MotoGP, Jorge Martin: “Oito pilotos têm potencial para vencer em 2024”
O vice-campeão da época passada tem um plano para 2024 e sabe o que precisa de mudar para vencer o seu velho amigo e antigo companheiro de equipa Pecco Bagnaia no Campeonato do Mundo.
Apesar de toda a azáfama, apesar de todo o drama no final da época passada, uma coisa nunca aconteceu: o duelo da Ducati entre Pecco Bagnaia e Jorge Martín nunca foi injusto nem por um segundo, nunca saiu do controlo e permaneceu um duelo determinado entre amigos até à última corrida, e ainda mais depois da linha de chegada, que confirmou Bagnaia como campeão do mundo.
O facto de ter sido um mau pneu traseiro a decidir o campeonato do mundo: Jorge Martín já esqueceu isso, “mesmo que ainda esteja à espera de uma explicação da Michelin sobre o que estava realmente errado com o meu pneu na final”.
Antigos companheiros de equipa
O que muita gente pode já não ter no seu radar: nas épocas de 2015 e 2016, Martín e Bagnaia foram companheiros de equipa na equipa Aspar de Jorge Martínez na Mahindra. Bagnaia, que era um ano, duas semanas e um dia mais velho, levou a melhor sobre o espanhol durante o tempo que passaram juntos na Moto3. A certa altura, chegaram mesmo a partilhar o quarto nos fins-de-semana de corrida. A sua boa relação remonta a essa altura. “Éramos muito próximos nessa altura”, recordou recentemente Martín no podcast da Alpinestars.
Quando Bagnaia se mudou para a VR46 na Moto2 e Martín para a Gresini, já não se viam com tanta frequência, mas a boa relação nunca se perdeu. Lutar pelo título de MotoGP contra o seu antigo companheiro de quarto foi algo especial para Jorge: “O Pecco é um campeão e sempre tive um grande respeito por ele. Hoje ele é tricampeão do mundo e eu vou fazer tudo o que puder para o vencer.”
O facto de ambos estarem agora a competir no MotoGP pela primeira vez com equipamento idêntico, nomeadamente na novíssima Ducati Desmosedici 2024, deverá jogar a seu favor, diz Martín: “Se olharmos para a época passada, ele foi muito mais rápido do que eu na primeira metade. Na segunda metade, deu a volta. Em 2024, vamos começar do mesmo nível desde o início.”
O que é que Martin retira do combate do Campeonato do Mundo do ano passado?
“É preciso manter a calma e a concentração. Não nos podemos dar ao luxo de cometer erros. E no ano passado cometi demasiados.”
Evitar erros e ser consistente são a chave para o título mundial de 2024, diz o espanhol.
“Se tomarmos o teste de Sepang como referência, oito pilotos têm potencial para ganhar corridas. Mas o campeão do mundo será o piloto que pode marcar mais pontos de forma mais consistente. É preciso estar em posição de lutar pela vitória em todas as corridas, tanto no Sprint como na corrida principal.”
O que Martin não especifíca é quem são os oito potenciais vencedores de corridas mas, havendo precisamente 8 pilotos com motos Ducati na atual grelha do MotoGP, não é difícil imaginar quem sejam…
“Na época passada, tive demasiados problemas, mas fui rápido todos os fins-de-semana. Isso é bom para a minha auto-confiança. O meu objetivo tem de ser reduzir os erros e, em caso de dúvida, aceitar um segundo, terceiro ou talvez mesmo um quinto lugar.”
Com uma época que está atualmente prevista para 21 corridas, dependendo da realização do GP do Cazaquistão, como é que é feita a preparação para isso?
“É um trabalho para todo o ano. Treinamos de janeiro a novembro. Há sempre tempo reservado para treinar durante a época. É a vida que, por vezes, fica aquém das expectativas. Todos nós nos sacrificamos muito pelo nosso desporto. Durante as férias de verão, em julho, temos talvez uma semana para descansar na praia”.
Mas Martín sabe exatamente por que razão está a trabalhar…
“Ainda me restam cinco, seis, talvez nove anos de corridas, ninguém sabe ao certo. Quando um dia me retirar, quero fazê-lo com a consciência de que dei tudo, mas mesmo tudo, e espero ser recompensado com o título mundial.”
Fotos: Red Bull Content Pool