MotoGP, história: Os anos de Giacomo Agostini

Por a 27 Março 2020 16:00

O Italiano Giacomo Agostini, apelidado de Ago, nascido a 16 de Junho de 1942,  ainda é o piloto mais titulado de sempre no Mundial, com um recorde absoluto de 15 títulos mundiais e 122 vitórias em Grande Prémio.

Destas, 68 vitórias e 8 títulos vieram na classe de 500, o resto na classe de 350, entretanto extinta. Por estas conquistas até agora e num futuro próximo por igualar, (Marc Márquez teria de quase dobrar o seu total de 8 até aos 35 anos, o que, convenhamos, não será fácil com o advento de pilotos como Quartararo, Morbidelli, Bagnaia, etc.) obtidas ao longo de uma carreira de 17 anos, é amplamente considerado como o competidor mais qualificado para o título de melhor piloto de grande prémio de todos os tempos.

Agostini nasceu em Brescia, da Lombardia Italiana, filho de Aurelio Agostini e Maria Vittoria. A sua família era de Lovere, onde o pai trabalhava na câmara municipal local. O mais velho de quatro irmãos, Agostini chegou inicialmente a ter de roubar para competir, primeiro em provas de montanha e depois em corridas de velocidade, já que o pai não aprovou a carreira de motociclismo do filho e fez tudo o que podia para o persuadir a não correr.

Uma rara foto aos comandos da Morini

Eventualmente, o seu pai deu o seu consentimento para as corridas e Ago logo ganhou o campeonato italiano de 175cc a bordo de uma Morini. Teve a sua oportunidade quando o piloto da fábrica da Morini, Tarquinio Provini (sim, ele das miniaturas de metal!) deixou a equipa para pilotar para a Benelli.

O Conde Alfonso Morini contratou o jovem Agostini para pilotar por ele. Em 1964, Agostini ganharia o título italiano de 350cc e provou a sua capacidade ao terminar em quarto no Grande Prémio de Itália em Monza.

Estes resultados chamaram a atenção do Conde Domenico Agusta, que assinou Agostini para pilotar para a sua equipa oficial MV Agusta como colega de equipa de Mike Hailwood.

Agostini passou uma temporada em batalha com Jim Redman da Honda para o campeonato mundial 350cc de 1965. Parecia ter o título conquistado quando liderava a última ronda no Japão, em Suzuka, quando a sua mota falhou, entregando o título a Redman.

No final da temporada de 1965, Hailwood saiu da MV Agusta para se juntar à Honda, uma vez que se cansou de trabalhar para o temperamental Conde Agusta. Com Agostini agora o melhor piloto da MV Agusta, este respondeu ao desafio ao conquistar o título de 500 sete anos consecutivos para a fábrica italiana… mas também há que ver que a maior parte da concorrência eram privados em ultrapassadas e frágeis Norton Manx aumentadas a 375cc para poder correr nas 500. Também ganharia o título de 350 sete vezes seguidas e ganhou 10 TTs da Ilha de Man, antes de jurar nunca mais correr na Ilha.

Na época, a Ilha de Man e os Grandes Prémios do Ulster eram regularmente vencidos por pilotos anglófonos (na sua maioria britânicos, mas também irlandeses, australianos ou rodesianos); Além dos sucessos de Agostini no TT, também venceu 7 grandes corridas do Ulster Grand Prix, e foi o único piloto não britânico a alcançar o mesmo tipo de sucesso nestas corridas de motos britânicas, que eram duas das mais difíceis e perigosas corridas de motos do mundo na época.

Em 1967, enfrentou Hailwood numa das temporadas mais dramáticas da história dos Grandes Prémios. Cada um tinha 5 vitórias antes do campeonato ser decidido a favor de Agostini na última corrida da temporada.

Mike Hailwood (63) e Agostini (1) na corrida de 1969 500 cc no circuito de rua Riccione, parte da temporada Romagnola de corridas de rua italianas.

