Ensaio Yamaha NIKEN – “Riding the Revolution”
Embora o conceito de três rodas não seja uma novidade absoluta no mundo das motos o certo é que o posicionamento da NIKEN como Moto de 3 rodas e não uma Scooter é absolutamente inédito e tão novo e revolucionário se apresenta que reinvindica logo à partida um 80% mais de aderência na frente em relação a uma moto normal … será ? Foi assim, intrigados pela “revolução” anunciada pela Yamaha, que partimos a convite da mesma para ensaiar aquela que se afirma ser única na sua “espécie”.
O conceito desenvolvido pela Yamaha em torno da Niken refere com especial destaque a aderência extra conseguida no trem dianteiro e a capacidade aumentada de inclinar nas curvas a mais de 45º, mas também a maior segurança na travagem em curva ou em linha recta, e em pisos mais ou menos degradados.
A convite da Yamaha fomos levados propositadamente a fazer um percurso de cerca de 200Kms, num misto estradas nacionais e estradas secundárias, com todo o tipo de piso e curvas, no sentido de colocarmos a NIKEN à prova e testarmos todas as suas capacidades e desempenho nas mais variadas situações.
A primeira sensação é impactante, principalmente causada pela volumetria da sua frente e sofisticação do seu sistema de suspensão e direção dianteiras. Temos a impressão de estar perante uma máquina do futuro, saída de um qualquer filme de ficção e que de repente se poderá transformar num qualquer robot.
Receamos ao montar pela primeira vez na Niken pela eventualidade do seu peso e pela eventual maior resistência no seu manuseamento. Primeira surpresa, a Niken proporciona uma sensação enorme leveza de direção uma vez em cima da mesma que diriamos antes estar numa moto de duas rodas, não comparável de facto com as maxi scooters actualmente existentes de 3 rodas. Ou seja o primeira aposta defendida pela Yamaha de que a sua Niken é uma moto e não uma “scooter” parece à partida, e ainda parados, estar de acordo com a realidade. Mais, a mesma não tem bloqueio na vertical propositadamente para que a sua utilização seja idêntica à de uma moto de duas rodas, aliás a Niken apenas tem descanso lateral.
Esqueçam aqueles que olham para a Niken e pensam de imediato que a poderão conduzir apenas com carta de carro já que a “Revolucionária” está homologada como moto e não como “triciclo” .
Quando nos sentamos na Niken temos de imediato a sensação de estarmos numa Maxi Trail ou numa Sport Tourer ,não fosse o écran frontal ser demasiado baixo e não ajustável, o que do ponto de vista estético e operacional na nossa opinião será uma realidade que deverá ser revista. Estranhamos as duas saliências ou “marrecas” do lado do painel digital que escondem a parte superior do sistema de suspensão/direção. O assento é algo duro e largo o que penaliza em parte o conforto que seria de esperar de uma moto com as características da Niken.
Embora com uma altura aceitável ao solo a sua largura excessiva acaba por penalizar a colocação dos pés no chão e a posição mais recuada do condutor em relação por exemplo à MT-09, para compensar o maior peso da frente da Niken e poder centralizar massas, faz com que ao estendermos as pernas com a moto parada as mesma se encontrem precisamente no sítio das peseiras. O guiador está numa posição que proporciona uma postura natural dos braços sem esforço , embora o nosso corpo esteja ligeiramente mais recuado, como já referimos, por uma questão de centralização de massas maior equilíbrio do conjunto.
Na apresentação prévia que nos foi feita é realizado um comparativo directo com o ski de neve. Aliás Niken significa em japonês “duas espadas” e o objectivo da Yamaha é o de proporcionar com o seu novo modelo novas sensações na sua condução que são conseguidas sobretudo pela maior inclinação e velocidade em curva, o maior controlo e segurança, uma maior adrenalina proporcionada pela sensação de diversão e descontração na condução da Niken.
