MotoGP, história: Os anos de Mike Hailwood

Por a 28 Março 2020 16:00

Hoje quase esquecido no nosso mundo de redes sociais e vedetas da TV, Mike Hailwood conseguiu muitos feitos que o colocam, sem sombra de dúvida, entre os maiores do Mundial, como ter sido o primeiro a vencer 4 títulos de 500 consecutivos entre 1962 e 1965 e ser um de apenas 2 Campeões de 500 a passar à Formula 1, sendo o outro, claro, John Surtees.

Stanley Michael Bailey Hailwood nasceu a 2 de Abril de 1940 e ainda hoje é considerado por muitos como um dos maiores corredores de todos os tempos.

Hailwood era conhecido como “Mike The Bike” devido à sua habilidade natural como piloto em motos de todas as capacidades.

Hailwood nasceu em Oxfordshire, filho de um pai, que também correu na era pré-Segunda Guerra Mundial, e era um abastado concessionário moto, que deu a Hailwood uma educação confortável. Mike aprendeu a andar de moto com tenra idade numa minimoto num campo perto de sua casa. Foi educado na Escola Preparatória de Purton Stoke e depois em Pangbourne,  no Nautical College, chegando a ser cadete da marinha e trabalhou por pouco tempo no negócio da família antes do pai o mandar fazer um aprendizado na Triumph Motorcycles.

Hailwood viu a sua primeira corrida aos 10 anos com o pai, e visitou como espectador as corridas da Ilha de Man em 1956.

Começando pelas habituais corridas de clube, cedo se notorizou. Em Abril de 1957 correu pela primeira vez em Oulton Park. Com apenas 17 anos, terminou no 11.º lugar, mas logo teve resultados mais bem-sucedidos. Em 1958 venceu a ACU Stars em 125, 250 e 350, ganhando o Prémio Pinhard, um galardão atribuído anualmente a um jovem motociclista com menos de 21 anos, que se julgasse ser o mais meritório no desporto de motociclismo durante o ano anterior.

Durante o seu início de carreira, Hailwood tinha gozado de um estilo de vida privilegiado e mesmo antes de se mudar da MV para a Honda em 1966, já era o piloto mais bem pago do mundo. Vivia um estilo de vida de playboy cobrindo 30.000 milhas de estrada e 160.000 milhas aéreas por ano viajando para circuitos em todo o mundo, baseado no seu apartamento de solteiro em Heston, perto do aeroporto de Londres, onde mantinha os seus carros desportivos de alta potência.

Em 1961, já Hailwood corria para uma certa fábrica japonesa chamada Honda. Em Junho de 1961, como o pai não tinha problemas em comprar-lhe motos, tornou-se o primeiro homem na história da Ilha de Man a vencer três corridas numa semana, quando venceu nas categorias de 125, 250 e 500. Até teria vencido uma quarta corrida se a sua 350 AJS não tivesse parado com um cavilhão quebrado quando liderava. Montando uma Honda quatro cilindros de 250 cc, Hailwood venceu o campeonato mundial de quarto de litro em 1961.

Hailwood (63) à frente de Agostini (1) em Riccione

Em 1962, Hailwood assinou com a MV Agusta e iria tornar-se o primeiro piloto a vencer quatro campeonatos mundiais consecutivos de 500cc.

Em Fevereiro de 1964, durante os preparativos para o Grande Prémio dos EUA, Hailwood estabeleceu um novo recorde de velocidade de uma hora na MV 500, registando uma velocidade média de 233 km/h no circuito oval de Daytona.

O anterior recorde de 230 km/h fora estabelecido por Bob McIntyre num Gilera de 350 cc em Monza em 1957. Hailwood venceu então a corrida de GP, que levava pontos do Campeonato do Mundo, na tarde do mesmo dia.

Em 1965, Hailwood entrou em eventos selecionados no Reino Unido montando para a Equipa Tom Kirby. Sob chuva intensa, venceu a corrida de produção Hutchinson 100 no circuito de Silverstone num BSA Lightning Clubman inscrita pelo empresário, batendo as Triumph Bonneville inscritas por Syd Lawton.