Agostini na MV Agusta de 350cc durante os treinos para o Grande Prémio da Alemanha de 1976 no Nürburgring

Agostini lançou uma bomba no mundo do Grande Prémio quando anunciou que nunca mais voltaria a correr na Ilha de Man TT, após a morte do seu grande amigo, Gilberto Parlotti, durante o TT de 1972, e passou a considerar o circuito de 59 Km inseguro para a competição do Campeonato do Mundo, mas na altura, o TT era a corrida mais prestigiada do calendário do motociclismo. Outros pilotos de topo juntaram-se ao seu boicote ao evento e, em 1977, o evento foi retirado da programação do Grande Prémio, que passou para Silverstone.

Agostini surpreendeu o mundo das corridas quando anunciou que deixaria a MV Agusta para pilootar pela Yamaha em 1974. Na sua primeira saída para a fábrica japonesa, venceu o prestigiado encontro das 200 Milhas de Daytona, a estreia da época de motociclismo americana.

Ago continuou conquistando o Campeonato do Mundo de 350cc de 1974, mas lesões e problemas mecânicos impediram-no de ganhar a coroa de 500 nesse ano. Porém, recuperou e ganhou o título de 1975 em 500 na sua Yamaha TZ500, marcando a primeira vez que uma máquina de dois tempos ganhou a classe rainha.

Ago na MV Agusta na Ilha de Man

O campeonato de 1975 seria também o último título mundial para o italiano de 33 anos. A poderoas RG500 da Suzuki tinha vindo fazer ondas nas hostes dos privados, e no ano seguinte, Agostino compraria uma do seu bolso para não ficar para trás.

Em 1976, também pilotou motos Yamaha e MV na classe de 500, mas correu apenas uma vez nas 350 para vencer em Assen. Para o desafiante Nürburgring, escolheu a MV Agusta de 500cc e levou-a à vitória, vencendo o seu último Grande Prémio para si, para a marca e o último para motores de quatro tempos na classe 500.

Retirou-se da competição depois de terminar em 6º lugar na temporada de 1977, na qual também correu em corridas de resistência de 750cc para a Yamaha.

Tal como John Surtees e Mike Hailwood antes dele, Agostini correu em carros de Fórmula 1. Competiu em corridas extra campeonato de Fórmula 1 em 1978. Competiu na Fórmula 2 europeia num Chevron B42-BMW e na Britânica Aurora de Fórmula 1 com a sua própria equipa e um Williams FW06. Terminou a carreira de automobilismo em 1980, sem resultados de nota.

Em 1982 Agostini regressou às corridas de motos como team manager da Yamaha Marlboro. Com quem sempre deteve uma relação privilegiada tendo sido dos primeiros a exibir a marca nas suas motos. Nesse papel ganhou três títulos de 500 com Eddie Lawson e geriu muitos pilotos de sucesso, incluindo Graeme Crosby e Kenny Roberts.

Sob a sua gestão, os seus pilotos venceram os campeonatos de Daytona de Fórmula 1 (Crosby), 1983 e 1984 de Daytona (Roberts) e em 1986 a Daytona Superbike (Lawson).

Entre 1986 e 1990 dirigiu também a equipa Marlboro Yamaha 250 com pilotos como Luca Cadalora, Martin Wimmer e Alex Crivillé.

Alex Barros estreou-se nas 500 como piloto Cagiva

Mais uma vez pela relação que tinha com os irmãos Castiglioni que tinham adquirido a MV, e eram proprietários da Ducati, que se chegou a chamar Cagiva, foi manager da equipa de corridas da Cagiva.

OS pilotos eram Eddie Lawson, que levou a moto a uma vitória, e o rookie Alex Barros, com Randy Mamola também a pilotar pela equipa posteriormente.

Esta situação durou de 1992 até 1994, quando a Cagiva se retirou do campeonato mundial. A última temporada de Agostini como team manager foi em 1995, quando dirigiu uma equipa de 250cc da Honda com Doriano Romboni como piloto.

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Paulo Araújo
Jornalista especialista de velocidade, MotoGP e SBK com mais de 36 anos de atividade, incluindo Imprensa, Radio e TV e trabalhos publicados no Reino Unido, Irlanda, Grécia, Canadá e Brasil além de Portugal
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