FIM procedeu bem e Dovi vai para a Argentina à cabeça do Mundial!

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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