Os pneus na MotoGP

Por a 8 Junho 2019 16:56

Usando como exemplo o Grande Prémio d’Italia Oakley, analisámos brevemente a tecnologia dos pneus de MotoGP e as exigências da borracha na categoria rainha – assim como a forma como foram alcançados tais níveis.

Nesse Grande Prémio, e só na categoria MotoGP que fornece em exclusivo, a Michelin tinha à disposição de cada piloto 6 pneus dianteiros e 7 traseiros diferentes. Adicionalmente, cada um desses é oferecido em três escolhas de mistura, no caso de Mugello, extra-macio, macio e médio. Noutros circuitos mais abrasivos pode ainda haver médio-duro ou duro, ou de facto, um pneu que num circuito fosse classificado como médio ser classificado como macio dependendo das exigências do traçado.

Mesmo que não pareça, é um incrível abismo entre a utilização dos pneus numa moto de estrada e o uso que chega a atingir os 350 km/h no MotoGP.

“O grande salto vai dos pneus de estrada para os pneus específicos para circuito e a maioria dos produtos das marcas é tão, tão boa agora”, diz Simon Crafar, ex-piloto de 500 e agora repórter da MotoGP. “Qualquer um que não tenha usado um em pista não vai entender: é mais que o dobro da aderência. É mesmo imenso!”

Os parâmetros que influenciam o desempenho de um pneus são numerosos e todos se complementam entre si: Do lado do fabrico e intrínsecos a cada pneu, desde logo, há as dimensões, número e posição das telas, rigidez, quantidade e mistura de borracha (que há muito deixou de ser borracha, são compostos sintéticos à base de sílica muito mais controláveis) altura do rebordo, curvatura do piso, profundeza do rasto, perfil, etc…

Estas características não podem ser variadas uma vez fabricado o pneu. Do lado da utilização, portanto passível de variação, temos depois a dimensão da jante (por exemplo, um pneu de 16,5 montado numa jante de 17 ficará mais achatado) temperatura de utilização, pressões, etc.

“Os pneus de estrada têm que trabalhar no frio e estes não, na verdade, nem sequer funcionam quando estão frios. Porém, uma vez aquecidos, eles são como cola. Quando se pensa em Superbike ou MotoGP, estamos falando de diferenças menores, pequenos incrementos de desempenho de uma mistura ou carcaça para outra”

Essa tecnologia é filtrada para a estrada, mas é claro que as exigências são diferentes. “Os pneus vendidos ao balcão estão num nível muito alto agora. Eles não são os que se usam em MotoGP, mas ninguém iria querer isso de qualquer maneira: eles são tão duros porque são usados em condições extremas. Se os usássemos numa moto de estrada, seria queda pela certa, porque o ritmo alcançado não os manteria aquecidos o suficiente para os fazer funcionar, mesmo num Track day! ”

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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