SBK história: Os rivais até ao fim
Guerras psicológicas, batalhas em pista e ódio mútuo: recordando algumas das mais ferozes rivalidades já vistas no Mundial de SBK…
Com a temporada de 2020 de SBK a sofrer uma pausa, há tempo para refletir sobre a rica história do Campeonato. Tendo já olhado para os países mais vencedores há alguns dias, é agora tempo de falar das maiores rivalidades do passado no paddock, com tudo, desde duelos do início dos anos 90 até aos rivais atuais e muito mais. De 10 a 6, começa a busca de descobrir a melhor rivalidade da história do WorldSBK.
10.) Um gostinho dos primórdios: Polen x Roche
A primeira de muitas grandes rivalidades entre Ducati, o americano Doug Polen e o francês Raymond Roche foram competidores ferozes e dominaram de 1990 a 1992. Roche dominou 1990 antes da chegada de Polen em 1991, mas o americano fez uma exibição impressionante, vencendo o Campeonato por uma margem impensável de 150 pontos. Os dois eram totalmente diferentes em personalidade também: Roche maroto, sarcástico, altamente nervoso antes e durante a corrida, atacava nas ´últimas voltas como um possesso, frequentemente e ganhando corridas em que, 3 ou 4 voltas antes, nem estava no Top 5.
Polen, com a sua pronúncia lenta do Texas e a eterna esposa Diane a seu lado, estava completamente à vontade, trocando gracejos com os jornalistas na grelha, mas atacava logo nas primeiras duas voltas, construía uma almofada de avanço com a Ducati preparada por Eraldo Ferracci e depois controlava a corrida a partir da frente. Se em 1991 ganhou 17 de 26 mangas, 1992 foi muito mais apertado e apesar de uma batalha de temporada em que Roche tentou o título mais uma vez antes de se retirar, Polen manteve-se Campeão. Nenhum voltaria a vencer outra corrida a nível de Campeonato do Mundo.
9.) Atrito transatlântico: Fogarty x Russell
1993 apresentaria frequentes confrontos e controvérsias; depois do título ter chegado à última ronda por decidir, o evento mexicano marcado foi cancelado a meio do fim de semana perante a incapacidade dos mexicanos de entender o que é uma prova de Campeonato do Mundo: entre outras irregularidades, durante os treinos, cães e desportistas passeavam na pista. Scott Russell conquistou o título sem chegar a correr, efetivamente com o resultado anterior de Portugal, onde cada um tinha ganho uma manga e desistido na outra, Fogarty por queda, Russell com uma embraiagem a patinar, colocando o Americano da Georgia à frente de Carl Fogarty por 29 pontos. 1994 não poderia ter sido mais diferente; outra temporada emocionante viu o título ir até ao último evento e a última corrida em Phillip Island. Com uma moto mal afinada, Russell admitiu derrota e acenou a Foggy que passasse na Corrida 2; circunstâncias incomuns que viram Carl tornar-se Campeão e Russell render a sua coroa.
8.) A paixão italiana ferve: Melandri x Biaggi
Foram precisas apenas duas rondas para Marco Melandri e Max Biaggi renovarem a sua conhecida rivalidade, desta vez nas SBK. O bloqueio de Biaggi a Melandri na Superpole em Donington Park em 2011 seria apenas o início de muitas disputas amargas, com esta em particular terminando com ambos multados. Melandri afastou Biaggi em Aragón e Brno, mas Checa acabaria por vencer o maior número de corridas e o título, contra 4 vit´roais de Melandri na Yamaha e apenas 2 de Biaggi na Aprilia. Em 2012, a dupla começaria mesmo a defrontar-se taco a taco. Uma grande batalha em Aragón mais uma vez ocorreu com colisões e saídas de pista que preencheram dois anos completos de drama de alta intensidade, com Melandri a acabar com 6 vitórias mas Biaggi, com apenas 5, a vencer o título por meio ponto (!!) sobre Sykes.
7.) Guerra psicológica: Rea x Bautista
Quase nunca lutando entre si em pista, o drama ainda existiu em abundância nesta batalha psicológica entre o espanhol e o norte-irlandês. Álvaro Bautista é o único piloto que alguma vez chegou a ameaçar seriamente a placa #1 de Jonathan Rea e o espanhol venceu as primeiras 11 corridas de 2019 de enfiada, chegando a ter uma vantagem de 61 pontos sobre Rea. Numa luta espetacular, Rea nunca desistiu, aproveitou-se dos erros subsequentes de Bautista e ainda saiu por cima. Uma batalha cerrada na Austrália, colisões em Buriram, erros combinados com resiliência e um pano de fundo de uma pré-temporada de cortar à faca com declarações e gabarolices mútuas; Que mais é preciso para pôr esta rivalidade moderna ao rubro?
6.) De amigos para inimigos: Rea x Sykes
Esta rivalidade floresceu quando ambos os pilotos, à partida compatriotas e amigos, estavam na mesma equipa Kawasaki, a partir de 2015. Rea fugiu na frente em 2015 e raramente se encontrou com Sykes em pista. Porém, foi uma mudança total em 2016, quando Sykes regressou em forma e ambos se pressionaram mutuamente até aos limites na Tailândia. Sykes venceu Rea na Corrida 2, sem cortesias ou convívio mútuo dentro da garagem e da equipa. Um 2017 mais estável precedeu uma deterioração ainda maior da relação em 2018, quando ambos entraram em confronto em Brno, levando a uma guerra de palavras nos bastidores. Com Rea ainda na Kawasaki, mas Sykes numa BMW cada vez mais rápida, os dois estão longe de ser melhores amigos, o que só pode aguçar o apetite para 2020.
(continua)