E assim que começamos a rodar na Niken começam a saltar os seus atributos e a evidenciarem-se todas a s qualidades referidas na apresentação, tais como a velocidade e estabilidade em curva, a maio controlo nas travagens e nas acelerações. A sensação de maior aderência proporciona um sentimento de maior confiança no geral, o que nos leva a testar os seus limites com maior à vontade mas sempre com o sensação presente de menor risco de perder a frente.
Gostámos da enorme precisão da frente da Niken, sobretudo em curvas rápidas e apertadas, onde o desempenho das suspensões é magnífico, proporcionado por dois conjuntos de suspensões dianteiras de cada lado, onde o primeiro é de 41mm e que funciona de reforço do segundo de 43mm que detém toda a parte hidraulica, totalmente ajustável em compressão e hidraulico. O curso das suspensões dianteiras é de 110 mm e proporciona um excelente conforto e um comportamento de excelência na leitura do piso das estradas, mesmo degradadas.
Ver as suspensões das duas rodas a trabalhar independentemente, sobretudo quando passamos num buraco ou saliência na estrada com apenas uma das rodas, provoca uma sensação curiosa, quase como se estivessemos a presenciar a imagem e o funcionamento da suspensão independente de um jipe no todo o terreno a passar obstáculos, tal é a efectividade de todo o conjunto de direcção e suspensões dianteiras .
As rodas dianteiras de 15” distam entre si apenas 410mm e têm uma distância entre eixos relativamente à roda traseira de 1510mm ou seja, apenas mais 110mm do que na MT09. Ao quadro produzido em tudos de aço do tipo diamante é acoplado um braço oscilante em alumínio. A travagem é excelente graças aos discos duplos dianteiros de 298mm ajudados por ABS. A suspensão traseira é também totalmente ajustável em pré-carga, compressão e extensão.
O sistema de inclinação dianteiro de rodas múltiplas desenvolvido pela Yamaha para a Niken é de articulação tipo paralelogramo e de geometria que segue o princípio de Ackerman, com um mecanismo de direção de duplo eixo e que proporciona angulos de inclinação realmente pronunciados, sendo que a segurança que sentimos na dianteira faz-nos apenas preocupar em dosear a aceleração à saída das curvas e controlar alguma tendência de derrapagem da roda traseira, isto apenas em situações extremas de pilotagem mais agressiva. Em qualquer caso a sensação de controle e segurança é total e o sistema de paralelogramos funciona na perfeição estabelecendo e controlando os limites de inclinação e viragem. A Niken proporciona de facto uma experiência única na sua condução e a facilidade e rapidez com que a colocamos em curva e conseguimos o encadeamento das mesmas é deveras surpreendente.
O motor é o já conhecido e fantástico tricilíndrico da Yamaha MT-09, XSR e Tracer 900, de 847cc que debita os mesmos 115CV às 10.000 rpm. Para compensar o maior peso da Niken foi dado um maior binário ao motor através de uma diferente afinação da injecção e da introdução de uma cambota com maior inércia. A caixa foi também alterada e monta carretos de uma liga de aço mais resistente e a nível da transmissão secundária aumentaram-se em 2 dentes a relação, sendo agora de 47 dentes, o que faz parecer a caixa mais curta e proporciona uma resposta mais rápida.
A sofisticação do motor da Niken conta ainda com sistema de YCC-T, admissão de tiragem vertical descendente, uma relação de compressão de 11,5:1, pistons de alumínio forjado de baixo peso, cilindros descentrados, embraiagem assistida e deslizante e sistema TCS de controlo de tração .
O fantástico motor tricilindrico da Niken proporciona acelerações vigorosas sempre cheias de binário, como já conhecíamos em outros modelos, e faz com que a Niken seja uma verdadeira moto e não passível de ser conduzida por alguém sem experiência, apenas com carta de automóvel.
O som do escape curto deixa adivinhar toda a pujança do tri-cilíndrico e a sua sonoridade é equilibrada proporcionando conforto e tranquilidade ao mesmo tempo que passa a sensação de potência do seu motor. A opção de um Akrapovic é sempre válida para quem queira ter um extra de sensações e resposta do motor. A Niken monta caixa de 6 velocidades assistida por Quick-Shift apenas num sentido ( up ) que funciona na perfeição proporcionando maior conforto na sua condução .
