Ensaio Kawasaki Z1000 SX de 2018 – Desportiva ou Turística ? A decisão é sua.

Por a 10 Julho 2018 16:18

Quando se idealiza uma moto para viajar imediatamente pensamos em critérios como o conforto, a autonomia, a polivalência e o potencial para evoluir nos diferentes tipos de estradas, provavelmente também fora das mesmas, pois a componente off-road mexe sem dúvida alguma com o nosso imaginário e coloca-nos novos desafios que desejamos poder enfrentar. Esta realidade associada ao aumento de oferta que temos vindo a assistir por parte da maioria dos fabricantes no segmento das Maxi-Trail Aventureiras, tem contribuído para um crescimento considerável e as opções de modelos neste segmento de mercado.

No entanto nem todos os motociclistas se sentem tentados pelas areias do deserto, nem por estradões de terra e pó,  sobretudo se decidem viajar acompanhados. Se o prazer está na partilha e numa maior exigência em termos de  de segurança então viajar por estrada pode ser na mesma entusiasmante e sem abdicar da componente de desafio e aventura, se pudermos “apimentar” o trajecto com uma condução mais desportiva.

E é aí que surge um segmento específico, quase esquecido, das motos de Turismo Desportivas, preparadas para proporcionar longos Kms de prazer e segurança com capacidade para, nos percursos de estrada mais sinuosos, fazer despertar algo mais de adrenalina .

Kawasaki Z 1000 SX versão 2010

As motos super desportivas continuam a evoluir sobretudo com toda a sua electrónica que permite “domar” toda a potência dos seus motores e transformá-la em desempenho efectivo na sua condução. No entanto penso que tirar partido em estrada ( na via pública ) de todos os atributos e prestações que nos proporcionam as super desportivas de hoje em dia representa um enorme risco para a nossa segurança e segurança dos demais, ( para não falar nos pontos que podem desaparecer na nossa carta à mesma velocidade ) pelo que é certamente mais recomendável explorar todo o seu potencial em circuito, num ou outro “track day”.

Assim sendo talvez as Sport Tourers sejam a opção mais lógica e ponderada para quem gosta de andar rápido, com segurança e conforto, no dia a dia ou em viagem, só ou acompanhado, sem exigir o desconforto ao pendura que se sente numa super sport.

Kawasaki Z 1000 SX Versão 2017/18

Inspirados por este pensamento resolvemos testar um dos expoentes máximos deste segmento, a Kawasaki Z 1000 SX, e comprovar todos os princípios que apontámos anteriormente.

Cedida gentilmente pela Rame Moto, concessionário oficial da marca em Lisboa, a Z 1000 SX é uma moto imponente que na cor sua verde esmeralda, para além de fazer tributo à cor institucional da marca, acaba por marcar também de forma impactante a nossa presença, realidade que em circulação urbana representa um factor de segurança acrescido. Muitas vezes esquecemo-nos que no trânsito as cores escuras contribuem para a nossa “invisibilidade” junto dos automobilistas e aumentam o risco de acidente.

A primeira Z1000 SX foi apresentada ao mercado em 2010 e desde aí a Kawasaki tem sabido fazer evoluir o modelo dotando-o de novas funcionalidades sobretudo ao nível da electrónica, melhorando ainda mais uma moto já de si perfeita.

A posição de condução é perfeita, ligeiramente sobre a frente mas não em demasiado, o suficiente para termos as nossas costas numa posição recta mas sem a carga nos punhos ou na própria coluna, pois ao estarmos ligeiramente abraçados à Z1000 qualquer impacto proveniente de mau piso não se reflete directamente na nossa coluna, mas faz com que a mesma se flita num movimento natural de amortecimento ( muito importante este pormenor pois numa posição mais vertical, como nas Adventure Tourers os impactos fazem impactar as vértebras da nossa coluna, umas contra as outras, obrigando a que muitas vezes a pilotagem em pisos maus, ou fora de estrada, se faça de pé, passando assimparte do amortecimento para as nossas pernas ) .

