MotoGP, história: Os anos de Geoff Duke

Por a 1 Abril 2020 16:00

Geoffrey Ernest Duke OBE nasceu a 9 de Março de 1923 em St. Helens, no condado Inglês de Lancashire e, de certo modo, foi a primeira estrela dos Grandes Prémios.

De facto, a sua participação na Ilha de Man em 1948, antecedeu o estabelecimento oficial da série de corridas como Campeonato Mundial, embora só em 1951, quando pilotava pela Norton, tenha ganho o primeiro dos seus 5 títulos Mundiais, dois de 350 e três de 500.

   Ao longo da sua carreira, correu para várias marcas, como a Norton, Gilera, BMW, NSU e Benelli e foi também um empresário de sucesso.

Duke começou por se alistar no exército antes da II Guerra Mundial, alcançando a patente de Sargento na Equipa de Carrosel dos Royal Signals, os “Capacetes Brancos”. Estes, que incluíam pilotos consagrados como Freddie Frith, Hugh Viney, “Nobby ‘Clark, e Charlie Rogers, além de competir no anel de velocidade de Brooklands, a sul de Londres, eram instrutores do exército, ensinando soldados a andar de moto em colaboração com a revista Motor Cicling, num esquema para alistar motociclistas-mensageiros. Duke logo foi promovido para a equipe de treino e ensinou truques de pilotagem a muitos jovens até ao fim da guerra.

Depois da guerra, Duke destacou-se em provas de Trial, mas o que ele queria mesmo era correr em velocidade. Contatos feitas no serviço militar renderam-lhe ofertas de emprego nas fábricas AMC e Norton, mas a AMC não lhe permitiria entrar nas corridas amadoras do Tourist Trophy, por conflito de interesses, enquanto que a Norton não se preocupava com isso.

Entrando pela primeira vez no Grande Prémio do Manx da Ilha de Man em 1948, com uma NOton 500T, já lierava a corrida quando tev de desistir após quatro voltas da corrida Júnior com um cárter rachado. No ano seguinte de 1949, porém, chamou a atenção de Joe Craig, manager da Norton, mais a mais quando se destacou na prova, terminando em segundo lugar na corrida júnior, depois de ter parado e voltado a montar devido a uma fuga de óleo, e vencendo a corrida Sénior com uma volta recorde e velocidades médias de corrida muito altas.

Assim, para 1950, assinou com a equipa Norton, com direito a motos de fábrica para o Tourist Trophy, terminando em segundo no Junior TT e quebrando os recordes de volta e corrida no TT Sénior novamente. Duke recompensou o apoio do Norton com um duplo campeonato mundial  (350cc e 500cc) em 1951, quando também foi nomeado Desportista do Ano na Grã-Bretanha.

Depois de vencer o Campeonato do Mundo de Norton em estilo tipicamente seu, vencendo metade das 9 corridas do Campeonato, em 1951, mudou-se para um fabricante estrangeiro, o que não foi muito bem visto na altura. O fabricante em questão era a Gilera, que ganhara o Campeonato no ano anterior com Umberto Masetti, e como no jovem Campeonato MUndial, o primeiro Campeão tinha sido Leslie Graham com uma AJS, o habitual era piloto e moto serem da mesma nacionalidade. Com a Gilera, Duke venceu uma série de três campeonatos mundiais consecutivos de 500 cc, que o tornou numa estrela.

Porém, Duke descobrira que os pilotos eram pagos miseravelmente, recebendo inclusivamente menos que 2 anos antes, e o seu apoio a uma greve dos pilotos exigindo mais dinheiro para alinhar e melhorres condições levou a FIM a aplicar-lhe uma suspensão de seis meses, sabotando qualquer esperança de um quarto título consecutivo em 1956, quando este foi ganho por John Surtees, como vimos.

Em 1953, Geoff Duke decidiu tentar a sua mão nas 4 rodas, e juntou-se à equipa de corridas de carros desportivos da Aston Martin de Feltham em Middlesex para correr com um DB3. Acompanhado por Peter Collins, o par liderou as 12 Horas de Sebring até a um acidente de Duke resultar em desistência.

