MotoGP, Sito Pons: “Falámos com a Dorna para voltar ao MotoGP”
O antigo bicampeão mundial de 250 procurou ficar com o lugar da Suzuki, conversou com a Dorna sobre o regresso à categoria rainha com uma equipa privada, mas recebeu em troca um rotundo ‘não’, como explicou ao site espanhol Marca.
Sito Pons é um dos nomes incontornáveis do campeonato do mundo. Bicampeão de 250cc como piloto, foi dono de uma prestigiada equipa (Honda Pons) por onde passaram nomes como Alex Crivillé, Carlos Checa, John Kocincki, Loris Capirossi, Alex Barros e Max Biaggi, entre muitas outras estrelas da categoria rainha.
Com a anunciada saída da Suzuki do campeonato do mundo, o natural de Barcelona de 62 anos – que gere atualmente duas equipas de sucesso, na Moto2 (Flexbox HP 40) com Áron Canet e Jorge Navarro, e na MotoE (Pons Racing 40) com Mattia Cassadei e Jordi Torres) – viu a oportunidade com que sonha há quatro ou cinco anos, entrando em contacto com a Dorna que gere o campeonato do mundo.
“Conversávamos com Carmelo Ezpeleta que o nosso objetivo era voltar ao MotoGP. Já tínhamos sido a melhor equipa privada da história e queríamos voltar a sê-lo.
Saímos do MotoGP por uma circunstância muito especial, que a Dorna e o Carmelo conheciam perfeitamente, e no momento em que surgiu o anuncio da saída da Suzuki, fui falar com o Carmelo e disse-lhe, claramente, que a nossa intenção era subir se houvesse a possibilidade.”
Porém, a resposta de Carmelo Ezpeleta foi uma ‘nega’ porque tinha saído uma fábrica e não daria esse lugar a uma equipa privada.
“Se tivéssemos a oportunidade, teríamos dado o passo em frente. O Carmelo sabe que estamos no topo, mas a resposta foi clara, disse-me: ‘Tem de ser substituída a Suzuki, mas com uma fábrica, não com uma fábrica pintada com outras cores’.
“Gostaríamos de chegar a um acordo com a Aprilia, Ducati ou Yamaha para podermos fazer uma equipa de Moto2 que, obviamente, nos garanta um conjunto de pilotos para o futuro. Se não participas com uma fábrica, dificilmente encontras futuro”.
Com mais de 40 anos de experiência no mundial, Pons é uma voz mais do que autorizada a responder ao inquérito que está a ser realizado por estes dias no MotoGP: ‘Como melhorar o Campeonato do Mundo?’
“O Mundial está muito bom, está melhor do que nunca. Há mais competição do que nunca em todas as categorias, há a melhor televisão que já tivemos, há fábricas envolvidas , especialmente no MotoGP, mas também há coisas que precisam ser melhoradas. O financiamento das equipas, precisamos de uma plataforma melhor para que os patrocinadores tenham um impacto maior. Estamos condicionados de forma importante com a questão dos canias de TV pagos.
É óbvio que a audiência do nosso campeonato e a notoriedade do nosso campeonato estão a perder-se e se o foco tem que estar em algum lugar, é ali, porque para haver mais financiamento no Campeonato do Mundo precisamos de ter notoriedade. Perdendo notoriedade, isso afeta não só o impacto nas marcas que investem no nosso desporto, mas também a atração do público nas corridas”.
Agora, o MotoGP atravessa um momento difícil porque perdeu uma referência como Valentino Rossi, mas as categorias mais baixas são as que estão a pagar mais cara a factura. E Sito Pons confirma-o:
“É verdade que temos que tentar tornar o financiamento das equipas, o que elas recebem, mais sustentável para mantê-las a funcionar, especialmente na Moto2 e Moto3.”
Precisamos de um desporto que seja notório e, para isso precisamos, talvez, que as televisões estejam abertas. Há uma encruzilhada difícil e na minha opinião há duas opções: ou abres o Campeonato do Mundo para voltar a abrir as corridas ao grande público, com as quais mais empresas participam no nosso campeonato, ou o dinheiro que se obtém da televisão fechada atinge mais as categorias pequenas que, em comparação com o MotoGP estão muito abaixo, financeiramente falando.”