MotoGP: O melhor Andrea Dovizioso de sempre
Num ano em que a Ducati apostou forte na contratação de Jorge Lorenzo para regressar aos títulos, que já escapam desde 2007, é precisamente Andrea Dovizioso, o tal piloto que foi escolhido em detrimento de Andrea Iannone, que está a viver a melhor época da sua já longa carreira e a lutar pela primeira vez pelo título mundial na classe rainha.
Não deixa de ser um paradoxo, mas as corridas são mesmo assim. Visto durante largos anos, nomeadamente desde 2008 quando chegou ao MotoGP, como um piloto muito sólido e a espaços capaz de fazer um brilharete, Dovizioso está em 2017 a desmentir em toda linha essa percepção por parte do paddock e adeptos do Mundial de MotoGP.
Conhecedor como ninguém dos segredos da Desmosedici, essa ‘arma’ indomável para alguns pilotos, este italiano de 31 anos está fazer uso de toda a sua experiência para tentar agarrar uma oportunidade que talvez não mais venha a surgir na sua carreira. E com isso arrasta consigo a Ducati para uma posição em que esta já não se via desde os tempos de Casey Stoner, considerado unanimemente como o grande ‘domador’ da Desmosedici.
Pela primeira vez desde que foi campeão do mundo de 125cc em 2004, o piloto transalpino já venceu três Grandes Prémios. Mais vitórias do aquelas que tinha na classe rainha à partida para esta temporada. Basta lembrar que o ano passado ao vencer o GP da Malásia, o piloto da Ducati interrompeu um jejum de sete longos anos sem vitórias em MotoGP. Parece que foi há muito, mas este era o cenário há menos de um ano.
Um Andrea Dovizioso revigorado e que já tem um lugar marcado na história da temporada de 2017. Isto porque tornou-se no primeiro piloto italiano a vencer o Grande Prémio de Itália aos comandos de uma Ducati ao qual se junta o espectacular duelo com Marc Márquez no passado domingo nos últimos metros do Grande Prémio da Áustria e que terminou com nova vitória do transalpino. Até aqui vemos um novo Dovizioso a lutar no ‘braço’ com os rivais em pista contrariando a tal ideia já referida de um piloto mais calculista.
Com lugar já garantido na história da época falta agora carimbar a ‘passagem para a eternidade’. Isto é derrotar Marc Márquez e os rivais da Yamaha, Valentino Rossi e Maverick Viñales, na luta pelo título e tornar-se no primeiro italiano a vencer o título mundial de MotoGP com uma Ducati.
Seria no mínimo irónico se tivermos em conta que Valentino Rossi, também ele italiano e a grande figura do motociclismo mundial deste novo milénio, já representou a Ducati e sem sucesso. Ah e um tal de Jorge Lorenzo, tricampeão do mundo de MotoGP, continua do outro lado da boxe….