Dakar Legends: Gaston Rahier, 2 x vencedor
Na década de 80 nasceram alguns dos mitos mais importantes do Rally Dakar. Nesses tempos tudo era diferente, a informação chegava aos poucos e a tecnologia estava longe da que está actualmente disponível na corrida – isto não significa que os pilotos tenham menos mérito e não arrisquem a vida numa prova que os coloca em risco. E um dos nomes que devem ser lembrados dessas primeiras edições é Gaston Rahier, um belga nascido em fevereiro de 1947 que se destacou no motocross e por saber atuar nos rally-raid, apesar de medir apenas 1,70 de altura.
Gaston Rahier venceu o Rally Dakar em dois anos consecutivos com a BMW: 1984 e 1985, depois de uma brilhante carreira no motocross onde foi três vezes campeão mundial de 125cc. O baixinho belga também venceu o Rally dos Faraós nas edições de 1984, 1985 e 1988.
Um dos momentos mais importantes da carreira de Rahier foi a vitória no Paris-Dakar de 1984, edição em que bateu o favorito Hubert Auriol. Ambos pertenciam à mesma equipa ( BMW ) e o francês chegou como grande figura após vencer em 1981 e 1983. Na verdade, apenas ele e o seu compatriota Cyril Neveu tinham conseguido vencer as cinco primeiras edições do Rally Dakar.
Rahier aproveitou o momento após Auriol, apelidado de Africano , perder tempo numa das etapas. A partir daí só teve que manter a vantagem etapa por etapa. Todos os dias saía mais cedo mas bastava deixar o experiente Auriol alcançá-lo para “aproveitar” a experiência do francês. O próprio Rahier reconheceu que lhe devia a vitória e o africano, em vez de ficar chateado, parabenizou o companheiro , deixando claro que nem qualquer um venceu aquele rali, portanto não houve necessidade de desmerecer o seu mérito.
No ano seguinte repetiu a vitória e consagrou-se como um dos melhores “rallyman” do momento, somando também vitórias no complicado Rally dos Faraós.
Infelizmente Gaston Rahier não viveu muito depois de se aposentar das corridas, pois morreu aos 58 anos, após sofrer uma longa doença. Não terminou os seus dias nas areias do deserto, como muitos outros motociclistas de prestígio, mas o belga morreu relativamente jovem. Será para sempre lembrado como aquele corajoso piloto baixinho que conseguiu levar a BMW em primeiro até ao Lago Rosa, em Dakar.