A versão 2017/18 da Z 1000 SX evoluíu ligeiramente em relação ao modelo original de 2018 e aquilo que mais sobresai à vista é precisamente a sua frente , mais afilada e agressiva , que lhe dá um ar mais desportivo e que transmite maior sensação de potência. Mas de acordo com os técnicos da Kawasaki paralelamente aos melhoramentos na estética e no desempenho desportivo existem também evoluções na componente “Touring”.

O banco é bastante mais confortável e baixo, tem apenas 815mm e permite ter um contacto perfeito dos nossos pés com o chão, quando parados, e uma sensação acrescida de segurança.  O banco do pendura também sofreu alteração montando agora pegas laterais de design diferente, mais em linha com a personalidade desportiva da moto.

O painel de informação foi totalmente redesenhado de forma a proporcionar uma leitura mais rápida e fácil de toda a informação embora em ambientes de luz do dia intensa a leitura fique dificultada. Os faróis são agora de tecnologia LED e os piscas de formato mais apelativo e integrado.

O écran frontal é facilmente ajustável em 3 posições distintas, mesmo em andamento, embora exija as duas mãos, sendo 15 mm mais alto que o anterior. Interessante verificar que as diferentes posições do pára-brisas conferem “looks” dieferentes à Z 1000, sendo que a posição mais baixa a torna mais “desportiva”. A posição mais alta protege melhor do vento, como seria de esperar , mas da chuva também, já que em andamento e a meio do teste começou a chover e ao levantarmos o écran para a posição mais alta verificámos que o efeito que produzia na condução do ar fazia com que a chuva passasse por cima do nosso corpo e capacete.

Os espelhos proporcionam uma visão correcta do que se passa atrás, sem grande vibração nem distorção da imagem, embora sejam ligeiramente mais largos em 20mm que os anteriores, o que dificulta um pouco mais a passagem entre carros em situações de  trânsito parado. A Z 1000 SX é uma moto compacta e confortável, fácil de manobrar a baixa velocidade graças a uma distância entre eixos mais curta que a anterior e a um equilíbrio bem conseguido na distribuição de massas.

As suspensões proporcionam uma leitura correcta da estrada mantendo máximo da aderência dos pneus e inclui agora “Cornering ABS” , funcionalidade que em curva actua sobre o motor, o controle de tração e o ABS, aumentando assim a segurança em curva tanto em travagem como em aceleração.

Os travões foram também alvo de evolução e montam agora 2 discos semi-flutuantes com recorte em pétala, de 300mm e pinças radiais de 4 pistons na na dianteira enquanto que na roda traseira o disco é de 250mm e a pinça de apenas um piston. A travagem é exemplar, efectiva e de enorme sensibilidade, inclusivé utilizando apenas dois dedos,  e apesar do peso do conjunto que é agora de 235 Kg, mais 4 Kg que o modelo anterior.

O motor é o mesmo tetracilindrico que montava a unidade original de 2010, de 1.043cc, a debitar 138 CV e com um binário de 100 Nm, um quatro cilindros em linha cheio de binário a baixa a proporcionar subidas de regime desde baixa rotação com enorme facilidade, mesmo a circular em 6ª velocidade e a fazer com que procuremos constantemente pela 7ª e 8ª velocidade. Em 5ª velocidade a abrangência é de tal forma grande que quase parece que estamos numa moto de caixa automática ( tipo Maxi Scooter ) pois a Z1000 vai dos 20Kmh aos 200Kmh sempre em 5ª velocidade…

A nível da electrónica a Z 1000 SX inclui 3 níveis de controle de tração facilmente ajustáveis no guiador. O nível 1 é o menos intrusivo e dizem que inclusivamente permite realizar “cavalinhos” de acelerador. O nível dois é intermédio e o 3 para condições de piso molhado, escorregadio ou chuva. Inclui ainda dois mapas de motor um dos quais aconselhado para condução à chuva pois corta a potência da moto para os 100 CV. Não inclui “quick shift” nem “cruise control” mas a caixa é muito precisa e as passagens a subir caixa fazem-se quase sem necessidade de embraiagem apesar da mesma ser super leve, o que no transito e no pára arranca resulta numa enorme mais valia. Aliás a embraiagem para além de assistida é também deslizante o que torna a condução mais agradável e segura, suavizando o binário da SX.

