Salvador Vargas, líder do CNTT em entrevista
Comecei a correr em 2011, logo no campeonato nacional de todo-o-terreno.
Descreve-nos a tua carreira…
Em 2011- corri numa KTM 250 Exc-f – tinha 17 anos, corria na classe promoção e foi nesse ano que tudo começou. Até aqui andava de moto de vez em quando e jogava rugby no Cascais no qual fui campeão Nacional 2 vezes bem como internacional pela selecção.
O meu pai fazia o campeonato de TT e comecei a interessar-me.
Em 2012 fiz uma operação ao joelho (ligamentos);
Em 2013 fui vice-campeão na categoria Promoção
Em 2014 fui campeão na categoria Promoção – este foi o ano em que comecei a ser mais competitivo. Após a 2ª corrida transitei de uma KTM 250 Exc-f para uma KTM 350 Exc-f , melhorei cerca de 8 lugares na geral e consegui entrar no top 10 em todas as corridas.
Em 2015 continuei a evoluir fazendo top 10 em todas as provas. Na última prova (Baja Portalegre 500) transitei de cilindrada para uma KTM 500 Exc-f tendo ganho a classe TT3.
Em 2016 transitei para a classe TT3 com a KTM 500 Exc-f , sagrei-me campeão nacional e fui 5.º absoluto em Portalegre. Terminei a licenciatura em Gestão Hoteleira.
Em 2017 iniciei a minha vida profissional no restaurante “Sacas Eatery-bar” na Marina de Cascais, tendo só participado na Baja Portalegre 500 onde fui 4.º na geral e 1º na categoria TT3.
Em 2018 decidi fazer o campeonato nacional de todo-o-terreno, foi um ano difícil para mim devido à falta de treino não consegui ser regular apesar de estar rápido.
Em 2019 após análise da época passada conseguimos ver que era possível voltar e sermos mais competitivos contanto com o apoio do Sacas, Mercearia Vencedora e Caismotor.
Abrimos a temporada em Góis e conseguimos a vitória tanto na Geral como na classe TT3.
Qual a categoria que mais gostas de praticar e explica um pouco as razões?
Sem dúvida que o todo-o-terreno é a minha modalidade de eleição, é difícil expressar a adrenalina e a sensação do que é andar a alta velocidade no campo, na serra ou na areia, é único!!
Quais foram as melhores provas da tua carreira, as que mais te orgulham?
Góis 2014 – quando me sagrei campeão da Promoção, estava a sair-me tudo bem e chegar ao fim e poder desfrutar o meu primeiro título com o meu pai foi algo único.
Baja de Reguengos 2015- eram 7 e tal da manhã quando arrancamos para a especial ainda era quase de noite, serrei os dentes e fui a dar tudo até ao final e consegui ser 5.º na frente de pilotos como o Ruben faria e Hélder Rodrigues, nem estava a acreditar que tinha dado tanto gás, foi épico!
Baja Portalegre 2016 – era a última corrida do ano, já tinha mandado um resultado fora, não podia mandar mais nenhum, o título era quase impossível. Até que ao km 5 passei pelo Gustavo Gaudencio parado e voltou a estar tudo em aberto… ao km 30 tudo mudou, vinha atrás do Helder Rodrigues e de repente quando dei por mim vinha no ar e cai completamente desamparado, o meu instinto mandou-me continuar e fui sempre a sofrer até ao fim, e consegui. Fui campeão, e essa foi uma prova de vida para mim porque provou que se nos esforçarmos, formos persistentes e quisermos muito uma coisa, temos mais possibilidade de a conseguir com trabalho, esforço e dedicação. Mesmo que não conseguisse, pelo menos ia sair de cabeça erguida com o dever de missão cumprida e é através desse foco e dessa força que vivo a minha vida e tento cumprir os objectivos traçados por mim.
Das motos que utilizaste, quais as que mais te marcaram e mais gostaste?
Sem duvida que a 500 é a minha nota de eleição, é uma mota dócil e muito equilibrada e muito divertida de se andar.
Que tipo de preparação física fazes para te manteres em forma durante a época, e que tipo de treinos fazes com a moto?
Devido á minha vida profissional, os meus treinos são um pouco limitados. 1 vez por semana treino com a moto o que geralmente acontece em circuitos fechados.
Faço todos os dias da semana treino físico (2h/dia). Faço entra 5 a 7 treinos semanais de ginásio (incluindo ciclismo e natação), sempre acompanhado pelo meu preparador físico Duarte Rodrigues que me ajuda a estar no meu melhor.
Vais fazer todas as provas do campeonato de 2019?
Sim, este ano vou fazer o campeonato nacional na íntegra.
Agora que conseguiste uma vitoria na 1ª prova do ano, vais aproveitar a vantagem para lutar pelo título?
Obviamente que quero estar na luta, mas o campeonato são 7 provas, está foi só a primeira. Quero evoluir e dar continuidade ao trabalho feito até aqui.
Como descreverias o estado do TT em Portugal neste ano de 2019? Pensas que a Federação tem gerido convenientemente esta categoria ?
Fazer um Nacional de Todo-o-terreno envolve algum dinheiro tanto aos organizadores como aos participantes. Acho que é uma modalidade que faz parte da nossa cultura e uma modalidade em que conseguimos ser competitivos lá fora, e acho que tanto a FMP como as organizações fazem esforços para poder proporcionar um bom campeonato com boas provas. O exemplo disso é que este ano o Nacional vai ter 2 etapas do Campeonato Europeu de Bajas.
As provas de navegação em Portugal interessam-te? e internacionalmente, gostavas e tens planos para participar? Dakar pode ser uma possibilidade?
Sem duvida que em Portugal as provas me interessam, principalmente pelo treino. Ir lá fora continua a ser um sonho que quero e acho que posso realizá-lo, tal como o Dakar…
Quem são os teus sponsors e em que medida eles financiam a tua actividade desportiva?
“Sacas eatery-bar” e “Mercearia Vencedora” são os meus principais patrocinadores, o meu restaurante e o do meu pai, sem estes nunca poderia estar presente no Campeonato fazemos muitos sacrifícios para alimentar esta paixão nomeadamente o meu ordenado que é todo gasto nisto….
Este ano estou a contar também com o apoio da Caismotor, concessionário KTM de Cascais. São eles que metem a minha moto à medida para poder estar competitivo no campeonato…
Em que montante avalias uma época de TT em Portugal para ganhar o campeonato? Qual a estrutura necessária e o budget?
Cerca de 30,000€ e a poupar…
Quem são os pilotos que mais respeitas , passado e presente, estrangeiros e portugueses?
Olhava muito para o Ruben Faria sempre adorei o seu estilo de condução, nos dias de hoje olho para os pilotos da frente do Dakar, são uns guerreiros e dão muito gás!!
Sentes-te com capacidade de encarares voos mais altos agora que obtiveste esta excelente vitória?
Capacidade eu sei que tenho, agora é trabalhar, os meus objectivos passam por evoluir e é nisso que me vou focar!