MotoGP- Previsão da época na classe rainha
É o 71º ano do Campeonato Mundial de Motociclismo, de há uns anos para cá chamado de MotoGP… este ano com 19 corridas e oito meses de duração. A batalha começa esta semana no dia 10 de março sob os holofotes no Qatar e termina no Outono em Valencia a 17 de novembro.
Pelo meio, o MotoGP visitará 16 países (Espanha três vezes e Itália duas), e ambos os hemisférios. Assen na Holanda é a corrida mais setentrional, o GP da Austrália é o mais meridional; enquanto a Argentina e o Japão se estendem de oeste a leste. As séries voltam à Tailândia pela segunda vez, onde a nova corrida foi o GP do ano de 2018 eleito pela associação de equipas, a IRTA; e devem também visitar a Inglaterra, se o reasfaltar de Silverstone for adiante.
Os companheiros de viagem compõem os 22 melhores pilotos de MotoGP do mundo, juntamente com 32 “aprendizes” da classe média nas novas motos Triumph Moto2 e 29 quase-recém saídos do jardim de infância de Moto3. Em geral, eles são uma multidão familiar, mas com algumas mudanças significativas de posição e lealdade intra-equipas e marcas, mas também algumas caras novas e importantes.
O vira-casacas mais importante é Jorge Lorenzo, o único piloto a conseguir interromper a liderança de Marc Marquez desde 2013. De rival na Ducati, agora são companheiros de equipa numa formação incrivelmente forte da Repsol Honda.
Jorge está ansioso por inverter a sua má sorte dos últimos dois anos na Ducati, demonstrando a sua aplicação e adaptabilidade, bem como o seu inegável talento. Os primeiros testes na dominante Honda RC213V viram-no de regresso rápido e inspirado, com uma moto menor, muito mais adequada ao seu tamanho e estilo do que a Desmosedici. Mas então ele quebrou o escafóide esquerdo num acidente de moto em meados de janeiro, perdendo os primeiros testes de Sepang, e é improvável que esteja totalmente em forma até à terceira ou quarta corrida. Mesmo assim, ele foi o sexto mais rápido nos testes finais de pré-época.
Marquez está similarmente abaixo da forma habitual. Finalmente, submeteu-se a uma cirurgia para o ombro esquerdo deslocado em dezembro e, embora pudesse fazer os testes e ser rápido, ainda estava a livrar-se da dor e da fraqueza, e apenas no final, foi capaz de pilotar no seu impressionante estilo normal.
Também lesionado, o piloto da equipa independente Cal Crutchlow deu o seu melhor, enquanto o seu companheiro de equipa da LCR, Takaaki Nakagami, tem a moto do ano passado como fator limitador. Este arranque fora do ritmo da frente para o principal fabricante da MotoGP só pode encorajar os seus rivais. Depois das últimas épocas, a maioria deles precisa de tudo que possa reforçar a sua confiança para se motivarem.
Isso aplica-se, mais que a qualquer outlro, à Yamaha, lutando para recuperar o ímpeto, e apenas um pouco menos à Suzuki, o “outsider” mais forte, mas ainda sem certezas.
Apenas a Ducati pode esperar em pé de igualdade com a Honda. Possivelmente meio passo à frente… reforçado no teste de Sepang, onde a Ducati açambarcou as quatro posições superiores da tabela: pelo menos em termos de uma única volta ao ataque…
Mas como é sabido, os testes não são corridas, e o piloto de fábrica, Andrea Dovizioso, deu a entender que eles ainda precisam de resolver alguns problemas de distância de corrida. Ao mesmo tempo, ele e os seus companheiros estavam contentes com o que a moto tinha melhorado desde o ano passado (quando venceu sete corridas), e com o facto do desenvolvimento estar a ir na direção certa.
Normalmente, a Ducati tem várias ideias especiais para testar nos testes. A mais óbvia desta feita foi a nova carenagem aerodinâmica – nada menos que seis aletas novas, três de cada lado. A mais intrigante foi uma misteriosa alavanca no topo do tríplo tê do garfo … provavelmente um “dispositivo de disparo”, para manter a suspensão comprimida na primeira curva.