Para controlar o binário da Niken existem três modos de motor sendo o 1 mais desportivo, o 2 o normal e o 3 para condução à chuva. Rodámos quase sempre no 1 claro pois a sensação de segurança proporcionada pela Niken era tal que rodar sempre perto dos limites era um prazer imenso. De apoio à condução a Niken conta ainda com “Cruise control”, controle de tração, YCC-T e Modo D.
A Yamaha Niken apesar de revolucionária no seu conceito resulta ser uma excelente opção como moto “Turística Desportiva” graças ao comportamento proporcionado pela sua motorização e o conforto e segurança que advém do sistema de direção e suspensão de rodas duplas na dianteira. De design arrojado e certamente pouco consensual, ou se gosta ou não se gosta, a Niken inclui tecnologia LED na iluminação e um painel LCD de informação talvez demasiado minimalista e básico, pois aqui esperávamos algo de maior sofisticação tendo em conta o conceito “futurista e revolucionário” do modelo. A grande volumetria “plástica”em torno do LCD também faz “perder” um pouco da sua dimensão e leitura. Existe ainda uma tomada de acesso a corrente de 12 Volts para todo tipo de ligações e carregamentos.
A velocidade e segurança em curva é realmente o atributo máximo da Niken que proporciona uma condução entusiasmante sempre com uma sensação máxima de controle. A Yamaha sempre foi protagonista ao longo da sua história no explorar de novos conceitos e criar novos segmentos de mercado com novos modelos pelo que, dependendo do sucesso comercial que a Niken venha a ter, poderemos ver no futuro novas evoluções da mesma, talvez até de cilindrada inferior passível de ser conduzida com carta A2… porque não ?
A Yamaha propõe ainda uma gama de produtos e acessórios para a Niken que incluem um escape Akrapovic, um suporte mais baixo de matrícula, um banco de design mais desportivo, cavaletes para manutenção, entre outros…
A Yamaha NIKEN está disponível apenas numa cor e tem o PVP de 16.000 eur
Ficha Técnica
Marca: Yamaha | Modelo: NIKEN |
MOTOR | |
Tipo | Tricilíndrico, refrigeração líquida, 4 tempos,DOHC, 4V |
Cilindrada | 847 cc |
Potência Máx. | 115 CV @ 10.000 rpm |
Binário Máx. | 87.5 Nm @ 8.500 rpm |
Embraiagem | assistida, deslizante, acionada hidraulicamente |
Alimentação | Injecção electrónica |
Caixa Vel | 6 Velocidades |
CHASSI E SUSPENSÕES | |
Quadro | Tipo Diamante em aço |
Suspensão Dianteira | Invertida dupla de 43mm e 41mm curso 110mm |
Suspensão Traseira | Monoamortecedor ajustável Tipo Link curso 125mm |
TRAVÕES E PNEUS | |
Travões Dianteiros | Disco de 298mm 4 pistons com ABS |
Travões Traseiros | Disco de 282mm Brembo 1 piston com ABS |
Pneu Dianteiro | 120/70-15 jantes em liga |
Pneu Traseiro | 190/55-17 jantes em liga |
ELETRÓNICA E ELETRICIDADE | |
Bateria | 12 V, BAH VRLA |
Luzes Dianteiras | Full LED |
Luzes Traseira | Full LED |
Painel Info | LCD digital |
Controle Tração | sim |
Ride by Wire | sim |
Modos de Motor | sim ( 3) |
Outros | |
DIMENSÕES | |
Comprimento | 2.150 mm |
Largura | 885 mm |
Altura | 1.250 mm |
Distância entre Eixos | 1.510 mm |
Distância ao solo | 150 mm |
Altura do banco | 820 mm |
Peso total | 263 Kg |
Capacidade do Depósito | 18 litros |
Reserva | n.d. |
Consumos | n.d. |
Norma Emissões | Euro 4 |
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