Técnica MotoGP, 4: A Suzuki Ecstar

Por a 19 Agosto 2019 17:47

De repente, de também-lá-anda, a Suzuki GSX-RR tornou-se numa vencedora, com a vitória de Rins no Texas a ilustrar os pontos fortes da moto de Hamamatsu, antes de uma série de quedas sofridas a desafiar a liderança virem prejudicar a campanha do piloto de Barcelona.

Convencional no 4 em linha de 1000cc, quadro de alumínio, suspensão Öhlins e travagem Brembo, a marca recorre ao escape Akrapovic e também ela prescindiu da eletrónica da Marelli quando o pacote de controlo de Dorna entrou em efeito.

Perdendo para as Ducati ou Honda em velocidade de ponta, (quem não perde?) um dos pontos fortes da Suzuki, mais ainda que da Yamaha, é a sua estabilidade sob inclinação e portanto velocidade em curva, que lhe permite entrar em curva a bombar mas só funciona quando o piloto está isolado:

“Há um problema com a velocidade em curva” – explica Rins – se temos uma Ducati ou uma Honda à frente, e ambas usam um estilo mais parra-arranca, não há espaço para explorar a vantagem na velocidade em curva, porque lhes entramos pela traseira…”

Ao longo de uma corrida, entrar em curva mais rápido e depois ser forçado a perder velocidade na corda desgasta o rebordo do pneu, razão porque Rins lidera tantas corridas e está em parte nenhuma 7 ou 8 voltas depois… O que tem os técnicos de Davide Brivio feito acerca disso, então?

Diz Frankie Carchedi, o Inglês que veio do Team Aspar para a Suzuki: “Esta Suzuki nasceu com uma boa configuração básica, requer poucas mudanças de uma pista para outra. Em geral, tem excelente comportamento ”.

Manuel Cazeaux, o Argentino encarregado da moto de Rins, elabora:  “A nossa moto tem boa entrada em curva, excelente estabilidade e acima de tudo é suave com os pneus. As áreas de melhoria mais notáveis ​​que temos em mente são a velocidade máxima e a travagem quando inclinada: nessa situação, conseguimos desacelerar menos que os outros ”.

A maior parte das vezes, a afinação das suspensões basta porque a GSX-RR funciona de base em quase todos os circuitos… de vez em quando, há que procurar mudanças mais radicais no tamanho do braço oscilante. Este é uma massiva viga de alumínio reforçada por nervuras internas, emprestando grande parte da estabilidade ao chassis . Depois, o equilíbrio entre a eletrónica e a sua influência na duração dos pneus é a área de atenção seguinte ao longo de um fim-de-semana de corrida.

Por outro lado, a falta de experiência ao mais alto nível de Mir não ajuda ainda a definir os limites da moto, por oposição aos limites do piloto, e por vezes a equipa tem a noção de que não atingiu todo o potencial da moto nos treinos, arrancando depois de lugares em corrida que não ajudam à obtenção de um bom resultado.

Ou seja, a prestação em corrida ainda está muito condicionada pelo lugar na grelha: quando arranca na frente, Rins consegue exprimir-se e os outros têm dificuldade em apanhá-lo, quando se embrenha no pelotão, a impossibilidade de usar em pleno a velocidade em curva superior acaba por atrapalhar.

 

 

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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