A ‘Hutch’ era uma das principais corridas de produção da temporada juntamente com as 500 Milhas de Thruxton, pelo que era muito importante para os fabricantes para estabelecer o potencial de corrida dos seus modelos recentes. Uma vez que se tratava de corridas baseadas em motos de produção, abertas a todos os participantes, as equipas “oficiais” não eram elegíveis; em vez disso, as máquinas eram preparadas e inscritas através de concessionários bem estabelecidos.

As BSA Lightning Clubman foram pilotadas por Hailwood (ostentando o número 1 na carenagem) e pelo piloto de fábrica Tony Smith, enquanto as Triumph Bonneville tinham Phil Read e o piloto da fábrica Percy Tait. As condições eram más e Smith ficou fora da corrida no escorregadio Stowe Corner. Pouco afetado pela chuva, Hailwood fez várias voltas a 134 km/h de média para estabelecer a sua liderança vencedora.

Após os seus sucessos com a MV Agusta, Hailwood voltou à Honda e conquistou mais quatro títulos mundiais em 1966 e 1967 nas categorias de 250 e 350. Na corrida ‘Motor Cycle’ 500 em Brands Hatch em 1966, Hailwood demonstrou um Honda CB450 Black Bomber equipada com uma carenagem desportiva, mas não lhe foi possível competir na categoria 500, tendo a FIM considerado que não estava classificada como uma máquina de produção, uma vez que tinha duas árvores de cames à cabeça (!!).

Hailwood é mais lembrado pelos seus feitos na Ilha de Man. Em 1967, já tinha vencido 12 vezes no percurso da montanha. Ganhou o que muitos historiadores consideram ser a mais dramática corrida da Ilha de Man de todos os tempos, o TT Sénior de 1967 contra o seu grande rival, Giacomo Agostini. Nessa corrida, estabeleceu um recorde de volta de 175,05 km/h na Honda RC181, que se manteve nos 8 anos seguintes.

Hailwood na Honda 350 de fábrica

Depois de sofrer avarias em 1967, Hailwood pretendia renovar com a Honda desde que a maquinaria de 1968 fosse do seu agrado, e tinha-se mudado para a África do Sul, onde iniciou um negócio de construção com o ex-piloto de Grande Prémio Frank Perris, completando a sua primeira casa em Outubro de 1967, vendendo também uma ao ex-piloto Jim Redman. Hailwood afirmou na altura que mesmo sem maquinaria adequada da Honda não iria para outra marca, preferindo reformar-se prematuramente e acabaria com as corridas, de qualquer forma, no final da temporada de 1968.

Em 1968, a Honda retirou-se dos Grandes Prémios, mas pagou a Hailwood 50.000 libras (o equivalente a mais de 700.000€ hoje) para não andar por outra equipa, na expectativa de mantê-lo como seu piloto no regresso à competição.

Hailwood continuou a pilotar Hondas durante 1968 e 1969 em encontros selecionados sem estatuto de Campeonato Mundial, incluindo eventos europeus na Temporada Romagnola (Temporada Adriática de circuitos de rua), por vezes em anonimato, usando um capacete de cor prata simples, inclusive numa máquina de 500 que usava quadros encomendados privadamente por Hailwood.

Hailwood também apareceu em eventos selecionados no Reino Unido em 1968 como na corrida pós-TT em Mallory Park numa Honda e no ano seguinte, em 1969, participou na Corrida do Ano de Mallory Park montando uma Seeley.

Já tinha começado a correr em carros e sem outras equipas de corrida seletivas disponíveis para competir contra a MV Agusta, Hailwood decidiu prosseguir uma carreira nas corridas de automóveis, ficando em terceiro lugar na corrida das 24 horas de Le Mans em França como copiloto de um Ford GT40 com David Hobbs.

(continua)

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