Ensaio Honda CB650F de 2017 – Tradição Renovada

Por a 16 Agosto 2017 15:06

 

Muito se tem comentado sobre o desinvestimento que as marcas têm vindo a realizar nas desportivas de cilindrada média, sobretudo nas 600 Super Desportivas, a RR’s. De facto vemos apenas a Yamaha com a sua R6 a manter um nível de sofisticação alto, tendo inclusive apresentado em 2017 um novo modelo, mas a ser apenas a única sobrevivente neste segmento.

As marcas têm vindo a apostar em motos de cilindrada média mais acessíveis no preço, mantendo carácter desportivo mas mais versáteis na sua utilização, menos exclusivas e com potência qb, ágeis e práticas no dia a dia.

Temos vindo também a assistir ao desenvolvimento do segmento das Trail, tanto de média como de alta cilindrada, com as mais sofisticadas e com potências de 160CV a baterem-se com as desportivas em termos de comportamento e desempenho.

Com as motos em crescimento como opção de mobilidade diária em deterioro do automóvel, faz todo o sentido o aparecimento deste novo segmento de cilindrada média, com potências abaixo dos 100CV, com motos que são divertidas de conduzir e em simultâneo mais práticas, cómodas e acessíveis no preço do que as sofisticadas 600 R’s.

A nova Honda CB650F de 2017 posiciona-se precisamente neste segmento, diferenciando-se à partida da restante concorrência directa, Yamaha MT07, Kawasaki Z650, Suzuki SV650, por ser a única 4 cilindros.

Tendo sido lançada em 2014, vindo a substituir a Hornet 600, as novas CB650F são um modelo inteiramente novo em relação ao passado, novo motor, novo quadro, nova ciclística e design. Tudo diferente inclusivamente a sua origem pois as CB650 passaram a ser fabricadas na Tailândia em vez de no Japão, permitindo assim baixar custos de produção e preço final.

Em 2017 a CB650F sofreu pequenas alterações estéticas e alguns melhoramentos na motorização agora com mais 4 CV e atingindo os 90Cv às 11.000 rpm. O motor é herdeiro de anos de investigação e desenvolvimento na Honda de motores de 4 tempos e 4 cilindros em linha e o facto de ter as 4 saídas de escape direcionadas para o mesmo lado, num típico 4 em 1, faz-nos recordar a famosa CB400 que, no final dos 70, apresentava a mesma configuração.

O motor tem um comportamento típico de um 4 cilindros, progressivo e com a potência distribuída de forma linear ao longo de todo o seu regime, um motor bastante rotativo que mostra a sua garra desportiva a partir das 6.000 rpm , regime que se atinge com facilidade utilizando a caixa de relações curtas, muito precisa e suave, que monta.

A nível das suspensões houve alguns melhoramentos e monta agora a Showa com o mesmo sistema de válvulas da NC750X, que básicamente permite o funcionamento do hidraulico nos dois sentidos, permitindo que o óleo da suspensão circule para cima e para baixo sem ter que realizar um percurso circular fechado e num só sentido. O amortecedor Showa traseiro é idêntico, utiliza um cantilever directo ao braço oscilante tal como nas antigas CBR600.

A posição de condução é diferente na versão deste ano, pois o guiador é mais baixo em cerca de 1,3cm que o da versão de 2016, colocando o nosso peso mais à frente, numa posição mais agressiva.

A CB650F’17 monta agora luzes LED à frente e atrás e esteticamente apenas a tampa lateral do radiador é mais curta na versão de 2017 mostrando mais a motorização.

Gostei da agilidade da CB650F e da facilidade com que se coloca em curva e sobretudo da facilidade com que encadeamos curvas e contra-curvas em percursos de sinuosos. Travagem excelente, típica Honda , e suspensão a acusar alguns limites em piso em mau estado.

Motor rotativo e caixa bem escalonada, a facilitar muito a apetência que a CB650 tem em rodar lá em cima, nos regimes mais altos, onde mostra o seu verdadeiro carácter. Nos regimes mais baixos de rotação é um típico 4 cilindros, dócil e suave no seu comportamento. Fiquei a achar que este 4 cilindros merecia uma ponteira mais “racing” que permita deixar respirar melhor o motor… uma sugestão que assim que for possível iremos comprovar.