 

Em estrada aberta a Z 1000 SX mostra todos os seus atributos de Sport Tourer e o seu desempenho é exemplar, com potência sempre disponível para concretizar rápidas ultrapassagens sem necessidade de passar caixa, com proteção aerodinâmica adequada , sobretudo com o écran na posição mais alta. A posição de condução é imensamente confortável , apenas um pequeno reparo a um pouco de vibração que sentimos no assento e que a uma determinada rotação do motor provoca um ligeiro formigueiro. Em curva é perfeita e neutra, de tal forma que ficamos a pensar que comportamento teria em pista num qualquer “track day”, e proporciona um enorme prazer quando “puxamos” pelas suas credenciais desportivas.

Em conclusão a Kawasaki Z1000 SX é a moto perfeita para quem goste de chegar rápido aos eu destino, para quem queira uma moto versátil, quer para o dia a dia , quer para viagens a solo ou acompanhado, com um nível de conforto acima da média , com um desempenho desportivo sempre prontoa ser explorado e com níveis de segurança acrescidos graças à inclusão de electrónica actual que controla travagem e aceleração e a adaptação a diferentes condiços de circulação.

Para que a Kawasaki Z 1000 SX se possa adaptar totalmente aos vossos requisitos de utilização a marca tem de catálogo 3 modelos diferentes. A Z 1000 SX dita normal, que foi a versão que testámos, a Z 1000 SX Tourer que inclui malas laterais à cor da moto com sacos interiores e suporte especial para GPS, e finalmente uma versão Performance, mais desportiva, que inclui escape especial Akrapovic, proteção de depósito em gel, tampa de banco do pendura e écran desportivo especial.

 

A  Kawasaki Z1000 SX está disponíveis em 3 cores distintas : ( extensível aos 3 modelos acima referidos )

 

. Emerald Blazed Green / Metalic Carbon Gray / Metallic Graphite Gray

. Metallic Spark Black / Metallic Graphite Gray

. Metallic Matte Fusion Silver / Metallic Flat Spark Black

 

Ficha Técnica

Marca: Kawasaki Modelo: Z 1000 SX 2018
MOTOR  
Tipo Tetracilíndrico em linha, refrigeração líquida, 4 tempos, 4 válvulaspor cilindro
Cilindrada 1.043 cc
Potência Máx. 138 CV@ 9.600 rpm
Binário Máx. 110 Nm @ 7.800 rpm
Embraiagem assistida e deslisante, multi disco em banho de óleo, hidraulica
Alimentação Injecção electrónica
Caixa Vel 6 Velocidades
   
CHASSI E SUSPENSÕES  
Quadro Alumínio diagonal
Suspensão Dianteira Up side down curso 120mm
Suspensão Traseira Mono amortecedor ajustável posição horizontal curso 138mm
   
TRAVÕES E PNEUS  
Travões Dianteiros Discos de 300mm semi flutuante e pinças radiais 4 pistons com ABS
Travões Traseiros Disco de 250mm pinça de 1 piston com ABS
Pneu Dianteiro 120/70-17 jantes em liga
Pneu Traseiro 190/50-17 jantes em liga
   
ELETRÓNICA E ELETRICIDADE  
Bateria 12 V, BAH VRLA
Luzes Dianteiras Full LED
Luzes Traseira Full LED
Painel Info digital
Controle Tração sim 3 níveis
Ride by Wire sim
Modos de Motor sim 2 modos
Outros ABS em curva
   
DIMENSÕES
Comprimento 2105 mm
Largura 790 mm
Altura 1170 mm
Distância entre Eixos 1445 mm
Distância ao solo 135 mm
Altura do banco 820mm
Peso total 228 Kg
Capacidade do Depósito 19 litros
Reserva n.d.
Consumos n.d.
Norma Emissões Euro 4

PVP da versão Z 1000 SX de 2018          14. 590 euros 

Concorrência

BMW R 1200 RS     1170 cc / 125 CV / 236 Kg / 14.968 eur

Yamaha FJR 1300 A     1298 cc / 146.2 CV / 296 Kg / 15.995 eur

 

Suzuki GSX FA 1000 ABS      1000 cc / n.d. CV / 228 Kg / 13.399 eur

Galeria de Imagens

 

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Pedro Rocha
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