MotoGP – MEMÓRIA: Nicky Hayden, o prodígio norte-americano

Por a 22 Maio 2017 17:34

No dia do seu falecimento, recordamos o ponto mais alto da carreira de um grande piloto, que perdeu hoje a sua derradeira corrida. Como é com as recordações boas com que queremos ficar, relembramos o título improvável de ‘Kentucky Kid’.Diziam dele que era um piloto «macio», que tinha tanto respeito por Rossi que era incapaz de meter-lhe a roda, mas à base de ser visita regular do pódio e de estar sempre fora da zona dos acidentes, que massacrou algum dos pilotos favoritos ao título, Nicky Hayden foi consolidando a liderança no campeonato de MotoGP e abrindo as portas do título.

Mas em Portugal tudo se alterou com Rossi a conseguir de maneira incrível inverter o panorama do campeonato a seu favor e com todo o mundo a dar o título de MotoGP como propriedade de Rossi. Mas Hayden – oriundo da escola do Dirt-Track- nunca perdeu a esperança e acabou por conseguir na última corrida em Valência aquilo que já parecia impossível: o título.

Nicky Hayden nasceu em 30 de Julho de 1981 em Owensboro, Kentucky, Nos Estados Unidos. Toda a sua vida esteve relacionada com as motos

Subiu pela primeira vez a uma com apenas três anos e disputou a sua primeira corrida com cinco.

A família de Hayden deslocava-se aos circuitos , como muitas outras vão à praia ou ao campo passear ao domingo. O seu pai foi piloto profissional de Dirt-Track, a sua mãe e a sua irmã competiam em corridas femininas e os seus irmãos Tommy e Roger destacaram-se em competições de Dirt.

Disputou corridas de Dirt até aos 13 anos, ainda que com 11 tenha experimentado uma mini-bike e percebeu que o que mais gostava era de corridas de velocidade. Aos 16 anos converteu-se em profissional . Em 1998 competiu no Campeonato AMA pela primeira vez, e conclui no quarto lugar o campeonato. Na mesma temporada ganhou o campeonato de 600 Supersport (foi o mais jovem vencedor da história) e foi segundo na Fórmula Xtrems.

Em 2000 rubricou um contrato com a Honda e concluiu em segundo o nacional de Suberbikes. Em 2002 ganhou nove das 16 corridas do campeonato norte-americano de Superbikes, conquistando o título com 21 anos, que faz dele o mais jovem campeão da história.

O sonho europeu

Este norte-americano chegou à Europa em 2003, com a fama de ser o novo menino prodígio norte-americano, na senda de outras lendas do motociclismo mundial, como Wayne Rainey, Kevin Schwantz, Eddie Lawson, John Kocinski, Freddie Spencer, etc. Tinha acabado de cometer a proeza no seu país de ser o mais jovem piloto a conquistar o título de Superbikes.

Nos primeiros anos no «Mundial, partilhou a box do Team Honda-HRC com Valentino Rossi, Alex Barros e Max Biaggi. Em 2003 somou dois pódios na reta final do campeonato, e foi quinto no campeonato, o que lhe valeu o título de melhor «rookie» da época. Em 2004, já sem Rossi na filas do HRC, a equipa de competição do maior construtor do Mundo andou um pouco perdida, permitindo que a sua grande rival Yamaha inicia-se uma espectacular campanha. Assim, no ano em que devia aplicar em pista tudo o que havia apreendido, Hayden o melhor que conseguiu foram dois terceiro lugares e um oitavo lugar no campeonato

Em 2005 teve que esperar até chegar ao circuito de Laguna Seca, na Califórnia, para conquistar a primeira vitória em MotoGP da sua carreira. Esta vitória veio dar-lhe a confiança que lhe faltava, ao ponto de ter sido, juntamente com Marco Melandri, os únicos pilotos que ousaram contestar a superioridade de Valentino. Então, a Honda já tinha decidido despedir Biaggi e entregava os galões de capitão da armada Honda ao norte-americano, colocando a seu lado o prodígio espanhol, Daniel Pedrosa, que chegava ao «Mundial» pronto para «explodir».

Em 2006, Hayden tinha um objectivo claro: lutar pelo título. Mas este não era o único desafio do «Kentucky kid», que começou a época com o peso de ser o piloto número um da Honda e responsável pelo desenvolvimento da RC 211 V.

Com um início de campeonato em que somou velocidade e regularidade, Nicky subiu ao pódio nas quatro primeiras corridas, saltando para a liderança do campeonato após concluir em terceiro na Turquia, posição que só abandonaria depois do episódio que marcou o Grande Prémio de Portugal, e que deu o comando a Valentino Rossi, com oito pontos de vantagem sobre o norte-americano. Restava uma corrida e 25 pontos em jogo e Hayden, com um fim-de-semana perfeito, ao contrário do seu grande rival, proclamou-se campeão do Mundo, depois de somar duas vitórias (Holanda e Estados Unidos) e subir oito vezes ao pódio.

Nicky Hayden pode não ter sido o mais rápido nem o que mais vitórias somou, mais foi o que menos errou, ao longo um dos campeonatos mais emocionantes do MotoGP que terminou de forma espetacular e com um desfecho surpreendente. Até sempre, Nicky…

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José Abreu
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