Os acabamentos são excelentes e a qualidade dos materiais também, ao nível a que a Honda sempre nos habituou. Em termos de sofisticação a Honda optou pelo básico, não há electrónica e tão somente ABS de origem. Talvez a indicação da mudança engrenada pudesse vir a ser incluída no painel de informação para 2018.

Em conclusão a CB650F distingue-se das restantes motos concorrentes pelo seu motor de 4 cilindros e 90CV, cuja potência é mais perceptível a alta rotação, ao contrário das restantes, Yamaha, Kawasaki e Suzuki que, graças ao comportamento normal dos seus motores bi-cilíndricos, mostram maior desempenho a baixa rotação e uma condução mais alegre a baixos regimes, mas não demonstram o mesmo vigor e sensação de potência em regimes mais altos como o da Honda CB650F.

Tanto a CB650F como a sua versão carenada CBR650F, são agora a opção dentro do conceito de utilização mais abrangente que a Honda sempre defendeu para as suas motos desportivas e ao continuarem a montar motores de 4 cilindros, realidade que se mantém fiel a um histórico de décadas da marca, são não só garantia de fiabilidade assente sobre anos de pesquisa como posicionam os modelos na tendência que identificamos de evolução deste segmento mercado.

 

Cores disponíveis de 2017

  

Matte Gunpowder Black Metallic                                  Sword Silver Metallic

Pearl Metalloid White                                                     Pearl Spencer Blue

Millennium RED

Ficha Técnica

 

MOTOR

DIÂMETRO X CURSO (mm) 67 x 46 mm
ALIMENTAÇÃO Injeção eletrónica PGM-FI
TAXA DE COMPRESSÃO 11.4:1
CILINDRADA (cm3) 649 cm3
TIPO DE MOTOR 4 tempos, 4 cilindros em linha, 16 válvulas, DOHC
POTÊNCIA MÁXIMA 67 kW (91 CV) / 11.000 rpm (95/1/EC)
BINÁRIO MÁXIMO 64 Nm/ 8.000 rpm (95/1/EC)
CAPACIDADE DE ÓLEO (Litros) 3,5L
ARRANQUE Elétrico

 

TRANSMISSÃO

EMBRAIAGEM Multi-disco banhada em óleo, com molas helicoidais
TIPO TRANSMISSÃO 6 velocidades

 

RODAS

TRAVÕES FRENTE Dois discos hidráulico de 320 mm x 5.0 mm com 2 pinças.
TRAVÕES TRÁS Disco de 240 mm x 5 mm com pinça de um êmbolo e pastilhas de resina
SUSPENSÃO – FRENTE Forquilha telescópica convencional de 41 mm
SUSPENSÃO – TRÁS Mono-amortecedor, ajustável em pré-carga da mola.
PNEUS – FRENTE 120/70ZR17 M/C (58W)
PNEUS – TRÁS 180/55ZR17 M/C (73W)
RODA – TIPO – FRENTE Jante em liga de alumínio com 6 raios
RODA – TIPO – TRÁS Jante em liga de alumínio com 6 raios

 

CLICÍSTICA

BATERIA 12V/8.6AH
ÂNGULO DA COLUNA DE DIRECÇÃO 25,5º
DIMENSÕES (mm) 2.110 x 775 x 1.120 mm
QUADRO Aço tipo diamante
DEPÓSITO DE COMBUSTÍVEL (Litros) 17,3 litros
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL 4,76l/100 km
DISTÂNCIA LIVRE AO SOLO (mm) 150 mm
LUZES LED
PESO EM ORDEM DE MARCHA (kg) 208 kg
ALTURA DO ASSENTO (mm) 810 mm
TRAIL (mm) 101 mm
DISTÂNCIA ENTRE EIXOS (mm) 1.450 mm

 

 PVP 7.400,00 euros

 

 Concorrência

 

YAMAHA MT-07 689cc / 75CV / 182Kg / 6.950 eur

 

SUZUKI SV650 645cc / 70CV / 197Kg / 6.999 eur

 

KAWASAKI Z650 648cc / 68CV / 187Kg / 6.990 eur

 

Galeria de Fotos


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Pedro Rocha
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