MotoGP, Miguel Oliveira vs. Brad Binder: não é pela falta de talento dos pilotos
Olhando para a tabela classificativa após o Grande Prémio de Espanha, é difícil falar de uma grande vantagem de Brad Binder sobre Miguel Oliveira ou vice-versa. O sul-africano tem uma vantagem de cinco pontos sobre o português no campeonato, mas ambos têm passado mais ou menos pelas mesmas dificuldades.
Atentando nas duas primeiras rondas do campeonato, é justo dizer que Binder foi muito superior no Qatar (foi segundo, numa prova que Miguel Oliveira nem terminou). Mais ainda numa pista onde a KTM tinha tido muitas dificuldades ao longo dos últimos anos e onde todos os outros pilotos da KTM estavam a passar um mau bocado este ano, a performance de Binder foi surpreendente. Mas na Indonésia, foi o português que reinou, com uma brilhante corrida à chuva, com o colega de equipa a ficar-se pelo oitavo lugar.
Binder voltou a mostrar-se melhor na Argentina, recuperando bem de uma qualificação onde foi 12.º para terminar a corrida em sexto, ao passo que Miguel Oliveira saltou de 16.º para apenas 13.º. Nos Estados Unidos, toda a KTM teve bastantes dificuldades, com Binder a conseguir, ainda assim, salvar um 11.º lugar, ao contrário do Falcão, que ficou fora dos pontos.
Miguel Oliveira recuperou bem no Grande Prémio caseiro, em Portimão, num fim de semana que até podia ter sido melhor se não tivesse sido atrapalhado por um problema na qualificação (e talvez ainda melhor se tivesse continuado a chover). Mas um top-5 é um bom resultado, sendo que, aí, foi Brad Binder a passar por dificuldades e a não terminar a corrida. E hoje, em Jerez, ambos recuperaram relativamente bem de más qualificações, mas apenas com um décimo lugar para Brad e um 12.º posto para Oliveira.
Concluindo, ambos estão a passar por fins de semana de altos e baixos, mas têm vindo a mostrar que, muitas vezes, respondem bem em contextos difíceis. E as dificuldades vêm muitas vezes da própria moto, que começou bem o ano, mas tem vindo a decrescer. Amanhã há um teste em Jerez em que todas as equipas vão tentar aproveitar para corrigir o que está mal, mas o regresso a circuitos europeus parece ter trazido para a frente os que estavam mais fortes no ano passado (Bagnaia e Quartararo, nomeadamente) e empurrado para trás aqueles que estavam em dificuldades em 2021 (e a KTM é um exemplo). Veremos se isto se confirma com as próximas provas, mas é um sinal preocupante.