MotoGP, Jack Miller (KTM), 6º.: “Somos pagos para correr, não para nos queixarmos como princesas”

Jack Miller teve algumas palavras fortes para os seus companheiros de profissão que se queixam das suas motos face ao domínio insolente da Ducati. O australiano, disse tudo o que lhe ia na alma, depois de mais uma boa corrida na Alemanha.

A KTM de Miller, que cruzou a linha em sexto, foi a única ‘não-Ducati’ entre os nove primeiros no domingo.  “Eles estão bem no momento. Não há dúvida disso, mas nem sempre foram bons e nós vamos apanhá-los.” Disse um convicto ‘JackAss’.

Na verdade, a  Ducati ganhou 11 das 14 corridas realizadas até agora nesta época (incluindo os novos Sprints), com 2 vitórias para a KTM e 1 para a Honda. Os pilotos da Ducati ocupam agora também os quatro primeiros lugares no campeonato do mundo. A Aprilia ainda não conseguiu repetir a vitória do ano passado, enquanto as marcas japonesas, outrora dominantes – Honda e Yamaha – continuam no fundo da classificação dos construtores. A Yamaha, que liderou o campeonato do mundo há um ano, conquistou apenas um pódio com Fabio Quartararo, que é o oitavo na classificação geral.

Face a este panorama, o australiano que regressou à KTM este ano, criticou aqueles que se queixam de ter motos inferiores, em vez de se esforçarem para as melhorar: “Somos (a KTM) os únicos que não se queixam das nossas motos e estamos realmente a tentar fazer alguma coisa para as melhorararr. Todos os outros, tudo o que fazem é atirar os seus brinquedos para fora do berço e dizer; ‘a minha moto é uma não é boa’, blá, blá, blá…” Disse Miller.  

Em resposta a um comentário de que “algumas motos” são claramente piores, Miller acrescentou: “Mas porque é que dizem mal das motos que são obra deles próprios. Expulsaram 99% dos engenheiros, para ficarem com os engenheiros preferidos e agora estão lixados. Portanto, a culpa é deles. Toda a gente se quer queixar das motos, mas ninguém quer fazer nada. Calem a boca e continuem com o trabalho. Somos pagos para correr, não para sermos uma princesa e queixarmo-nos da nossa moto!” Nesta dura crítica feita hoje pelo australiano, este não nomeou nenhum piloto nem construtor, mas todos sabemos que os pilotos da Honda, Yamaha e Aprilia expressaram até agora a sua frustração pelo facto das suas motos terem ficado este ano atrás do nível técnico das Ducatis.

Na corrida de hoje Miller fez mais um arranque em grande estilo para assumir a liderança no MotoGP alemão, antes de quase se despistar na ultra-rápida Curva 11 e ficar atolado na saída. “Apanhei um grande cagaço, quando mudei de direção perdi a frente e pensei, ‘oh, aqui vamos nós. Vou ser um dos tipos que faz gastar um milhão de dólares este fim de semana em peças de substituição. Felizmente, conseguimos manter-nos na frente”.

Miller caiu para sétimo a meio da corrida, subindo uma posição quando o seu companheiro de equipa Binder caiu. “Esse susto na primeira volta foi o meu único ‘momento’ durante a corrida. Andei dentro dos meus limites e tentei realmente forçar muito no final, para reduzir a diferença para Marini. Mas foi muito pouco e muito tarde. Tivemos um ritmo decente durante todo o fim de semana, mas faltaram apenas as primeiras voltas. Um décimo aqui, um décimo ali e as Ducatis da frente conseguem encontrar aquele ritmo extra e depois vão-se embora. Mesmo assim, estou satisfeito com o trabalho feito hoje. A equipa KTM está a trabalhar de forma fantástica. Ainda estamos muito no início deste projeto e sermos os únicos a desafiar estas Ducatis é muito bom.” Concluiu o experiente piloto de 28 anos de Townsville.

Ricardo Ferreira

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