Já em 1955 foi considerado o primeiro piloto a dar a volta à ilha de Man TT a 160 km/h, embora este tempo tenha sido posteriormente corrigido para 159,97. Como consequência, a primeira volta oficial de 160 km/h (100 milhas por hora) é creditada a Bob McIntyre, também numa Gilera, em 1957. Duke não foi titular por causa de lesão e a sua última corrida foi no Grande Prémio das Nações de 1959.

Em 1963, passou de piloto a manager e formou uma equipa de corridas, a Scuderia Duke, com os pilotos Derek Minter e John Hartle para correr com Gileras de 1957 contra Mike Hailwood montando a MV Agusta. No entanto, como a marca faliu entretanto, não era possível arranjar peças para as motos e a equipa dissolveu-se.

Em 1964, Duke foi nomeado Competition Manager para a Royal Enfield, ajudando a desenvolver o seu novo modelo de produção competição-cliente na categoria de 250.

Para os Seis Dias de 1965 realizados na Ilha de Man, Duke foi fundamental a ajudar a conceber um percurso de 1.000 milhas em total, com secções realizadas numa ilha medindo apenas 50 km de comprimento por 16 km de largura, particularmente usando pistas e trilhos que seriam intransitáveis no Reino Unido, devido a legislação mais restritiva, um problema que não surgiu na Ilha de Man, que tem um estatuto independente.

Além disso, a ilha tinha hotéis facilmente capazes de acomodar as equipas visitantes, seguidores e espectadores, com uma boa vontade tradicional e entusiasmo para com o desporto moto. Duke atuou como Diretor de Prova para a ACU, o órgão federativo que rege o desporto moto na Grã-Bretanha, incluindo a Ilha de Man, que interagiu com a Federação internacional FIM.

Em 1967, Duke foi o concorrente que inscreveu John Hartle numa Triumph Bonneville na nova classe de produção de capacidade de 750 cc recém-introduzida para 1967, que exigia que as máquinas de corrida fossem baseadas em motos de estrada, cumprindo estritamente as especificações de origem e utilizando apenas modificações selecionadas, no fundo um distante antepassado das Superbike.

As motos a utilizar tinham de estar disponíveis ao público e apenas podiam usar peças dos fabricantes como inventário numerado adaptado para competição.

Duke foi também o inventor do fato de cabedal de uma peça, que desenvolveu com ajuda do seu alfaiate local, Frank Barker, para fazer o primeiro dos seus agora famosos fatos de corrida de uma peça. Duke já tinha usado um forro de uma peça sob o seu fato de duas peças de couro para facilitar os movimentos, tendo de aguentar comentários jocosos dos companheiros de equipa.

Foi nomeado Desportista do Ano em 1951, premiado com o Troféu RAC Segrave e, em reconhecimento dos seus serviços ao motociclismo, foi também condecorado com a Ordem do Império Britânico em 1953.

Foi um dos muitos signatários numa carta ao The Times, em 17 de Julho de 1958, que se opôs à “política do apartheid” no desporto internacional e defendeu “o princípio da igualdade racial que está consagrado na Declaração dos Jogos Olímpicos” algo visionário na altura.

Depois de se retirar das corridas, Duke, que se radicara na Ilha de Man, tornou-se um homem de negócios de sucesso, inicialmente no comércio automóvel e mais tarde em serviços de transporte para a Ilha de Man e na comercialização de vídeos de corrida bem conhecidos.

Em 1978, foi instrumental na criação da Manx Line, que introduziu o primeiro serviço de Ferry roll-on-roll-off para a Ilha e ajudou a incrementar o crescimento dos espetadores em rivalidade com a Isle of Man Steam Packet Company, queoperava há 150 anos.

A FIM nomeou-o uma lenda dos Grande Prémios em 2002.

Altamente honrado pela Ilha de Man, onde fez tantos dos seus recordes mundiais, um ponto na secção montanhosa do circuito do  TT foi batizado com o seu nome em 2003. Três curvas apertadas no 32º Marco entre Brandywell e Windy Corner têm agora a designação de ‘Duke’s’.

Geoff Duke, incrivelmente ativo até muito tardem, só morreu aos 92 anos, na sua casa na Ilha de Man, a 1 de Maio de 2015, depois de ter estado doente durante algum tempo.

É considerado por muitos como o primeiro piloto de motos a ter fama mundial e o seu capacete com a Rosa Tudor na testa inspirou os de vários pilotos modernos.

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