Além disso, em Losail, uma conduta apareceu sob o braço oscilante, provavelmente para dirigir ar fresco para arrefecer o pneu; e umas placas laterais enigmáticas abaixo do eixo dianteiro. Com o mistério da marca registrada, o engenheiro-chefe Gigi Dall’Igna recusou-se a dar detalhes. Tal como acontece com os detalhes ainda não revelados da “caixa de sanduíches” na cauda.
Mais fácil de entender foi a presença dum tirante para a pinça do travão traseiro, para evitar ressalto da traseira à entrada das curvas. A Ducati precisa de uma mão forte, e como tal, Danilo Petrucci juntou-se a Dovi na equipa de fábrica. O forte ano de estreia de Jack Miller com a Desmosedici foi igualmente recompensado com uma moto de fábrica na equipa satélite da Pramac.
O novo companheiro de equipa Pecco Bagnaia, recém-saído vencedor da Moto2, fez um impressionante arranque em 2019 em Sepang, colocando-se em segundo lugar numa GP18. Mais dois pilotos da Reale Avintia – o temível Tito Rabat e Karel Abraham – que também andaram bem nas GP 18.
A Yamaha precisa de um regresso em força após dois anos em pousio, já que a convincente vitória australiana de 2018 de Maverick Vinales acabou com uma série de derrotas recorde de 25 corridas, cumulando num pedido público de desculpas pelo líder do projeto, Kouji Tsuya, na Áustria, por não conseguirem dar uma oto mais competitiva aos seus pilotos. Agora, pelo menos com Viñales, os sinais do teste foram um pouco mais encorajadores.
Tsuya já era, e a administração foi reestruturada para dar mais influência à parte italiana da Yamaha Racing, enquanto os comentários da sessão de testes de Viñales e do veterano companheiro de equipa Valentino Rossi foram cuidadosamente otimistas. Viñales disse que a nova moto patrocinada pelo Monster Energy é mais previsível depois de definir o tempo mais rápido no segundo dia na Malásia e fazer algumas simulações de corrida impressionantes.
Considerando que isto foi no calor da Malásia, condições em que a moto sofreu muito o ano passado, isso foi um resultado encorajador. Mais ainda foram os resultados do espanhol nos testes subsequentes do Qatar, onde ele terminou o mais rápido. Rossi foi um quinto à geral, e otimista, mas o grande avanço da moto foi reforçado por outro estreante impressionante, Fabio Quartararo, na equipa satélite da Petronas, o segundo mais rápido e até por Franco Morbidelli em sétimo. A Yamaha agora também tem uma equipa de testes européia, com o piloto Jonas Folger.
O desafio da Suzuki parece tecnicamente tão forte como o da Yamaha, com o comportamento doce da GSX-RR a trazer os benefícios de um ano de desenvolvimento livre e a crescente força de Alex Rins, na sua terceira temporada de MotoGP. Rins fez cinco pódios no ano passado, incluindo três segundos lugares, e está pronto para começar a ganhar. O seu companheiro de equipa Joan Mir é um rookie sob muita pressão.
A KTM dobrou os seus esforços, agora com duas equipas e quatro pilotos, e o peso-pesado Johann Zarco veio juntar-se a Pol Espargaró na equipa de fábrica. Zarco cometeu alguns erros o ano passado depois de uma estreia quente, e ainda não venceu uma corrida, mas é um piloto rápido e cerebral, que pode combinar bem com a equipe austríaca, estudiosa e bem financiada. Mas a KTM, no seu terceiro ano, ainda tem muito a aprender. A chegada da experiente Tech3 como equipa satélite, com o rápido estreante Miguel Oliveira e Hafizh Syahrin, ajudará o intenso programa de desenvolvimento a recuperar o ímpeto depois de um ano de 2018 assim-assim.
Finalmente, a Aprilia tem um revigorado Aleix Espargaró (sétimo nos tempos em Sepang) que se diz satisfeito com a moto, apoiado pelo errático talento em bruto de Andrea Iannone numa moto aparentemente muito melhorada.
As regras são como antes – nenhuma alteração aerodinâmica é permitida este ano, embora uma atualização ainda seja permitida por piloto. Eletronicamente, as coisas foram niveladas também, com um IMU de controlo (plataforma inercial) igual para todos. Excessos em pista poderão ser sancionados com a nova regra da “volta longa”numa curva selecionada do circuito.
O resto é com os pilotos… e a época que se avizinha pode vir a provar-se a mais competitiva de sempre!