SBK, Estoril: Falappa vem almoçar
Uma das lendas vivas das Superbike, Giancarlo Falappa, ainda hoje dos pilotos mais vitoriosos da Ducati em SBK, não poderia faltar à ronda final do Estoril e falou-nos da vida nos primeiros tempos das SBK
O incrível piloto da Ducati, originário de Jesi, no Adriático, não corre desde o seu grave acidente em 94, mas incrivelmente, ainda aparece 15º na lista de pilotos com mais vitórias em SBK com 16, em 11º no número de vitórias numa única época com 7, e em 8º na lista das voltas mais rápidas, igualmente com sete.
Acima, Falappa no pódio de Spa… vencedor, claro! Abaixo, Falappa em Jerez… à frente, claro! Na foto, também do autor, veem-se Roche (3) Phillis (11) Piro e Rymer (escondidos) Ernst Gschwender (23) Merkel (1) Mertens (2) etc.
O homem que acabou as duas mangas do Estoril em 1993 em 4º também conseguiu três vitórias na sua primeira época como rookie na Bimota e aproveitámos o nosso reencontro para o convidar para almoçar (adora o peixe grelhado português!) e perguntar-lhe como via as diferenças entre as Superbike de então e agora:
“Sabes, a SBK devia ser como antigamente, qualquer um com uma boa moto, bem preparada, podia chegar e bater as equipas oficiais, que foi o que eu fiz em Donington em 89…
Até tem uma história engraçada, eu tinha ganho o Italiano de Sport Produção para eles, de seis corridas ganhei cinco e cai numa, mas como o outro rival também caiu, acabei por vencer eu, mas antes só tinha feito Motocross…
Vim a guiar o Camião da Bimota de Itália para Inglaterra, ajudei a montar a tenda da equipa, e depois fui correr…
O piloto principal da marca era o Fabio Biliotti, que como eu nunca tinha corrido no estrangeiro, disse: vem atrás de mim, que eu ensino-te a pista… de maneira que no fim dos treinos, ele estava em 22º e eu tinha feito a pole!…
Era a minha 7a corrida de velocidade e ganhei!
Agora é impossível, tem que se gastar tanto dinheiro, ter um exagero de pessoal e de hospitality para os convidados… Há equipas que gastam mais na hospitality do que para fazer uma época inteira de corridas e depois, claro, endividam-se, porque não há grande retorno dos patrocínios…
Claro que ainda há grandes pilotos a correr, vendo na Ducati, por exemplo, o Redding é muito bom mas o Davies nunca se adaptou à Panigale V4, o que é estranho, mas eles tinham que mudar porque com a falta de vitórias na bicilíndrica, a Aruba já estava a perguntar porque é que estavam a patrocinar a equipa...
Quanto ao Rea há muito que sei que é um piloto extraordinário… quando ia sair da Ten Kate em 2015, recomendei-o ao Ciabatti (Diretor de Competição da Ducati, n. do r.) e eles não ligaram… Quando quiseram dois anos depois, já ganhava mais de um milhão!
Gosto muito de Portugal, lembra-me da Itália de antes, de há 30 ou 40 anos…
Em termos dos circuitos, Portimão é maravilhoso, mas o Estoril tem uma grande vantagem: é perto de Lisboa, da capital, e isso é muito importante!”